CRÍTICA - Star Trek: Sem Fronteiras
(Foto: Divulgação/ Paramount Pictures)

Lembrar-se de quem você é. Além do que esperam de ti, além dos padrões, além do passado. Essa é a temática de Star Trek: Sem Fronteiras. Curiosamente é o primeiro filme da trilogia que não bebe das fontes canônicas diretamente, apresentando uma narrativa totalmente nova e desprendida dos grandes marcos da realidade alternativa que mantivera preservada no passado (série original). Mesmo assim, com toda a liberdade e até certo risco de declínio – afinal todo cuidado é pouco com uma franquia assim – o terceiro longa dos novos filmes é uma vitória.

Por que uma vitória? Além da qualidade do filme, ele cumpre as funções de abordagem social que a série original deu início em tempos de maior tensão, quando o preconceito racial, de gênero e muitos outros se encontravam maiores do que são hoje. A unificação da raça humana, a tão sonhada utopia, acolhendo até mesmo outras raças como um símbolo no infinito de que a paz, o respeito e a tolerância são a solução para os problemas reais que enfrentamos na atualidade e também ao longo de toda a história humana. Isso é muito bem retratado.

Além do foco ideológico temos o trabalho bem feito que nos dá de bandeja uma interessante ficção científica aventuresca. Ainda na viagem de cinco anos que se iniciou no fim de Star Trek: Além da Escuridão, muitos membros da tripulação se encontram em dilemas, sejam profissionais ou pessoais. Será que estão ali por si mesmos, ou tendem a não estar, devido aos fantasmas do passado ou pelos fatos que se desencadeiam no presente? Somente uma situação que envolve o limiar da vida, da coragem e dos princípios, a equipe da Enterprise poderá reassumir sua vocação.

Justin Lin (diretor) e Simon Pegg (roteirista) entregam um Star Trek de alta qualidade, bom roteiro, bons personagens e boa ação. As sequências de luta, fuga e perigos estão bem desenvolvidas, algumas ao ponto de dar tensão e quase nos gerar dor, como no momento em que a Enterprise é atacada violentamente, sendo tratada pelo antagonista do longa como se fosse um organismo vivo que sofre e sangra com aquilo. Manobras e guerra espacial, música boa na hora certa, carisma até mesmo por parte dos personagens inéditos. Tijolos e sedimentos que culminam na construção de uma grande obra.

 

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