Em junho de 2011, o Paris Saint-Germain foi comprado por um grupo de investidores do Qatar, tendo Nasser Al-Khelaifi como novo presidente do clube. Após uma primeira temporada frustrante, os parisienses passaram a dominar a França nos últimos anos. De lá para cá foram seis troféus conquistados, todos nacionais. Um dos objetivos traçados por essa nova diretoria ainda não foi alcançado: vencer títulos internacionais.

Nesta nova fase do clube, com altos investimentos, foram conquistados dois títulos da Ligue 1, também dois da Coupe de la Ligue e outros dois do Trophée des Champions. Porém, nenhum titulo continental.

O clube marcou cinco campeonatos em seu calendário nesta temporada, sendo três copas nacionais, a Ligue 1 e a Champions League. O PSG já conquistou a Trophée des Champions em cima do Guingamp e a Coupe de la Ligue derrotando o Bastia. Está na final da Coupe de France e é amplamente favorito diante do Auxerre. No campeonato, é o líder, com 62 pontos. Na UCL, encara o Barcelona nestas quartas de final.

A primeira participação do PSG na Champions neste período de altos investimentos foi em 2012/13, já com grandes nomes, como Zlatan Ibrahimovic e Thiago Silva. Foi o líder do Grupo A com 15 pontos. Nas oitavas passou pelo Valência, mas caiu para o Barcelona na fase seguinte, pelo critério gol fora de casa. Na edição 2013/14 foi mais uma vez líder do grupo, com 13 pontos. No mata-mata passou pelo Bayer Leverkusen, mas sucumbiu diante do Chelsea, mais uma vez pelo gol que sofreu em casa.

O cenário neste ano mudou um pouco com relação às duas edições anteriores. Na fase de grupos ficou atrás do Barcelona. Nas oitavas reencontrou o Chelsea. O pesadelo do critério do gol fora de casa ajudou os parisienses neste confronto. Agora, nas quartas de final, duelará mais uma vez com o clube catalão.

Laurent Blanc e sua formação sem muitos exageros

O esquema tático utilizado pelo Paris Saint-Germain é o 4-3-3. Além da linha de quatro atrás, três volantes fazem a contensão e a saída de jogo, sendo que um deles fica mais fixo na frente da defesa. Na frente, dois pontas que jogam abertos e marcam as subidas dos laterais adversários, jogando ofensivamente nas costas deles. O ponto de referência é o centroavante.

Ponto fraco: lateral direita

O grande problema do PSG é a lateral direita. A posição não esteve e não está muito bem servida de opções, chegando alguns casos a contar com improvisações. O titular é Gregory van der Wiel, que chegou ao clube em 2012 vindo do Ajax. Sua contratação se deu para sanar o problema que já estava estabelecido naquele setor, já que Christophe Jallet (hoje no Lyon) era muito contestado na época.

Algumas falhas e partidas com atuações abaixo do esperado fizeram o PSG voltar ao mercado e pegar emprestado do Toulouse o marfinense Sèrge Aurier. O jovem de 22 anos foi uma aposta feita e que ainda tem tudo para dar certo. Porém, o jogador não conseguiu se firmar na posição. Em alguns momentos, por motivos de lesões, suspensões ou até mesmo escolha de Blanc, o brasileiro Marquinhos atuou na lateral direita e foi elogiado pelo treinador.

O poder de variação do meio campo e a “melhor zaga do mundo”

Individualmente o meio-campo da equipe é um dos melhores do mundo. Essa quantidade de peças e de muita qualidade dão várias opções para Laurent Blanc. Na maioria das partidas jogam: Thiago Motta, como o primeiro volante fixo, à frente da defesa. Blaise Matuidi solto no lado esquerdo chegando de trás, ajudando no ataque. Do lado direito, Marco Verratti articula as jogadas com ótimos passes e lançamentos. O italiano dita o ritmo do jogo parisiense.

As peças de composição desse meio campo também são muito boas. Yohan Cabaye, bom volante ex-Newcastle; Adrien Rabiot, jovem jogador e muito promissor; e Javier Pastore, que em alguns jogos atua na faixa de meio campo.

A variação é o ponto chave desse meio-campo. Em uma situação de necessidade, Laurent Blanc pode colocar um volante defensivo e liberar os outros dois para o ataque. Em um momento em que o time precisa defender, recua os três que se tornam volantes de contensão. Precisando contra-atacar, adiciona Pastore somado a presença de Matuidi, jogador este que está “presente em todas as faixas do campo”.

A eficiência se comprova nos números. Thiago Motta acerta mais de 92.3% dos passes tentados, além de quatro assistências na temporada. Javier Pastore já deu oito passes para gol e ainda balançou as redes em quatro oportunidades. Marco Verratti acerta em média 91.3% dos passes, já fez dois gols e cinco assistências. Blaise Matuidi também tem um bom número de acertos em passes: 92.1%. Com três tentos e três passes decisivos para gols.

Outra qualidade indiscutível é a defesa da equipe, com Thiago Silva e David Luiz. Bons no jogo aéreo ainda ajudam o ataque fazendo gols. Com participações dos brasileiros o PSG eliminou o Chelsea na fase anterior. A considerada por alguns como “a melhor dupla de zaga do mundo” terá de confirmar isso para avançar às semifinais.

Com Ibrahimovic suspenso, Cavani será o ponto de referência no ataque

É inegável que o principal jogador do Paris Saint-Germain é Zlatan Ibrahimovic, mas o sueco foi expulso no jogo de volta contra o Chelsea, após carrinho em Oscar, e cumprirá a suspensão no jogo de ida contra o Barcelona. Ele estará disponível para o segundo jogo do confronto no Camp Nou. Nessa situação a referência do ataque dos rouge et blanc será o uruguaio Edinson Cavani.

Cavani atuou em 36 jogos e marcou 21 gols nesta temporada. Na Champions League ele é o artilheiro do PSG com seis tentos anotados em oito jogos. O grande problema do camisa 9 é sua posição. Algumas vezes ele deixou claro que está descontente atuando no lado do campo. No primeiro jogo desta quartas de final ele atuará como centroavante, devido a suspensão de Ibra.

A volta do sueco no segundo jogo será importante. Em 27 partidas nesta temporada, ele balançou as redes em 27. Média de um gol por jogo. Na Champions os números são mais discretos: cinco jogos e dois tentos.

A Importância do título nesta nova fase do clube

Mais do que participar e chegar às fases eliminatórias, o Paris Saint-Germain precisa ir muito além do que já fez para se firmar de vez no cenário internacional. Por enquanto disputar a Uefa Europa League é descartado, impensável. O clube precisa avançar às semifinais e ir à grande decisão em Berlim. Acima de tudo isso conquistar o título da Champions. Elenco para isso tem, mesmo com o ponto fraco citado. Poucos times no mundo têm um atacante do nível de Ibrahimovic e um meio campo recheado de bons jogadores.

O time já domina a França, precisa provar que pode ir além das fronteiras nacionais e conquistar a Europa, recolocando o país de volta ao topo continental e consequentemente mundial, na disputa do torneio da Fifa no fim do ano.