As cenas presenciadas por toda a América do Sul durante o clássico entre Boca Juniors e River Plate são exemplos de tudo aquilo que repudiamos. Desde atos de vandalismo contra o próprio patrimônio a violência ao próximo. Tal nível de rivalidade e atitudes criminosas geraram um 'stand-by' com os olhos voltados para a Conmebol, entidade máxima do continente, que precisa se pronunciar sobre o caso.

Expectativa sobre uma possível punição ao clube azul-dourado e informações sobre o que será feito com os infratores são temas de debate, como nesta publicação.

Primeiramente é preciso separar o que será tratado pelo âmbito criminal e o que cabe ao lado desportivo.

Leio bastante argumentação sobre "é inadmissível um time responder por algo feito pelos torcedores". Ok, concordo sobre ser impossível controlar 70 mil pessoas em um estádio de futebol, mas, em tese, os clubes são - sim - responsáveis por aqueles que colocam dentro de seus estádios. É um local privado, ou seja, sob responsabilidade de alguém.

O Boca Juniors não será punido pelo fato do torcedor ter colocado gás de pimenta no vestiário do River Plate. Isso é crime, assunto para justiça comum, tanto que a Polícia Federal Argentina foi ao gramado da Bombonera para recolher as camisas dos atletas como provas.

O Boca Juniors será punido pelo fato de ter permitido que um torcedor qualquer entrasse em seu estádio portando um ferro de solda, um extintor com gás de pimenta, gelo seco e sabe-se lá outras coisas que não são permitidas. É a segurança em questão.

Então, a Bombonera entra em questão. Caso a Conmebol fosse uma instituição séria e olhasse com o devido respeito àqueles que a representam, o estádio argentino seria fechado no exato momento da suspensão da partida e reaberto apenas quando reformas fossem feitas. Seria o primeiro passo.

Muito se fala sobre os Xeneizes serem expulsos da Copa Libertadores. Creio que seria um choque e tanto, talvez necessário para o momento que vivemos. Mas prefiro não me adentrar neste assunto pois não conheço todas as regras e procedimentos para que isso seja feito.

Porém, o passado recente da instituição sul-americana não cria expectativa para grandes mudanças. Em 2005, a mesma torcida do Boca Juniors foi figura principal em atos piores que estes e a Conmebol pouco fez sobre o caso. Concedendo pena branda que logo depois cairia no esquecimento.

Mais recentemente, a morte de Kevin Spada na Bolívia após ser atingido por um sinalizador arremessado pela torcida do Corinthians, presente no estádio. Portões fechados que logo depois seriam reabertos graças a um efeito suspensivo. Esta foi a punição da entidade.

Meu palpite: Boca e River decidirão a classificação com portões fechados, os Xeneizes perderão alguns mandos de campo válidos por competições sul-americanas e tudo ficará por isso mesmo.

Não foi a primeira e não será a última vez que a América do Sul irá presenciar cenas lamentáveis como estas. Infelizmente vivemos em um cenário onde receber pedradas e cuspes durante a cobrança de escanteio virou 'coisa normal'. É neste clima de guerra que vivemos.

Como bem falou o amigo Bruno Bonsati no twitter: "Não venham falar de futebol moderno. Isso não é futebol moderno, nem antigo. Não é futebol. A bola não estava rolando." Não espero mais do mesmo da Conmebol, mas seria uma excelente hora para repensar na imagem que passa e mudar seus conceitos.

(Foto: Reuters)
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