Na última terça-feira (24), a queda do voo 4U9525, da companhia aérea alemã Germanwings, comoveu o planeta. O acidente ocorreu no sul da França e matou as 150 pessoas que estavam a bordo - 144 passageiros, dois pilotos e quatro tripulantes. O número de óbitos poderia ter sido maior, pois o elenco do Dalkurd FF, equipe da terceira divisão sueca, desistiu de embarcar no Airbus A320 devido ao longo tempo de espera pelo qual passaria na escala na cidade alemã de Düsseldorf - dali, partiria rumo à Suécia. Com a decisão de última hora, o time seguiu viagem em outros três aviões que partiram no mesmo horário e fizeram escala em Zurique, na Suíça, e Munique, na Alemanha.

"Realmente, devíamos pegar aquele avião. Podemos dizer que temos sorte, muita sorte. Tinham quatro voos simultâneos para o norte e nós tínhamos jogadores em três desses, mas não no que caiu", disse Adil Kizil, diretor esportivo do Dalkurd, ao jornal sueco Aftonbladet.

"É uma tragédia para muitas pessoas, e nós fomos os mais sortudos em tudo isto", afirmou Andreas Brännström, técnico da equipe.

Na rede social Twitter, o goleiro Frank Pettersson esclareceu que a delegação não estava na aeronave da tragédia. "Para todos que tentaram entrar em contato com a gente, estamos em casa sãos e salvos. Era outro avião. Que descansem em paz", publicou.

"Nós enviamos nossas mais profundas condolências a todas as vítimas da terrível tragédia de hoje na França. Que vocês descansem em paz", postou o clube sueco em seu perfil oficial no Twitter.

Fundado em 2004, o Dalkurd FF é um clube da comunidade curda da Suécia e manda seus jogos no estádio Domnarvsvallen, na cidade de Borlänge. Os curdos se estabeleceram no país nórdico após a diáspora no Século XX. Além da Suécia, países como Alemanha, Áustria, França, Reino Unido, EUA, Canadá e Austrália também receberam curdos que fugiram de conflitos no Oriente Médio. A etnia curda se considera nativa de uma região conhecida como Curdistão, a qual compreende territórios de Irã, Iraque, Síria, Turquia, Armênia e Geórgia.

Sobre a grande visibilidade que o clube tem entre os curdos do mundo todo, Kizil foi categórico. "Curdos não têm sua própria pátria. Nossa equipe é algo como uma seleção nacional curda", declarou.

"No Dalkurd olhamos para além das origens e da cor da pele das pessoas. Juntos, não somos imigrantes nem suecos. Somos pessoas com um desejo de conquistar atenção e influência, no campo de futebol e na sociedade", diz o site oficial da equipe cuja maioria dos jogadores é de origem curda.