Na noite da próxima quarta-feira, o mundo tomará conhecimento do novo vencedor da Copa Libertadores da América. Depois de um disputado empate sem gols em Monterrey na semana passada, River Plate e Tigres duelam no Monumental de Núñez às 22h para definir o mais novo campeão continental.

O River – que já tem presença garantida no Mundial de Clubes no término do ano independente do vencedor dessa final – vê no cotejo a chance de trazer a taça da Libertadores de volta a Núñez depois de 19 anos. O último título do time que leva no nome o Rio da Prata na competição foi em 1996, quando os portenhos derrotaram (a exemplo de 1986 e com a presença do atual técnico Marcelo Gallardo no elenco campeão) o América de Cali na final. Em relação ao adversário, o River tem a vantagem de não ter jogado no último final de semana e assim, poder focar exclusivamente na final. A partida contra o Defensia e Justicia, válida pela 19º rodada do Campeonato Argentino, foi adiada para o dia 12 de agosto, dando um razoável tempo de preparação para o plantel Millonário.

 Do lado do Tigres, a motivação não é menor. Depois de ver o país fracassar na final do torneio em duas oportunidades – Cruz Azul em 2001, derrotado pelo Boca Juniors e Chivas em 2010, suplantado pelo Internacional – a imprensa mexicana demonstra confiança de que o time dos brasileiros Juninho, Rafael Sóbis e Ricardo Ferretti pode fazer história e levar pela primeira vez um time azteca ao topo da América.  Lançando mão de uma equipe alternativa, os Felinos foram derrotados para o Monarcas Morelia no último sábado pelo Campeonato Mexicano.

A partida desta quarta marca o quarto embate entre as equipes na Libertadores 2015. Integrantes da mesma chave na fase de grupos do torneio, argentinos e mexicanos empataram por 1 a 1 no primeiro duelo, disputado no Monumental. No returno, o já desesperado River foi até o Estádio Universitário e arrancou um suado empate por 2 a 2 com os donos da casa. Na 6º e última rodada, a emocionante vitória do Tigres por 5 a 4 ante o Juan Aurich combinada com a vitória Millonária por 3 a 0 sobre o San José, definiu a classificação bonaerense para as oitavas. 

Desfalcado, River conta com campeão continental no comando da equipe

Marcelo Gallardo conta com quatro baixas para a decisão de logo mais. O comandante não tem à disposição o lateral Mercado, suspenso depois de ser amarelado no jogo da ida, o atacante Rodrigo Mora e o defensor Mammana, machucados e o também lesionado Viudez – único relacionado para o confronto entre os supracitados. Mayada deve ser o substituto de Mercado, enquanto Bertolo é o principal candidato para a vaga de Viudez.

Em relação ao substituto do uruguaio Mora, “Muñeco” confirmou a presença de Cavenaghi:  “Fernando (Cavenaghi) está bem, com muita vontade de jogar. Estava esperando uma partida importante, e agora ele terá a chance de jogar a partida mais importante de todas. Temos segurança e confiança num jogador em que essa situação decisiva não vai pesar” revelou o treinador.

Em entrevista coletiva, Gallardo lembrou da conquista da Copa Sul-Americana 2014, afirmando que não é a primeira vez que seus jogadores se deparam com essa atmosfera típica de jogos decisivos: “Não é a primeira vez que vamos jogar uma final. As ansiedades existem. Essa sensação antes de uma partida decisiva é normal. Jogar diante da nossa torcida tem que ser uma coisa natural. A partida pode se apresentar de muitas maneiras, mas nossa necessidade de impor uma intensidade para sermos protagonistas não vai mudar" ponderou.

O atual técnico do River estava presente na última conquista de Libertadores dos Millonários, em 1996. Depois de um de revés de 1 a 0 sofrido em terras colombianas para o América de Cali, o time de Almeyda, Ortega e Francescoli desmanchou a desvantagem e venceu em Buenos Aires por 2 a 0. Gallardo, na época com 20 anos, ingressou no decorrer do cotejo final na vaga de Hernán Crespo.

Encerrando sua coletiva, o ex-meia não poupou elogios ao adversário desta quarta-feira, frisando, porém, que seus comandados não “sofreram” no jogo da ida: "é a equipe mais poderosa da competição pelo plantel que dispõe e pelos reforços que conseguiu. Seus jogadores de ataque são de importância, mas não sofremos em Monterrey, apesar de ter sido uma situação isolada. Foi muito pouco para uma equipe com tanto potencial, mas foi um bom trabalho do River”.

Outro a falar do lado argentino foi o zagueiro Funes Mori. Membro da defesa que conseguiu parar André Gignac na semana passada, o defensor ressaltou a qualidade do vice-artilheiro do último Campeonato Francês: “Gignac é um jogador importante e desequilibrante, mas temos que fazê-lo sentir o rigor no nosso estádio".

O atleta destacou também a ansiedade vivida pelo elenco antes de decisão e exaltou o palco da final: "vamos jogar, tem muita loucura e ansiedade no bom sentido, e agente tem que saber aproveitar, será positivo pra nós e eles sentirão o que é jogar no Monumental, que estará repleto" afirmou.

Mistério do lado mexicano

Dono da segunda melhor campanha da fase de grupos da Libertadores – atrás apenas do Boca Juniors –, o Tigres depende da inspiração da sua linha frente para chegar ao título no tempo regulamentar. Para que isso ocorra, os compatriotas de Pancho Villa necessitam dar sequência ao que já vem sendo feito ao longo do torneio, já que em apenas uma oportunidade (na derrota para o Emelec nas quartas-de-final) os mexicanos não marcaram gol longe de seus domínios.

Uma das esperanças da torcida nesse aspecto é um dos artilheiros Felinos no torneio continental. Bicampeão sul-americano com o Internacional, Rafael Sóbis, questionado sobre o peso dos desfalques do River Plate para a decisão, afirmou que os portenhos não sofrerão com as ausências no confronto.

“Isso não quer dizer nada. São jogadores experientes, que estão acostumados com o grupo e é uma final de Libertadores, onde existe superação. É o último jogo da competição e não existe essa de titular e reserva. Quem entrar vai jogar bem e tentar de superar” analisou.

De boa atuação na última quarta-feira, o meio-campista Arévalo Ríos fez uma breve projeção da partida em Buenos Aires, imaginando um jogo de pouco espaço: “Vai ser muito fechado, não vai haver muito espaço. Talvez nos primeiros minutos eles vão atacar, o que é normal, pela euforia dos torcedores. Mas estamos tranquilos. Vamos tentar a aproveitar as situações que tivermos”.

A dúvida do técnico Ricardo Ferreti é no meio-campo. Recuperado de lesão, Javier Aquino, um dos destaques da equipe na semifinal volta a ser opção para iniciar a partida. O brasileiro, no entanto, pode, a exemplo do cotejo em Monterrey, optar por escalar Alvarez, meia revelado pelo River Plate. A ausência confirmada fica por conta do lesionado Ayala, que deve ser substituído por Rivas na defesa.

“Tuca”, como é conhecido o comandante, seguiu a linha de pensamento de Arévalo, e lembrou também do equilibrado retrospecto recente entre argentinos e mexicanos: "O River é um grande rival e demonstrou isso nas três vezes em que o enfrentamos .Vai ser uma partida totalmente diferente das outras, muito fechada e sem espaços. Temos que fazer nosso trabalho e aproveitar as situações de gol que criarmos, que serão poucas"

O treinador se mostrou consciente de que seus comandados precisam melhorar para chegar ao título: "Tigres fez as coisas bem, mas agora temos que melhorar se queremos ganhar a final". 

Em contraposição a Gallardo, que já divulgou o onze inicial que deve ir a campo amanhã, Ferretti afirmou que “já tem o time definido, mas só vou divulgá-lo pouco antes da partida”.