Algumas semanas antes do início da pré-temporada para clubes escoceses, Brendan Rodgers foi anunciado como o novo treinador do atual pentacampeão Celtic, depois que Ronny Deila entrou em consenso com a diretoria para a sua demissão. O técnico norte-irlandês tem um currículo que deixa o torcedor dos Hoops animado e chega para treinar numa liga não tão rica e requentada como a Premier League, onde está acostumado e quase ter sido campeão em 2014 com o Liverpool.

Contudo, uma coisa chama atenção na proximidade das duas ligas: ambas tem um histórico de ter bons treinadores. E Rodgers chega à Scottish Premiership para somar na lista dos ótimos comandantes que a liga abriga, mas com uma diferença: os treinadores, em sua maioria, são formados na grande escola escocesa de técnicos, que já formou nomes como Jock Stein, campeão europeu com o Celtic em 67 e Sir Alex Ferguson, icônico treinador do Manchester United e Aberdeen que dispensa apresentações.

Jim McIntyre, Mark Warburton, Derek McInnes e Robbie Neilson são alguns exemplos a que Brendan se unirá. O feito de cada um, porém, acabam sendo invejáveis pros parâmetros escoceses se comparado com a terra que fica logo abaixo no mapa da Grã-Bretanha. Um deu o primeiro título a um clube pequeno, que joga futebol profissional há apenas 20 anos, mas que existe há muito mais que isso; outros trouxeram esperanças a times que outrora eram grandes, mas que nos últimos anos figuraram em partes indesejáveis da tabela ou em divisões inferiores; e, por último, um trouxe  bom futebol ao gigante Rangers.

Mark Warburton, treinador do Rangers

Inglês, Mark está no comando do Rangers há apenas um ano, sendo este a segunda temporada à frente dos Light Blues. Foi responsável de deixar o vexame de duas temporadas atrás quando a equipe de Glasgow não conseguiu subir à Premiership, mesmo com todo o investimento pesado, principalmente se comparada aos clubes da segunda divisão escocesa.

Warburton não só subiu o tradicional clube da Escócia para divisão de elite, onde tem de estar, como também fez o seu time jogar o melhor futebol do país, mesmo na Championship. A competição sadia com o Hibernian de Alan Stubbs fez o técnico se reinventar em certos momentos da temporada, conseguindo driblar a ameaça e vencer o campeonato com rodadas de antecedência.

Agora, para a primeira divisão, já voltou com o poder de contratação de outrora dos Teddy Bears. Nomes como Joey Barton e Niko Kranjcar já se juntaram ao clube na temporada em que se juntarão ao Aberdeen na caça às bruxas para alcançar o Celtic. É animador ver as diversas possibilidades que o inglês trará ao seu estilo de jogo e entender como tentará superar o rival em questão.

Foto: Mark Runnacles/Getty Images
Foto: Mark Runnacles/Getty Images

Derek McInnes, treinador do Aberdeen

Sendo esse o terceiro clube em que McInnes comanda, os Dons também se tornaram o primeiro em que o técnico obteve algum sucesso. Nas passagens anteriores pelo St. Johnstone e Bristol City, da Inglaterra, a porcentagem de vitórias não chega à casa dos 40%, saindo do clube inglês com aproveitamento de incríveis 27%. Esses mal feitos, porém, não impediram de obter sucesso pelo Aberdeen.

Foi responsável por trazer o clube a uma briga efetiva pelo título, coisa que não acontecia desde os tempos de Alex Ferguson, em 85. Não conquistou o caneco, é verdade, mas esteve na briga com o Celtic desde o seu primeiro ano, em 2013/14. No começo da temporada passada, o treinador levou os Dons à liderança da Premiership, conquistando oito vitórias nas oito primeiras rodadas, vindo a perder apenas na nona, para o Inverness. Com o passar do campeonato, a consistência do começo não foi vista mais, e o clube cedeu à liderança ao Celtic, não retornando para lá até o fim do campeonato.

O estilo de jogo ousado de Derek McInnes o transforma em um dos nomes para ser observado, visto que foi isso aliado aos bons olhos para contratações que trouxeram o Aberdeen à briga pelo topo da Escócia, deixando certamente Alex Ferguson orgulhoso, visto como o mundo está hoje em termos de futebol.

Foto: Ian MacNicol/Getty Images
Foto: Ian MacNicol/Getty Images

Robbie Neilson, treinador do Hearts

Um dos mais novos treinadores no país, Neilson assumiu o comando do Hearts em 2014, quando o clube figurava na Championship, sendo o primeiro trabalho do novo técnico. Venceu naquele ano, superando o poderoso Rangers que escalava as divisões inferiores desde a falência. Parou os Light Blues em 2014/15 e quase alcançou Celtic e Aberdeen na briga pelo título. Ficou com o terceiro lugar e a curta trajetória certamente já é de se aplaudir, trazendo o tradicional time da capital ao cenário de topo.

Ainda veremos muito de Robbie nesta temporada, apesar da eliminação na Europa League em casa para o Birkirkara, levando como experiência a primeira participação na Europa em tempos do clube e a primeira da história do novo comandante.

Foto: Steve Welsh/Getty Images
Foto: Steve Welsh/Getty Images

Jim McIntyre, treinador do Ross County

Talvez a maior injustiça da temporada passada foi Jim McIntyre não ter vencido o prêmio de treinador do ano. O escocês liderou o pequeno Ross County ao seu primeiro major trophy, como é dito no futebol britânico. A equipe venceu a Scottish League Cup ao bater o Hibernian por 2 a 1 na final, no Hampden Park e finalizou o campeonato no grupo dos seis primeiros, no seu quarto ano na Premiership em sua história.

Pode parecer até nada demais o feito dele, mas explicamos: o Ross County é um clube da cidade de Dingwall, uma pequena cidade de pouco mais de cinco mil habitantes nas Highlands escocesas. O estádio dos Staggies tem capacidade para mais de seis mil torcedores, ou seja, cabendo mais gente num jogo do clube do que na cidade inteira. A equipe joga futebol profissional há pouco mais de 20 anos – 22 pra ser exato. Foi escalado, aos poucos, as divisões inferiores até vencer a Championship em 2011/12 e subir à Premiership, de onde nunca mais saiu.

Por se localizar em uma cidade muito pequena e não ter uma capacidade tão desejável para adquirir fundos de bilheteria ou venda de produtos como Celtic e Rangers têm, o clube vive de pouco. E foi desse pouco que McIntyre tirou o muito. Venceu o Falkirk em casa por 7 a 0, bateu o rival Inverness fora de casa nas quartas de final e ganhou do Celtic na semifinal, em Glasgow, em alguns dos confrontos do clube até a final, onde bateria o tradicional Hibernian, da capital escocesa Edimburgo. Agora deu pra entender um pouco, né?

Foto: Mark Runnacles/Getty Images
Foto: Mark Runnacles/Getty Images

Esses são apenas alguns dos grandes treinadores que veremos todas as semanas durante a temporada de 2016/17 aqui na VAVEL Brasil, primeira portal esportivo que cobrirá o campeonato escocês full time, com uma cobertura do futebol das terras de William Wallace nunca vista em terras brasileiras.