Nesta terça-feira (24), o presidente da Fifa, Joseph Blatter, criticou os pedidos de boicote às duas próximas edições da Copa do Mundo. Os Mundiais de 2018 e 2022 serão sediados, respectivamente, na Rússia e no Catar. O mandatário discursou a favor da união no futebol durante o Congresso da Uefa, em Viena, capital da Áustria. No encontro, o ex-jogador Michel Platini foi reeleito presidente da Uefa pela terceira vez. O francês será presidente da entidade máxima do futebol europeu por mais quatro anos.

"Falando das duas competições, é fundamental que o futebol e o esporte se apresentem de maneira unida", disse o suíço. "Os boicotes nunca deram resultado", completou.

As declarações de "Sepp" Blatter surgem após Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia, ter pedido a países aliados que boicotem a Copa na Rússia. Ucranianos e russos vivem divergência diplomática desde a anexação da Crimeia, território da Ucrânia, à Rússia. A população da região votou pela separação, mas o referendo é visto como ilegal pela União Europeia, apesar de o Kremlin já reconhecer a Crimeia como parte da Federação Russa. Poroshenko acusa os separatistas pró-Rússia de violar o acordo de paz assinado em Minsk, na Bielorrússia, no mês passado.

Ainda sobre o Mundial de 2018, o volante marfinense Yaya Touré convocou jogadores negros a boicotarem o torneio devido a recorrentes casos de racismo no futebol russo. A sugestão do jogador do Manchester City veio à tona em outubro de 2013.

Em relação à Copa no Catar, as acusações de corrupção na escolha da sede do Mundial de 2022 e de trabalho escravo nas obras para o torneio são motivos de questionamentos por parte da realização da competição no país árabe. Na semana passada, a Fifa confirmou que a Copa do Mundo de 2022 acontecerá nos meses de novembro e dezembro, fato inédito até então. A Internacional Trade Union Confederation (ITUC) constatou que 1200 operários já morreram durante as obras para o certame - as principais vítimas são da Índia e do Nepal - e estima que ao menos 4 mil trabalhadores imigrantes devem morrer até o início dos jogos.

Blatter se mostrou contrário às interferências políticas no esporte, defendendo maior autonomia das modalidades. Ele também elogiou os alemães Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional, e Wolfgang Niersbach, presidente da Federação Alemã de Futebol, por rejeitarem os pedidos de boicote às Copas de 2018 e 2022.

"A autonomia do esporte deve estar garantida", afirmou. Para o presidente, o futebol não deve fingir que as tensões políticas não existem, e sim tentar buscar soluções para os conflitos. "Nós deveríamos fazer algo pela paz. Talvez possamos ajudar em certas situações de conflito", comentou.

Por fim, Joseph Blatter definiu o futebol como "um símbolo de unidade". "O futebol não só traz emoções positivas, mas também a força para ajudar na resolução de conflitos e na construção de pontes entre os lados. Ele conquistou o mundo e é um tesouro da diversidade", declarou.