Robert Horry é um dos maiores vencedores na NBA em todos os tempos. Dono de sete títulos por três franquias diferentes (1994 e 1995 pelo Houston Rockets, 2000, 2001 e 2002 pelo Los Angeles Lakers e 2005 e 2007 pelo San Antonio Spurs), o ala foi (e ainda é) apenas o segundo jogador na história a conseguir a glória maior por mais de duas franquias distintas, tendo a companhia de John Salley no posto.

Conhecido pelas bolas certeiras em momentos decisivos, o jogador ganhou o apelido de “Big Shot Rob”, que o acompanha até os dias de hoje, aos 45 anos. Horry tinha tudo para ser um carra arrogante, do alto de seus 2,06 m, mas não é. Pelo contrário, o ala esbanja simpatia e atenção aos fãs, sempre distribuindo sorrisos e atendendo aos pedidos. “Os fãs estão sendo ótimos e a recepção fantástica, então estou aproveitando bem”.

Em visita a São Paulo para o NBA 3X, em Barueri – SP, que aconteceu no último fim de semana (29 e 30 de agosto), Robert Horry participou de uma entrevista com blogs especializados em basquete e falou sobre o evento, a globalização da Liga, seus arremessos certeiros, os técnicos com quem já trabalhou e também seus companheiros de time, destacando a lenda Hakeem Olajuwon, pivô a quem Horry tem bastante admiração. Como não poderia deixar de ser, o The Playoffs esteve lá perto, no domingo, para conferir o que o ala tinha a dizer.

The Playoffs – Essa é sua primeira vez no Brasil, o que achou daqui e quais foram suas impressões?

Robert Horry – Eu tive que voltar. Já estive no Rio de Janeiro e lá tive a chance de ir à praia e ver o Cristo Redentor, aquela cidade é incrível, mas agora aqui, a cidade está sendo maravilhosa comigo, os fãs estão sendo ótimos e a recepção fantástica, então estou aproveitando bem.

The Playoffs – Você esperava essa atmosfera de NBA aqui, com os fãs e tudo mais?

Robert Horry – Na verdade sim, você olha pros garotos que auxiliamos na NBA e eles são grandes fãs e aqui o pessoal também gosta muito. Penso que o pessoal do Brasil percebeu que a NBA consegue agregar bastante coisa diferente para cada país por onde passa e para os fãs propriamente ditos.

The Playoffs – E sobre a expansão da Liga pelo mundo, como visto na China e vários outros países na Europa, por exemplo. O que acha disso?

Robert Horry – Eu adoro isso, porque o basquete é um esporte praticado por muita gente. É um jogo global e a NBA é uma marca também global, por isso quando os dois se juntam saem coisas fantásticas. Os caras vieram de outros países para jogar na Liga e isso é muito satisfatório. Tê-los como parte do show é muito bacana.

Pergunta do Mondo Basquete – Você jogou com Phil Jackson e Gregg Popovich, dois dos melhores técnicos da história da NBA. Quais as diferenças entre eles e quanto tempo você demorou para “pegar” o ataque em triângulo do Phil Jackson (triangle offense, famosa jogada de Jackson)?

Robert Horry – O ataque em triângulo não é nem um pouco difícil, cara. Todo mundo pensa que ela é difícil, mas se você for para a Universidade, jogar com grandes técnicos lá, que tenham bons programas, verá que é fácil. Sobre os técnicos, os dois são bastante parecidos. Ambos pegam pesado na parte defensiva e querem ver o melhor do time. Não existem grandes diferenças entre eles.

The Playoffs – Você jogou com o Rudy Tomjanovich (técnico com quem foi campeão duas vezes com os Rockets). Ele foi o melhor técnico com quem você trabalhou?

Robert Horry – Para mim, sempre falo que Rudy T. foi o melhor com quem trabalhei só pelo fato dele ir pedir conselhos aos jogadores em algumas ocasiões. A maioria dos técnicos não faz isso, não perguntam nada aos seus jogadores. Rudy costumava ir até você e perguntar o que você queria fazer, para onde queria ir, quem você gostaria de marcar, enquanto os outros dizem pra você ir até tal jogador e marcá-lo. E esse era um dos grandes trunfos de Rudy, ele conversava com os jogadores e gostava de saber o que cada um gostava e não gostava de fazer.

Pergunta do Mondo Basquete – E sobre os seus game-winners, você tinha algum ritual para os jogos ou para os treinamentos? O que você fazia para conseguir tantos game-winners e buzzer-beaters ao longo de sua carreira?

Robert Horry – Sou um grande defensor do treinamento sobre o que você faz no jogo. Você treina duro e se condiciona para algumas situações, para quando elas aparecerem, você estar preparado. Assim, muitos caras põem muita pressão sobre si mesmos na hora do arremesso. Para mim, sempre foi sobre enxergar o basquete como um jogo, praticá-lo com diversão e jogar as partidas por diversão e o que tivesse que acontecer iria acontecer, então nunca colocava nenhum tipo de pressão sobre mim.

Pergunta do Mondo Basquete – Se você pudesse escolher um de seus game-winners, seria aquele contra o Sacramento (jogo 4 das Finais do Oeste em 2002)? Você sabia que este game-winner tem uma música?

Robert Horry – Sim, sim. Este foi o game-winner que me deixou famoso, porque a marca “Lakers” é muito forte e a franquia sempre é muito vista nas transmissões. Mas para mim, eu gosto das coisas que fiz em San Antonio também, então é bem difícil escolher um deles. Realmente não gosto de selecionar nenhum (risos).

The Playoffs – Quem foi seu companheiro de time preferido durante a carreira?

Robert Horry – Gostei bastante do Sam Cassell, porque quando você chega junto com um cara na Liga, você tem uma ligação especial e mesmo quando percebíamos que um talvez estivesse à frente do outro, sempre nos mantemos unidos e, assim, conseguimos conquistar dois títulos da NBA juntos. Por essas e por outras, eu e Sam somos muito próximos, ainda hoje.

The Playoffs – E entre Hakeem Olajuwon, Kobe Bryant e Tim Duncan, com quem você se dava melhor?

Robert Horry – Se tivesse que escolher, escolheria Olajuwon, porque ele é melhor que esses outros caras. Para mim, Olajuwon foi um dos melhores a jogar o jogo, top-1 ou top-2. Cada um tem sua opinião sobre esse assunto, eu tenho essa minha e por isso o mundo é tão maravilhoso, exatamente por cada um ter sua própria opinião.

Texto publicado originalmente em The Playoffs

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