A Seleção Feminina dos Estados Unidos chega ao Rio para fazer história. Nunca um país venceu a Copa do Mundo e no ano seguinte a medalha de ouro olímpica. Favoritas, as americanas buscam mais uma conquista para sua vasta galeria de títulos. Mesclando experiência com jovens promessas e baseada em uma liga profissional, a USWNT tentará manter o domínio nos Jogos.

Desde que o futebol feminino estreou nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996, a Seleção dos EUA só não ficou no lugar mais alto do pódio uma vez. Em cinco edições, foram quatro medalhas de ouro e uma medalha de prata, sendo três douradas seguidas.

Das 18 jogadoras convocadas para a Olímpiada, estão 14 campeãs mundiais ano passado. Desta lista, apenas Crystal Dunn, Mallory Pugh, Lindsey Horan e Allie Long não estavam no terceiro título mundial. Dentre as titulares que venceram o Japão na final por 5 a 2, apenas Holiday não foi convocada, pois se aposentou. Grandes nomes como Wambach, Boxx e a eterna capitã Rampone também penduraram as chuteiras após a Copa do Mundo.

A ausência dessas jogadoras não causou um impacto na seleção, já que a base foi mantida e a transição foi muito bem feira pela técnica Jill Ellis e toda sua comissão técnica. Com a saída das veteranas, aquelas que já estavam no grupo ganharam mais espaço e as jovens promessas Dunn e Pugh receberam oportunidades. A boa notícia na lista é a presença de Megan Rapinoe, meia-esquerda que sofreu uma grave lesão no joelho, mas conseguiu se recuperar a tempo de ser chamada.

A goleira Hope Solo, Carli Lloyd e Tobin Heath disputarão os Jogos pela terceira vez, elas estavam na campanha de 2008, onde venceram o Brasil na final por 1 a 0 e em Londres. Kelley O’Hara, Becky Sauerbrunn, Megan Rapinoe e Alex Morgan terão a chance de disputar o torneio pela segunda vez.

Mas a reta final de preparação não foi nada tranquila. Em abril se instalou uma grande polêmica entre as principais jogadoras dos EUA e a Federação de Futebol. As jogadoras reclamaram publicamente da desigualdade de salários em relação ao time masculino, que nunca ganhou um título relevante, diferente das mulheres. As capitãs Sauerbrunn e Lloyd, além de Hope Solo, Alex Morgan e Megan Rapinoe encabeçaram uma reclamação formal. A disparidade entre o “bicho” e os valores por títulos da feminina para a masculina era enorme, segundo dados publicados. Se elas ganhassem 20 partidas amistosas, acumulariam cada uma 99 mil dólares, enquanto os homens teriam um extra de 263 mil dólares cada. Mas tudo foi resolvido, nenhuma ficou de fora e elas acertaram suas pendencias com a US Soccer.

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A Seleção dos EUA desembarcou em Belo Horizonte no dia 28 de julho. A estreia será nesta quarta-feira (3) contra a Nova Zelândia, no Mineirão. A expectativa é enorme, principalmente após os bons resultados. Neste ano, foram 14 jogos, 13 vitórias e um empate. Conquistaram o título do pré-olímpico da Concacaf com uma vitória por 2 a 0 diante do Canadá.

No Grupo G, as americanas enfrentarão a Nova Zelândia, França e Colômbia. Destas, a que pode complicar é a Seleção Francesa. Em um amistoso realizado em março, os EUA bateram as francesas por 1 a 0. Contra a Colômbia, a USWNT venceu dois amistosos: 7 a 0 e 3 a 0. O último jogo contra a Nova Zelândia foi em 2015: vitória por 4 a 0. Como citado, o retrospecto é bom diante dessas adversárias. Uma boa campanha na primeira fase pode dar ainda mais confiança para os EUA.

Carli Lloyd, a melhor jogadora do mundo em 2015

Foto: Tim Clayton/Corbin Sports/Getty Images

Decisiva. A camisa 10 dos Estados Unidos marcou na final dos Jogos de Beijing contra o Brasil na prorrogação, balançou as redes duas vezes na decisão contra o Japão em Londres 2012 e deu um verdadeiro show na final contra o mesmo Japão no mundial de 2015, onde anotou um hat-trick. Carli Lloyd tem 34 anos e começou sua carreira profissional em 1999. Com 224 jogos e 88 gols, ela é uma das veteranas na Seleção Feminina, vestindo a camisa dos EUA desde 2005.

Lloyd é uma jogadora que sempre esteve presente nos principais títulos recentes dos Estados Unidos, mas sempre discreta aos olhos da mídia. Em janeiro, ela foi eleita a melhor jogadora de futebol feminino em 2015. Nestas Olimpíadas, ela terá a responsabilidade de liderar tecnicamente a equipe dos Estados Unidos. Ela é a principal criadora de jogadas, a “camisa 10” no esquema, que libera o jogo e dita o ritmo. Mas além de servir as companheiras, tem o poder de decidir em uma jogada individual.

Jill Ellis, a melhor técnica do mundo em 2015

Foto: Jason Miller/Getty Images

A experiente treinadora assumiu a Seleção Feminina em 2014. Seu trabalho à frente da USWNT lhe rendeu o prêmio Fifa de técnica do ano no futebol feminino em 2015. Contestada em alguns momentos por suas escolhas, Ellis sabe como montar a equipe de acordo com o adversário.

Provável escalação (4-3-3): Hope Solo; O’Hara, Johnston, Sauerbrunn, Klingenberg; Horan, Long, Lloyd; Dunn, Morgan, Pugh.

Jogos na primeira fase: EUA x Nova Zelândia (03/08 às 19h), EUA x França (06/08 às 17h) e EUA x Colômbia (09/08 às 19h).

Foto: Divulgação/US Soccer