A Seleção Galesa, liderada em campo pelo madridista Gareth Bale, alcançou um feito extraordinário nas eliminatórias para a Eurocopa de 2016. Aproveitando o novo formato da competição, que nesta edição terá 24 equipes, País de Gales lutou até o fim para carimbar seu passaporte.

Após 58 anos apenas assistindo pela TV, nesta Euro a população nacional terá outra vez o prazer de torcer pela seleção em um torneio de grande porte - e a possibilidade de ganhar, perder, sofrer uma goleada histórica ou protagonizar uma zebra memorável.

Últimas lembranças

A última participação de Gales em Copas do Mundo ou Eurocopas aconteceu em 1958, quando o time do Reino Unido caiu nas quartas de final do Mundial, para o Brasil de Pelé. Na verdade, foi nesta partida que o eterno Rei do Futebol anotou seu primeiro gol em Copas; na sequência o conjunto tupiniquim venceria aquela taça, iniciando sua conhecida série de cinco títulos da competição.

Gales e Pelé no Mundial de 1958 (Foto: Divulgação/Uefa)
Gales e Pelé no Mundial de 1958 (Foto: Divulgação/Uefa)

O 5º lugar conquistado no Mundial de 1958 - jogado na Suécia - permanece até hoje como a maior campanha da história, pois nunca mais o selecionado galês voltaria a pôr os pés em qualquer campeonato do nível. Ou melhor, só meio século depois, sob a batuta de Bale, Gales retornaria ao apogeu dos grandes.

Como Bale superou Giggs

Ryan Giggs é uma lenda, mas em questão de seleção galesa o ex-jogador do Manchester United está muito distante de Bale. Basicamente, pelo fato de Gareth ter conseguido algo que Giggs jamais terá: a disputa de um grande torneio internacional.

Ryan soma 64 jogos por Gales, tendo estreado como o atleta mais jovem a atuar pela seleção - Bale já bateu essa marca -, entretanto não classificar sua nação para ao menos uma Euro sempre limitou as coisas. Em 2007, aos 35 anos e sem o objetivo alcançado, Giggs decidiu abandonar Gales para focar totalmente no United.

Foto: Getty Images

Bale, com menos partidas, aos 26 anos, já está perto de se transformar no maior artilheiro da seleção. Dos onze tentos de Gales na fase classificatória para a Eurocopa, o ponta do Real Madrid teve participação direta (marcando ou dando assistência) em nove. Com muita liberdade de movimentos, Gareth foi às redes de mil maneiras distintas. Sem ele, simplesmente não seria possível sentir o cheiro da França, sede da Euro.

A imagem coletiva de Gales

Obviamente, o treinador Chris Coleman também possui vários méritos. Porque ofereceu a capacidade de liderança a Bale, encaixou seu time um tanto desequilibrado em qualidade em uma mecânica de jogo interessante, alinhada e que beneficiou quase todos. Para resumir o citado desnível qualitativo, Gales tem Gareth que joga no Real Madrid e Ramsey que defende o Arsenal, mas no mesmo avião outros esportistas que atuam na 3ª divisão da Inglaterra. É duro administrar isso, Coleman foi capaz de tal coisa.

Foto: Getty Images
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Situação no grupo

O grupo de País de Gales terá Rússia, Inglaterra e Eslováquia. As duas primeiras terminaram as eliminatórias com identidade e confiança, mas a última nem tanto assim. Por isso, brigando pela terceira força da chave, Gales pode surpreender. Afinal, depois de esperar 58 longos anos, essa Eurocopa será histórica de qualquer maneira. Então, que seja marcada por resultados fantásticos.