Nos últimos anos, o futebol americano tem conquistado milhões de fãs pelo mundo inteiro. Não à toa o Brasil é o segundo país fora dos Estados Unidos em audiência da Liga e o Super Bowl bate recordes todo ano. Em um esporte extremamente interessante e com tanto a ensinar sobre estratégia e força, infelizmente ações fora dos gramados fazem o torcedor conhecer o verdadeiro lado da NFL.

Durante as últimas semanas, o caso de Josh Brown se tornou cada vez mais grosseiro e impossível de ser ignorado. O kicker agredia sua ex-mulher há anos, já havia feito isso inclusive antes do Pro Bowl, foi indiciado e, ainda assim, suspenso por apenas uma partida, pois a Liga afirmou que "não existem provas suficientes". O mesmo serve para o New York Giants, que, assim como a NFL, sabia da violência doméstica e não só manteve o jogador no elenco, como também renovou seu contrato no início do ano.

Brown precisou fazer uma confissão bizarra e extremamente covarde para, então, ser demitido de vez da franquia. Se não tivesse dito nada e a investigação não andasse - como já estava acontecendo -, ninguém faria absolutamente nada.

A declaração de Josh Brown: “Sempre fui um mentiroso durante a minha vida inteira. Para preencher o vazio de quando fui abusado com sete anos, tomei a decisão de usar e abusar das mulheres. Tratei-as como objetos e não me preocupei em como elas iam se sentir algum dia. Nunca tive empatia nenhuma, tampouco capacidade de me ligar emocionalmente. Nunca lidei com isso, e abusei sim da Molly (sua ex-mulher). Magoei-a fisicamente, emocionalmente e verbalmente. Eu me via como Deus, e ela era a minha escrava”.

Não é o primeiro caso e certamente não será o último de violência doméstica envolvendo jogadores da NFL. Porém, por quantas vezes as franquias e a Liga vão defender os agressores, desvalorizando completamente a vítima? Porque, em 2016, seguimos discutindo a falta de punições pesadas e o "apoio incondicional" que os clubes dão aos jogadores, que muitas vezes já admitiram o crime?

O último caso com tanta mídia havia sido em 2014, quando o RB Ray Rice foi suspenso por apenas dois jogos e protegido por NFL e Baltimore Ravens por acusações de agressão à esposa. Só quando o TMZ divulgou um vídeo fortíssimo do jogador agredindo Janay Palmer até ela ficar desacordada, ele foi dispensado.

Depois do caso de Rice e Adrian Peterson, que foi acusado de agredir o filho de 4 anos com um galho de árvore, a liga mudou sua forma de punição aos atletas. Qualquer atleta ou dirigente condenado por violência doméstica ou abuso sexual perderá seis jogos da temporada da NFL e uma reincidência resultará em banimento da liga.

Porém, por que outros casos, desde então, não tem resultado nas punições previstas? A NFL, que participa de campanhas como o Outubro Rosa e se coloca como tão correta até nos protestos durante o hino, não é capaz de abominar um problema tão grave quanto a violência doméstica com seus próprios jogadores. Quanto tempo e quantos casos mais vão precisar ser divulgados para que, enfim, a Liga faça mais sobre isso? E as franquias, vão continuar protegendo agressores até quando?

Uma liga como a NFL, com tantos anos de sucesso e um nome poderoso, deveria ser a primeira a agir como exemplo. Porém, o que se vê é o completo oposto, visto que nada é feito para que casos como os de violência doméstica, assunto que precisa ser discutido e deve acabar.