A temporada 2013-14 foi de glórias para o Real Madrid. Campeão da Uefa Champions League, com direito a goleado sobre o Atlético de Madrid - adversário da Supercopa - na final, o clube conquistou a sonhada 'La Décima'. Porém, em solo espanhol, o clube merengue não andou tão bem das pernas assim. Terceiro colocado no Campeonato Espanhol, a classificação para a Supercopa da Espanha veio após o título da Copa do Rei, conquistada de forma heróica contra o Barcelona, em partida decidida por Gareth Bale, aos 44 minutos da segunda etapa.

Pela Supercopa da Espanha, os gigantes de Madrid voltam a se enfrentar. Campeão do Campeonato Espanhol, os colchoneros querem se vingar da derrota na final da Champions League e mostrar que a excelente campanha na temporada passada não foi apenas fase, e para isso enfrenta o galático Real Madrid, que busca sua primeira taça com as novas peças do elenco atuando.

O caminho até a glória

Devido ao regulamento da Copa do Rei da Espanha, o Real Madrid só entraria na fase de dezesseis avos de final, e teria como adversário o pequeno Olímpic de Xàtiva, que até então fazia sua melhor campanha na história da competição. Na partida de ida, mais motivos para se orgulhar. Com uma defesa sólida, a digna equipe segurou os gigantes de Madri e levou a decisão para o Santiago Bernabéu, mas lá nada pode ser feito. Derrotado por 2 a 0, deu adeus à competição de forma honrosa e de cabeça erguida. Madrilenhos avança para às oitavas.

Diferente do Xàtiva, o adversário era o Osasuña, que viria a ser rebaixado ao término do Campeonato Espanhol naquela temporada. O descenso veio acompanha da péssimas partidas, incluindo os dois confrontos diante dos madrilenhos na Copa do Rei. Duas derrotas, ambas por dois a zero, em confrontos onde o goleiro Íker Casillas pouco trabalho e que o ataque merengue desandou a desperdiçar grandes oportunidades. Soma geral de quatro gols, onde poderia ser mais.

Já nas quartas, o Espanyol faria o duelo de fronteiras. Assim como os Blancos, o maior rival do clube é Barcelona, mas a diferença técnica foi efetiva dentro de campo, onde - assim como o Osasuña - foi derrotado por 1 a 0 nas duas partidas. No Bernabéu, o Real Madrid começava a adquirir uma consistencia defensiva jamais vista, onde o clube não sofreria gols desde a primeira partida da competição até a segunda semifinal.

Falando em semifinais, o clássico madrilenho era a prévia perfeita antes de uma decisão. Líder e futuro campeão do Campeonato Espanhol, o Atlético de Madrid tinha como meta os pontos corridos e pagou caro na Copa do Rei. Sem o devido foco e a falta de motivação evidente, foi goleado no somatório geral para seu rival. O sonoro placar de 3 a 0 no Santiago Bernabeu, e soma com o show de Cristiano Ronaldo, que anotou os dois do triunfo no Vicent Calderón foram fundamentais para motivos os merengues, rumo à final, contra o Barcelona.

Antológico, Gareth Bale decide contra o Barcelona

Atlético de Madrid e Real Sociedad não foram páreos nas semifinais para impedir que Real Madrid e Barcelona, adversarios respectivos, se enfrentassem na sonhada decisão. Tendo o Mestella como palco, o clima era de revanche, tudo devido as rodadas anteriores do Campeonato Espanhol. Naquele momento, o clube madrilenho estava à frente na tabela de classificação, mas havia perdido o 'El Clasico' por 4 a 3, com direito a show de Lionel Messi que anotou três tentos na ocasião.

Entretanto, o Real Madrid entrava para a decisão da Copa do Rei com o time misto, focando na Uefa Champions League, competição cujo qual o clube ainda sonhava com título, diferente do Barcelona, que eliminado pelo Atlético de Madrid nas quartas de final, colocava todo seu foco para não terminar a temporada sem títulos. Pelo lado madrilenho, o desfalque era de Cristiano Ronaldo, que recuperando-se de uma lesão, foi poupado por Carlo Ancelotti. Enquanto isso, no lado culé, a dupla Neymar e Messi estava presente, o que consolidava o favoritismo blaugrana.

Dentro de campo, os parâmetros seguiam-se os mesmos do confronto pelo Campeonato Espanhol. O Barcelona movimentava-se e implantava se estilo de jogo, muito toque de bola, mas poucas oportunidades criadas. Já o Real Madrid, que defendia-se como podia, precisou de apenas um contra-ataque para mostrar que tería condições de levar o título. Logo aos 10 minutos, Di María arrancou pela esquerda antes de finalizar cruzado, contando com a luxuosa contribuição do goleiro Pinto, que tinha condições de fazer a defesa. Placar aberto, e a história mudaria drásticamente à favor dos Blancos.

O baque era visível, a superioridade do Barça definhou e a partida virou um ataque contra defesa. O segundo gol parecia questão de tempo, mas não aconteceu na primeira etapa. Na volta para o intervalo, as substituições do técnico Tata Martino não deram resultado, e as chances de gols eram mínimas. Sem assustar a meta defendida pelo goleiro Casillas, os únicos meios de infilitrar a defesa merengue eram através de bolas aéreas e chutes de longa distância, características deficientes para o elenco. Mas, aos 39, o improvável aconteceu. Na cobrança de escanteio, Bartra subiu mais que a defesa e cabeceou no ângulo, para empatar.

Herói? O posto caiu no colo de Bartra, que levaria o confronto para a prorrogação, mas o futebol guarda suas surpresas para os melhores momentos. Sem Ronaldo, a referência do Real Madrid era Gareth Bale, que ainda não havia brilhado em clássicos contra o Barcelona nesta temporada. A pressão fez brotar um lance antológico, aos 44 do segundo tempo. O galês recebeu pela esquerda, avançou em disparada e trombou com o autor do gol catalão. Na divida, saiu de campo, mas teve impulsão absurda para contornar a lateral, voltar para dentro das quatro linhas e vencer na corrida. Já na grande área, tocou entre as pernas de Pinto e marcou o gol do título madrilenho. A história foi feita, e o camisa 11 do Real Madrid era o nome do jogo.