Você acreditaria se eu te contasse que o recém promovido Las Palmas, conseguiu os seguintes feitos na temporada: salvação com três rodadas de antecedência, nenhuma goleada sofrida nos quatro confrontos contra os poderosos Real Madrid e Barcelona, oitavo melhor ataque da competição e encerrar a temporada como uma das surpresas das cinco grandes ligas. Acreditaria? Pois a temporada 15/16 será inesquecível para o torcedor canário, que viu o clube da cidade competir de forma honrosa e encerrar o Campeonato Espanhol sem risco de queda.

Mas para isso, a diretoria precisou agir. Reformulou boa parte do elenco que conseguiu a ascensão e foi pontual nas contratações. O goleiro experiente Javi Varas chegou, o marroquino El Zhar, o brasileiro Willian José e o maestro do time, Jonathan Viera. Com os reforços, aliado aos jogadores que participaram da campanha na Liga Adelante, a expectativa era de que o Las Palmas fizesse uma simples campanha em busca da permanência, atingir os “40 pontos” que provavelmente garantiriam o clube canário por mais um ano na elite espanhola.

Começo ruim e demissão relâmpago

A temporada não começou com bons ares para o Las Palmas. De cara, parada duríssima contra o Atleti no Vicente Calderón e uma derrota simples pelo placar mínimo. Nada que fugisse muito do que era esperado, porém uma sequência de dois empate e uma derrota, balançaram o treinador Paco Herrera. Na quinta rodada, o primeiro triunfo. Casa cheia para a partida contra o Sevilla, que terminou em vitória e alegria dos canários. Alegria que não duraria muito, já que uma nova sequência de três jogos sem vencer (dessa vez com três derrotas consecutivas), fez com que a diretoria se mexesse e procurasse por mudanças logo no início.

Paco Herrera deu lugar ao experiente Quique Setien, troca que surtiria um efeito melhor que o imaginado. As duas primeiras rodadas não foram brilhantes no aspecto resultado; um empate sem gols contra o Villarreal e uma derrota para o Real Madrid, mas a mudança do estilo de jogo foi notória e a equipe sinalizava que iria melhorar.

Recuperação na tabela e queda repentina

A décima primeira rodada foi o ponto de partida do Las Palmas para a escapada da zona de rebaixamento. Até então lanterna, a equipe precisava demonstrar a melhora com Setien em resultados. E demonstrou. Exibição de gala contra a Real Sociedad e show da dupla Jonathan Viera e Araújo, dupla que seria fundamental na sequência da campanha. Na jornada seguinte, outro resultado surpreendente: empate com o Valencia no Mestalla e um banho tático na equipe de Nuno Espírito Santo; os canários haviam ganhado confiança.

Que não foi abalada nas derrota para Deportivo La Corunã e Real Bétis. Na Copa do Rei, classificação importante contra a Real Sociedad, porém o foco era na Liga. E uma sequência de duas vitórias (Real Bétis e Granada) em quatro jogos, fez com que os comandados de Setien encerrassem o ano de 2015 fora da zona de rebaixamento.

Sequência que não seria interrompida em 2016, já que a equipe começou o ano com quatro jogos sem derrota, dois empates e duas vitórias que deixaram o torcedor animado. Porém a empolgação durou pouco tempo; com lesões e algumas baixas no time titular, apenas uma vitória em oito partidas, e os canários voltaram a zona de rebaixamento.

Fim de temporada genial e permanência com antecedência

Pra fugir da zona de rebaixamento, Quique Setien e seus pupilos precisariam de uma reta final de liga espanhola com pontuação bem acima da média. E peças como Willian José, Momo e Roque Mesa teriam que ter mais regularidade no fim de temporada. Tudo isso aconteceu. Após a terceira derrota seguida para o Barcelona, o Las Palmas começou sua sequência arrasadora vencendo o Eibar em Ipurua, atropelou o desanimado Getafe jogando em casa e conquistou uma surpreendente vitória contra o Villarreal atuando no El Madrigal.

Vitórias que livravam a equipe do descenso, mas o perigo ainda era real. Uma derrota digna contra o Real Madrid sofrendo gol nos acréscimos, não abalou a moral da equipe, que conseguiu uma segunda sequência de três vitórias consecutivas, que praticamente asseguraram a permanência inesperada da equipe com impressionantes seis rodadas de antecedência.

Mas pra comprovar matematicamente, era preciso uma vitória de gala e ela aconteceu num 4 a 0 fulminante em Gran Canaria contra o Espanyol. Alegria e festa da torcida local, que assistiu de camarote as três rodadas finais e celebrou a última partida em casa (empate por 0 a 0 contra o Athletic Bilbao) a despedida de Valerón do futebol. Lágrimas de tristeza e de alegria para uma temporada magnífica, inesquecível para o torcedor piu-piu.