Começaram as oitavas-de-final da Copa Libertadores da América, e foi um início em grande estilo, com um grande jogo de futebol. No confronto entre os argentinos, um dos mais esperados desta fase, o Vélez Sarsfield arranca na frente e volta para o bairro de Liniers com uma enorme vantagem. O Newell's Old Boys, por sua vez, terá que correr atrás do prejuízo, necessitando de uma vitória por dois gols de diferença, ou por um gol, contando que marque no José Amalfitani.

Pela prévia que tivemos na sexta-feira, pelo Torneo Final, com a vitória da Lepra por 3 a 1, como visitante, havia a impressão que La Lepra iria partir para cima do Fortín. E ela se cumpriu. Empurrado pela torcida, desde o primeiro minuto do jogo o Newell's já se posicionava no campo adversário, fazendo pressão com suas duas linhas de 3 jogadores, impedindo o Vélez de utilizar sua conhecida saída qualificada de jogo.

A primeira chance de gol, naturalmente, foi dos donos da casa, em um foguete de Pablo Pérez no travessão, aos 7 minutos. Antes dos 15 minutos de jogo, Ignacio Scocco e Maxi Rodríguez tiveram suas chances; um parou em Sosa, o outro, na falta de pontaria. O time do Newell's não é primoroso tecnicamente, mas Gerardo Martino montou um time à sua maneira, que toca rápido a bola, explora os espaços entre laterais e zagueiros, sempre com muita intensidade. Não à toa Tata é um dos mais famosos discípulos de Marcelo Bielsa - ambos são deuses para a metade rubro-negra de Rosario.

Esta intensidade leprosa se manteve ao longo de todo o primeiro tempo e o Vélez ajudava, se posicionando muito defensivamente. Depois de meia-hora de jogo, os espaços se fecharam, não havendo outra alternativa para os donos da casa a não ser abusar das bolas alçadas a área rival, onde Sebá Domínguez e Juán Sabia foram soberanos. No finalzinho do primeiro tempo houve espaço para mais uma situação clara de gol do Newell's, com Nacho Scocco cobrando falta no travessão, que novamente salvava o Fortín.

As equipes voltaram do intervalo sem mudanças, nem na nominata, muito menos na atitude, e o Newell's seguiu apertando seu desafiante. Os 10 primeiros minutos foram quase insuportáveis para o Vélez. Emiliano Papa precisou tirar uma bola sobre a risca do gol e Fabián Cubero quase marcou contra. O problema foi que passou este momento de abafa, e os donos da casa arrefeceram, parecendo se desconcentrar do jogo.

Figueroa, que vinha bem, sumiu do jogo. Maxi Rodríguez e Cruzado estavam discretos. O time se esforçava, mas errou no campo de ataque, armando um contra-ataque que foi fatal. Saindo com toques rápidos e após um passe de pura classe de Insúa, Allione, jovem volante de 19 anos, limpou a marcação e mandou no ângulo de Peratta. Um golaço e um verdadeiro balde de água fria no time do Newell's e na sua torcida.

Tínhamos 17 minutos jogados na etapa complementar. Tata Martino esperou 5 minutos e sacou os apagados Figueroa e Rodríguez, ingressando em seus lugares Tonso e Urruti. Não adiantou. O problema aí já não era algo que o Newell's não tinha, mas sim algo que o Vélez tem, uma matreirice para fabricar e manter um resultado favorável, um pragmatismo que chega a impressionar.

Mesmo controlando o jogo, o Vélez sofreu um pouco para segurar o resultado. Vergini testou Sosa, mandando uma bomba de muito longe, algumas bolas alçadas à área assustaram Sosa, no entanto nenhuma chance clara de gol era criada. Aos 38 minutos, Cubero foi expulso ao receber seu segundo cartão amarelo. A torcida se reacendeu, Scocco ainda tentou mais uma vez de longe, mas o jogo terminou mesmo com a vitória do Vélez Sarsfield.

Teremos o jogo de volta daqui a duas semanas, no dia 14 de maio, uma terça-feira, no José Amalfitani, em Buenos Aires. O Vélez Sarsfield jogará por um empate, enquanto o Newell's necessitará vencer. 1 a 0 leva a decisão para os pênaltis; qualquer outra vitória por um gol de diferença, ou mais, dá a vaga às semi-finais ao time de Rosario, para enfrentar Corinthians ou Boca Juniors.