A América está prestes a viver um momento histórico. Pela terceira vez consecutiva, teremos um campeão inédito na Copa Libertadores da América. Na noite desta quarta-feira (13), o Nuevo Gasómetro será o palco da história sendo escrita, no duelo derradeiro entre San Lorenzo e Nacional, do Paraguai. Nenhuma das equipes chega com vantagem considerável, uma vez que o empate em 1 a 1 não beneficia os argentinos, já que na decisão é extinto o critério do gol qualificado.

O que torna a decisão mais surpreendente é o fato de as equipes terem sido as piores colocadas na fase de grupos da competição, e terem eliminado rivais potencialmente mais qualificados. O San Lorenzo passou por três brasileiros (Botafogo, Grêmio e Cruzeiro) no seu caminho até a decisão, enquanto o Nacional eliminou dois argentinos (Vélez Sarsfield e Arsenal, de Sarandí) - todas as equipes, no contexto inicial da competição, mais fortes ou promissoras que os finalistas.

No jogo de ida, em Assunção, os argentinos foram mais propositivos, buscaram mais o ataque, se impondo e abrindo o placar com Mauro Matos. Mesmo inferiores tecnicamente, os paraguaios foram valentes e, mesmo antes do gol sofrido, já tentavam construir alguma jogada de maior perigo. A insistência foi premiada com o gol de Julio Santa Cruz, nos últimos lances da partida, que deixou a decisão toda para a partida de Buenos Aires.

Concentração total e mudança de esquema no San Lorenzo

Após o jogo de ida, o San Lorenzo trabalhou em clima de mistério absoluto. Os trabalhos foram abertos à imprensa apenas no dia da reapresentação, na última sexta-feira (8), sem que houvesse uma definição conclusiva acerca da equipe que entrará em campo na grande decisão. A única certeza que Edgardo Bauza tinha era a ausência de Nacho Piatti, um dos principais jogadores da equipe ao longo da Copa Libertadores, que já se apresentou ao Montreal Impact (CAN).

O mistério aconteceu apenas em um primeiro momento, pois ao longo dos trabalhos, El Patón não se absteve de confirmar sua equipe titular, com uma escolha que muda a cara do Ciclón no aspecto tático, tendo a entrada do uruguaio Cauteruccio, um homem de área, na vaga de Piatti. O esquema, outrora o 4-2-3-1, é ajustado para um 4-4-2 clássico. A outra alternativa que Bauza tinha era a entrada de Verón, mas o argumento do treinador foi a maior eficácia e oportunismo do atacante, em entrevista para o programa América and Closs, na Radio América de Buenos Aires.

A equipe foi testada neste formato no treinamento do sábado (9), considerando também o retorno do zagueiro Mauro Cetto, que ficou de fora do jogo de ida devido a uma lesão na perna esquerda, fazendo com que Fontanini retornasse ao banco de reservas.

Não havia ainda uma confirmação, mas o resultado demonstrado agradou muito Bauza, que também tratou de ressaltar o aspecto psicológico seu e de sua equipe às vésperas do jogo mais importante da história do San Lorenzo. "Estou tranquilo, tratando de não me contagiar com toda essa loucura", garantiu o treinador, na mesma inserção para a Radio América.

Forte fora de casa, Nacional mantém a fé para levar a Copa

O empate foi decepcionante para os planos do Nacional paraguaio. Os tricolores projetavam um resultado positivo para viajarem mais tranquilos à Argentina, mas nem sempre as coisas acontecem de acordo com o esperado, e o Nacional Querido vai ao Nuevo Gasómetro em busca de uma façanha que pode lhe render o maior título de sua centenária história.

O técnico Gustavo Morínigo tem apenas um desfalque em relação ao time que começou o jogo em Assunção, que é a saída do lateral-direito Ramón Coronel, que deixou o último jogo pelo Clausura lesionado.

Para a vaga de Coronel, Juan Argüello é a opção mais provável a ser utilizada no time que terá o retorno do meio-campista Marcos Riveros, que cumpriu suspensão por acúmulo de cartões amarelos no primeiro jogo da decisão. Os paraguaios chegaram a Buenos Aires no final da tarde da segunda-feira (11), e realizaram o reconhecimento do gramado do Nuevo Gasómetro no início da noite da terça-feira (12). Ainda na terça, mas um pouco mais cedo, o técnico Morínigo e os jogadores Raúl Piris e Fredy Bareiro concederam entrevista coletiva.

O treinador tratou de destacar que a partida valeria a história do Nacional, por tudo que representa uma conquista de Libertadores da América, e falou sobre as condições de sua equipe.

"Temos um bom grupo, esperamos que qualquer um que jogue esteja a altura da partida. Estou tranquilo, a equipe já passou por esta pressão de disputar uma final e estamos preparados para o que se apresente amanhã", afirmou Morínigo. "Tenho um grupo maravilhoso de jogadores. Não posso pedir mais que isto", finalizou o orgulhoso treinador paraguaio.