CRÍTICA: Transparent confirma o porquê de ser uma das melhores séries de comédia da atualidade
(FOTO: Reprodução/Amazon)

Depois de um segundo ano fortíssimo, Transparent tinha o desafio de se manter em alta na terceira temporada. E a série fez bonito mais uma vez, mostrando o porquê de ser uma das melhores séries de comédia da atualidade.

É até complicado dizer que Transparent é uma comédia, afinal a série é bem mais dramática do que engraçada. Mas por ter episódios de 30 minutos, sempre concorre como comédia nas premiações. Mas o fato é que sendo drama ou comédia, é uma série apaixonante. 

Muita gente tem um certo preconceito com a série por ter como protagonista uma personagem transsexual, mas não se enganem, a série abrange muito mais do que o universo transgênero, é uma série sobre descobertas sexuais e aceitação das diferenças.

Temos aqui a temporada em que a Maura (Jeffrey Tambor) mais foi coadjuvante. Claro que ela ainda é a protagonista, mas tivemos mais espaço para os seus filhos, pra Shelly e até para outros coadjuvantes que ganharam mais espaço. O mais legal de Transparent é que todos os personagens possuem seus próprios conflitos, e não são apenas personagens de apoio.

A Maura começa a planejar sua cirurgia enquanto tem que lidar com o seu relacionamento com a Vicki (Anjelica Huston), que parece não gostar muito da ideia. A Shelly (Judith Light) começa a projetar seus planos musicais e contestar a liberdade que tem dado no seu relacionamento. A Ali (Gaby Hoffmann) tá uma personagem bem mais voltada pra família, tentando reunir e deixar todos por perto, enquanto não sabe bem o que quer em relação a sua própria vida. A Sarah (Amy Landecker) tenta adentrar mais no judaísmo, promovendo encontros, e super indecisa em relação a sua vida sexual, e acaba rendendo os momentos mais engraçados da temporada.

Já o Josh (Jay Duplass) merece um destaque especial, foi o personagem que mais se desenvolveu aqui. Teve uma perda importante que desolou por completo o personagem, e ele rendeu um dos melhores momentos da temporada. Também gerou uma crítica fortíssima durante um episódio se envolvendo com uma mulher trans, e sofreu ainda mais com uns diálogos que teve com seu filho Colton (Alex MacNicoll).

Tecnicamente não há o que reclamar, fotografia e trilha sonora impecáveis. A série sempre buscou dar um tom leve e tratar assuntos pesados de forma sutil, não foi diferente aqui. A direção é o ponto mais forte da série, não a toa é a última vencedora do Emmy de melhor direção de comédia. O roteiro é bem escrito, mas a série deixa uns arcos em aberto e plots inacabados. Já aconteceu também nas temporadas anteriores de personagens esquecidos sem nenhuma explicação.

O elenco principal funciona muito bem, todos da família Pfeferman convencem, mas o destaque, claro, fica por conta do Jeffrey Tambor, que conseguiu calar muitos críticos quando foi escolhido. Muitos queriam uma trans para o papel, mas o Jeffrey sempre deu conta e aqui não foi diferente. Quem também merece destaque aqui é a Kathryn Hahn, que faz a Raquel, ela tem um ótimo desenvolvimento aqui também e cresceu muito como atriz. No entanto, o elenco secundário é bem fraquinho e fica devendo muito ao que a série tem a oferecer.

Mas o melhor episódio da temporada é inteiramente em flashback, no episódio 8. Contando parte da infância do Mort (Maura) e da Shelly, e do período em que eles se conhecem. É um episódio lindíssimo e emocionante. Como sempre, conseguiram atores que se parecem muito com os personagens pra interpretar a versão mais nova deles.

Transparent foi menos intensa que o ano anterior, mas foi mais constante em seus episódios e manteve sua sutileza pra nos brindar com mais uma excelente temporada.

NOTA: 7.9

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