Depois de vencer a Argentina, o Brasil volta à quadra nesta quarta-feira, às 13h00 (horário de Brasília) para disputar as quartas-de-finais da Copa do Mundo da FIBA de basquete, na Espanha. O adversário da vez é a Sérvia, contra quem já jogou na competição, e venceu, na primeira fase. Os sérvios surpreenderam a Grécia nas oitavas e chegam cheios de confiança para, dessa vez, sair com a vitória do confronto com os brasileiros.

Após derrubar carrasco, Brasil joga para garantir luta por medalha

Quando o Brasil viu pelo caminho a Argentina, muitos imaginaram que, mais uma vez, seria o fim da seleção brasileira numa competição internacional. Mas comandado por uma defesa eficiente e boa presença no garrafão, a equipe de Ruben Magnano conseguiu prosseguir na competição.

Engana-se, porém, quem pensa que os brasileiros estão satisfeitos com o progresso feito até aqui. “Não estamos aqui apenas para ganhar da Argentina. Nosso grupo tem sonhos mais altos e vamos continuar buscando. Agora nosso foco é passar pela Sérvia”, afirmou Raulzinho , principal destaque da vitória por 85 a 65.

Uma vitória dá ao Brasil mais do que a possibilidade de jogar a semifinal da competição, como garante que a seleção terá a oportunidade de disputar uma medalha, tida como meta desde o começo da preparação.

Contra a Sérvia, o Brasil precisará repetir boa parte da receita que o fez derrotar a Argentina nas oitavas. Marcação forte e concentrar o jogo no garrafão nos dois lados da quadra. Os europeus têm pivôs que participam muito do jogo, mas pecam na falta de força física contra pivôs como Anderson Varejão e Nenê. E foi exatamente isso que deu certo na vitória durante a fase de grupos.

A força do Brasil na área pintada acabou dificultando o jogo de passes dos pivôs sérvios, e a seleção europeia ficou refém de seus chutes de três pontos. Durante o terceiro quarto, os brasileiros sofreram um daqueles apagões e deixaram a liderança de 16 pontos sumir, mas tiveram capacidade para tranquilizar a situação e virar o jogo.

Os jogadores do Brasil que melhor participaram do jogo em seus minutos de quadra foram Larry Taylor, marcando o perímetro, Tiago Splitter, que dominou o garrafão, e Marquinhos, que decidiu a partida com cestas importantíssimas. Os melhores momentos do último confronto entre Brasil e Sérvia podem ser conferidos no vídeo abaixo:

País de tradição no basquete internacional, Sérvia tenta surpreender novamente

Com apenas duas vitórias em cinco jogos, a Sérvia classificou-se para a segunda fase da Copa do Mundo da FIBA na quarta posição do Grupo A. Os europeus passaram por cima de Irã e Egito, perderam por muito para a Espanha, e acabaram sendo derrotados em jogos muito equilibrados contra França e Brasil, contra quem terá a chance de se vingar no torneio.

A Sérvia teve boa participação no último Eurobasket, em que avançou até as quartas de final com uma campanha de sete vitórias e três derrotas. No entanto, teve pela frente a Espanha e acabou atropelada por 90 a 60. Os sérvios ainda perderam para a Eslovênia, antes de baterem a Itália e terminarem a competição na sétima posição, garantindo uma vaga para o Mundial de 2014.

Do time que disputou o Eurobasket em 2013 para o que enfrentará o Brasil nesta quarta, a principal mudança ocorreu fora de quadra. Após a classificação para o Mundial, o técnico Dusan Ivkovic, que havia comandado a equipe desde 2008, entregou o cargo por acreditar que seria a hora de um comandante mais jovem liderar a seleção. O serviço ficou por conta do ex-jogador Alexsandar “Sasha” Djordjevic, que fez parte da geração dourada de Divac e Stojakovic como armador.

O jogador que mais pontuou na Copa do Mundo pela Sérvia até aqui foi o pivô Miroslav Raduljica. O barbudo de 2,13 m de altura alia boa técnica a um físico privilegiado, que juntos o tornam um jogador versátil o suficiente para anotar quase 15 pontos, pegar cinco rebotes por jogo e trabalhar coletivamente com bons passes.

Apesar da presença de pivôs reservas altos, o garrafão é um setor problemático para a Sérvia. A seleção europeia tem a sexta pior média de rebotes por partida de toda a competição, a pior entre as equipes que ainda disputam o Mundial. São apenas 30 por cotejo, aproximadamente oito a menos que a média brasileira, por exemplo.

Se a zona pintada pode ser um fator prejudicial para a Sérvia, o jogo de perímetro dos europeus é bem acima da média. Com armadores habilidosos, tem o terceiro melhor aproveitamento de tiros de 3 pontos de todo o torneio, o primeiro entre os times que permaneceram na Copa. São quase 39% de arremessos convertidos de trás da linha.

Destacam-se outros três jogadores importantíssimos para as pretensões sérvias na partida. Milos Teodosic é o armador principal da equipe. No auge de seus 27 anos, o astro do CSKA Moscou é um perigo da linha de 3 pontos, com mais de 42% de aproveitamento. Não bastasse a mão calibrada, ainda tem um alto índice de roubadas de bola e lidera a equipe em assistências, com aproximadamente quatro por jogo.

Ao lado dele, o jovem Bogdan Bogdanovic dá um temperamento mais explosivo à ala sérvia. Alto para a posição, o armador de quase 2 metros de altura deve ser um problema para os marcadores brasileiros. Sua envergadura o permite marcar diversas posições, criar chutes do nada e atacar o garrafão. Em alguns momentos do jogo, peca pela dispersão, mas seus 11 pontos por partida devem ser o suficiente para fazer o Brasil ficar atento nele.

Completando o trio, o ala Nemanja Bjelica é peça fundamental para o funcionamento do restante da equipe. Líder em rebotes do time, mais de sete por partida, ele ainda apresenta o melhor índice de eficiência de todo o elenco. Sua versatilidade o faz impactar o jogo em todos os aspectos, tanto na defesa como no ataque. O ala Nikola Kalinic, de 2,02 metros de altura, também pode aparecer bem na partida. É um dos jogadores mais atléticos da equipe e finaliza bem dentro do garrafão em infiltrações e contra-ataques.

Coletivamente, a Sérvia segue a escola iugoslava de basquetebol. Jogadores com bom porte físico, envergadura e altura, uma técnica apurada e pontaria certeira nas bolas de 3. É um time que presenteia o espectador com belos passes e um jogo vistoso. São jogadores habilidosos, que sabem jogar em equipe. Destaque ainda para o reserva Nenad Krstic, que tem presença importante debaixo da cesta e dá energia ao time vindo do banco.

As equipes já se conhecem o suficiente, e deve se esperar um jogo muito equilibrado. O Brasil tem leve vantagem por seus pivôs, mas uma noite inspirada do perímetro sérvio pode acabar com as pretensões brasileiras de lutar por uma medalha na Espanha. Por isso, é importante que os times entrem totalmente focados, sem deixar o adversário abrir uma larga vantagem ou sofrer apagões durante a partida, porque, dessa vez, eles prometem ser definitivos.

Líderes das equipes

Brasil

Pontos: Leandrinho - 13 por jogo

Rebotes: Anderson Varejão - 7,8 por jogo

Assistências: Marcelinho Huertas - 3 por jogo

Sérvia

Pontos: Miroslav Radujlica - 14,5 por jogo

Rebotes: Nemanja Bjelica - 7,3 por jogo

Assistências: Milos Teodosic - 4,3 por jogo