Antigo candidato à presidência da FifaLuís Figo desistiu do pleito a pouco mais de uma semana das eleições. O ídolo do futebol português havia definido a corrida eleitoral como "um plebiscito para entregar o poder total a um homem". Nesta sexta-feira (29), após a confirmação da reeleição de Joseph Blatter, mandatário da entidade desde 1998, o ex-jogador lusitano não perdeu a oportunidade de alfinetar o dirigente suíço. Figo acusou Blatter de ser conivente com o escândalo de corrupção que assola a federação.

"Esta votação serviu apenas para confirmar a eleição de um homem que não pode se manter à frente do futebol mundial. Ao contrário do que o Sr. Blatter disse, os acontecimentos da passada quarta-feira não mancham o futebol, mancham a Fifa e os responsáveis que conduziram a organização até aqui. O futebol não tem culpa de que os dirigentes do organismo máximo que o devia regular não tenham integridade, nem caráter", disse em sua página oficial na rede social Facebook.

O ex-meia-atacante voltou a criticar o processo eleitoral do carro-chefe do futebol. "Não se pode liderar a Fifa fazendo tábua rasa das mais elementares regras de transparência, legalidade e democracia. Elas não estavam reunidas, como denunciei e se verificou", afirmou.

Luís Figo soltou o verbo contra o mandatário e disse que a alta cúpula da Fifa está "doente". "Ou o Sr. Blatter sabia e foi conivente com os atos de corrupção e tráfico de influências, ou, se não sabia, como ele diz, é porque não tem capacidade para liderar a Fifa. Não há outra forma de ver o problema. Perante tantas evidências, o fato de o principal responsável pela Fifa ter chegado a este ponto ter sido reeleito diz bem de como a organização está doente", acusou. "Hoje foi outro dia negro em Zurique. Perdeu a FIFA, mas acima de tudo perdeu o futebol e todos aqueles que verdadeiramente se preocupam com ele", completou.

Assim como o ex-jogador francês Michel Platini, presidente em exercício da Uefa, Figo defende a renúncia de Joseph Blatter. "Constrangedora e cínica a reação do Sr. Blatter quando diz que não pode controlar todos. Ofende a inteligência de todos nós. Foram essas pessoas que ele promoveu durante anos e que, juntamente com ele, fizeram da Fifa o que ela é hoje, um organismo decadente. Se o Sr. Blatter se preocupasse minimamente com o futebol, teria desistido de se apresentar à reeleição. Se tiver um mínimo de decência, terá de renunciar nos próximos dias", opinou.

Por fim, o português reiterou os motivos que o levaram a retirar a candidatura ao cargo máximo da Fifa. "Não me arrependo de nada. Lutei, persisti, empenhei-me pela regeneração de uma organização que tem de mudar de rumo. Vivemos uma situação de emergência e o futebol é o principal prejudicado pela atual situação. O que fiz foi denunciar o que vivi diretamente. Voltaria a fazê-lo e permaneço disponível para ajudar a Fifa a reerguer-se de tudo isto", finalizou.

Reeleito pela quarta vez, Blatter agora tem mandato na Fifa até 2019. Em seu discurso após a vitória, o dirigente garantiu que os próximos quatro anos serão os últimos à frente da entidade.