Dez anos depois, Boca Juniors e River Plate finalmente voltarão a se encontrar em um mata-mata de competição internacional. Tudo bem que é a por vezes desprezada Copa Sul-Americana, mas ambas as equipes fizeram por onde chegar até as semifinais, e quis o destino que elas estivessem frente a frente para decidir uma vaga na finalíssima do torneio. O River Plate fez sua parte na noite desta quinta-feira (6) vencendo o Estudiantes no Monumental de Núñez por 3 a 2, em um jogo extremamente movimentado, certamente o mais emocionante do certame até o momento. Os gols millonarios foram marcados por Teo Gutiérrez, Mora e Funes Mori, enquanto Vera e Carrillo descontaram para o Pincha.

Os times não tiveram grandes surpresas nas escalações, tudo aconteceu como foi ensaiado ao longo da semana, uma vez que as chuvas do último final de semana impediram que as equipes se enfrentassem novamente, desta vez pelo torneio local. Um gol relâmpago do colombiano Teo Gutiérrez parecia pintar uma vitória tranquila do River Plate, mas um valente Estudiantes não se entregou e mostrou qualidade para virar o jogo. No entanto, em duas bolas paradas em dois minutos, os donos da casa voltaram à frente no marcador, definindo o placar e aumentando sua série invicta para 30 jogos.

Agora teremos um Superclásico que tem tudo para entrar para a história. River e Boca se enfrentaram pela última vez em um torneio internacional na Copa Libertadores da América 2004, já na fase de semifinal, quando os xeneizes passaram para serem derrotados pelo Once Caldas na decisão da Copa. Este será o 4º mata-mata que as equipes irão disputar valendo por competições fora dos limites da Argentina. O histórico é 100% favorável ao Boca Juniors, que além do triunfo na Libertadores 2004, eliminou o arquirrival da Libertadores 2000 e da Supercopa da Libertadores 1994.

Jogo começa com vantagem do River Plate, mas um valente Estudiantes busca o empate

Em um Monumental de Núñez com ótimo público, na expectativa para ver o River Plate se classificar para o esperado Superclásico das semifinais da Sul-Americana, os donos da casa não deram tempo sequer do Estudiantes se assentar no gramado. Após duas divididas na intermediária de ataque, a bola sobrou para Rojas, que deu belo passe para Teo Gutiérrez mostrar seu instinto artilheiro, dominar bonito e chutar por baixo de Navarro. Tínhamos apenas 45 segundos de jogo, e o Estudiantes já tinha que encarar a realidade de precisar fazer 3 gols para se classificar - ou dois, para levar aos pênaltis.

Os visitantes, ao contrário do que tudo indicava, não sentiram o gol sofrido e trataram de emparelhar o jogo, tentando ocupar espaços no campo de ataque. Aos poucos o Estudiantes foi envolvendo o River, conseguindo alguns chutes de longe, enquanto os donos da casa apenas especulavam, em busca de um contra-ataque para definir o confronto, mas falhando muito defensivamente. Pouco antes dos 15 minutos Barovero precisou operar um verdadeiro milagre, tirando com o pé um gol certo do lateral Aguirregaray, que, a propósito, apareceu muito bem no campo de ataque durante todo o jogo.

Porém o uruguaio esqueceu de sua principal função, que é defender, e junto com Desábato, protagonizou uma série de trapalhadas defensivas que poderiam culminar no segundo gol millonario, caso os homens de frente do River tivessem caprichado um pouco mais, em especial nas chances desperdiçadas por Teo Gutiérrez e Pisculichi. No segundo round de "Aguirregaray - Barovero", o goleiro novamente levou a melhor. Quando mudou o uruguaio a desafiar o arqueiro do River, o resultado também foi diferente: aos 41 minutos, Auzqui cruzou da direita e Vera, que também marcara no jogo de ida, cabeceou bonito para empatar o jogo.

Medo de uma tragédia no Monumental de Núñez se dissipa em dois minutos

Na volta do intervalo, a postura do Estudiantes foi tão agressiva quanto havia terminado a etapa inicial. Tentando repetir o River Plate, Auzqui quase virou o jogo logo a 1 minuto, forçando Barovero a praticar mais uma grande defesa. Era notável que o técnico Pellegrino não tinha nada a perder e botou seu time para cima. E a cartada arriscada deu resultado mais cedo que o imaginado, quando aos 4 minutos, após um lançamento nas costas da defesa millonaria, Correa apareceu livre na área e foi derrubado por Barovero. O capitão e artilheiro Carrillo converteu o pênalti, virando o marcador para o Pincha e levando a decisão para a marca de cal.

O jogo passou a ficar nervoso, refletindo o termômetro das arquibancadas do Monumental. Schunke e Pisculichi levaram cartões amarelos, e o treinador do Estudiantes, muito atento ao jogo, tirou Aguirregaray, que também estava amarelado, para a entrada de Goñi, visando a fortalecer seu setor defensivo. O reforço defensivo não adiantou muito, pois na sequência o River empatou o jogo, com o uruguaio Mora, desviando de cabeça um escanteio cobrado no primeiro poste. Dois minutos depois, a cancha millonaria voltou a explodir, quando Funes Mori, também de cabeça, virou o jogo, forçando o Estudiantes a marcar mais dois gols para se classificar.

Pellegrino sacou o zagueiro Schunke para a entrada do atacante Cerutti, já na base do desespero, mas o River Plate sempre esteve muito mais próximo de marcar o 4º gol, do que o Estudiantes de empatar o jogo. A torcida festejou a classificação desde o 3º gol até o apito final de Néstor Pitana, já preparando a garganta para os dois grandes Superclásicos que virão. As semifinais da Copa Sul-Americana estão marcadas para as semanas dos dias 20 e 27 de novembro, jogo de ida em La Bombonera e a volta no Monumental de Núñez.