Na quinta-feira (28), a Eletronic Arts anunciou que seu próximo videogame de futebol, o FIFA 16, terá a participação inédita de times femininos. Nele, os usuários poderão utilizar 12 seleções nacionais à sua escolha: Brasil, Alemanha, Estados Unidos, China, Itália, México, entre outros. O game já tem data de lançamento marcada: 22 de setembro. Serão disponibilizadas versões para as plataformas PC, Xbox 360, Xbox One, Playstation 3 e Playstation 4.

O diretor da EA para a franquia FIFA, David Rutter, declarou que incluir as mulheres no jogo já era planejado e justificou: "Nós precisávamos ter ferramentas de tecnologia que pudessem diferenciar mulheres de homens". O anúncio teve forte repercussão nas redes sociais. Por um lado, usuários do Twitter mostraram-se contentes com o avanço na luta pela igualdade de gêneros.

"Brilhante! As seleções nacionais femininas estarão no FIFA 16! Mais um passo a frente!" - @JOLD3

"FIFA 16 = Progresso na igualdade" - @peymansaheli

"Estou muito feliz que seleções femininas estão inclusas no FIFA 16 , progresso está sendo feito" - @EliceRourke

Entretanto, também houve muito descontentamento por parte dos fãs da franquia. Com comentários extremamente machistas e preconceituosos.

A partir de demonstrações como essas, que além de ofensivas, são altamente selvagens, é possível perceber que apesar dos grandes avanços, a sociedade em que vivemos ainda vem carregada de resquícios arcaicos herdados da Idade Média.

Discriminações desse tipo tomam como base o já ultrapassado pensamento patriarcal, no qual mulheres são inferiores aos homens. Essa doutrina foi primeiramente espalhada pela Igreja Católica durante a era medieval. Séculos depois, durante o domínio hegemônico do francês Napoleão Bonaparte na Europa, quando este incluiu a submissão do sexo feminino ao masculino em seu Código de Leis.

Porém, na mesma época os primeiros passos foram dados a favor da igualdade. Em 1789, o parlamento francês assinou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e iniciava a expansão dos ideias liberais e igualitários mundo afora. Uma vez que as mulheres haviam sido protagonistas na Queda da Bastilha, evento chave para a concretização da Revolução Francesa.

Os anos se passaram e ainda hoje a questão de gênero é muito presente em nosso cotidiano, apesar dos avanços, como o sufrágio universal. Entretanto, ainda é possível identificar o machismo impregnado em nossas vidas, que se explicita com o uso de redes sociais, que promovem um certo "anonimato" aos usuários, permitindo-os falar o que bem entendem e desejam.

Por mais que haja uma diferença fisiológica entre os sexos, o preconceito apresentado nos comentários acima não se justifica. Pois afinal, o sexo masculino é majoritariamente mais forte fisicamente que o feminino, porém isso não significa necessariamente que o nível do espetáculo apresentado, ainda mais na realidade virtual de videogames, será mais baixo.

Por isso, a Eletronic Arts tomou uma decisão, que apesar de arriscada, é extremamente positiva e por isso merece o nosso reconhecimento, para que essa desigualdade diminua, mesmo que minimamente.