O confronto entre Miami Heat e Philadelphia 76ers, disputado nesta sexta-feira (22), começou com polêmica. Depois de protestos entre os jogadores, que deram os braços durante as semanas da pré-temporada, a cantora Denasia Lawrence, convidada pelo Heat para cantar o hino nacional, se ajoelhou durante a apresentação. Lawrence ainda utilizava uma camisa escrita "Black Live Matters" (a vida negra importa), uma campanha contra a violência racial.

A cantora escreveu uma nota oficial falando sobre a decisão:

"Quando tive a oportunidade de cantar o hino nacional no jogo do Heat, foi maior do que eu. Agora, estamos vendo uma guerra em corpos negros - estamos sendo mortos e criminalizados injustamente. Tive a oportunidade de cantar e ajoelhar; para mostrar que pertencemos a esse país e que temos o direito de protestar respeitosamente contra as injustiças contra nós. Tive a chance de cantar e ajoelhar para mostrar que também sou norte-americana. (...)

Não recebi para cantar o hino nacional; esse momento não foi sobre qualquer tipo de fama. "Black Lives Matter" é muito mais do que uma hashtag, é um grito de guerra. E até que esse grito seja ouvido, protestos continuarão acontecendo e exigências ainda vão acontecer".

Denasia não foi a primeira a se ajoelhar. Durante o primeiro jogo do Sacramento Kings, a cantora Leah Tysse repetiu o gesto, muito emocionada, na última frase do hino nacional. No dia seguinte, Tysse escreveu em sua página do facebook porque fez isso:

"Essa atitude envolve um conflito que muitos de nós sentimos. Amo e honro meu país tanto quanto qualquer um, mas é minha responsabilidade como norte-americana falar contra a injustiça, já que ela afeta outros norte-americanos. Já cantei o hino antes, mas dessa vez ajoelhar pareceu a coisa mais patriota que eu podia fazer. Não posso ficar sem fazer nada enquanto pessoas negras são ilegalmente abordadas, perseguidas e mortas por nossos policiais repetidamente e sem uma gota de prestação de contas.

Acredito que a maioria dos policiais são bons e contra isso também, e como nação temos e precisamos falar disso. Deveríamos estar irritados e exigir justiça e o fim da brutalidade. (...) A triste realidade é que, como uma norte-americana branca, tenho certo privilégio nessa nação que não é dado à todos. Famílias negras estão tendo conversas com suas crianças bem diferentes das famílias brancas sobre como interagir com a polícia.

Vamos ser honestos. Até reconhecermos que o privilégio branco existe, não podemos dialogar sobre raças. Podendo ou não ver do seu ponto de vista, há um profundo sistema de racismo institucionalizado nos Estados Unidos, desde a discriminação diária até encarceramento desproporcional de pessoas de cor à pessoas perdendo suas vidas nas mãos da polícia simplesmente por serem negros. Isso não é quem dizemos ser como nação. É errado e não ficarei de pé por isso".