Historicamente antagonistas no âmbito do futebol, brasileiros e argentinos amanheceram de luto nesta sexta-feira (14). Agustín Mario Cejas, ex-goleiro de Santos, Grêmio, Racing, River Plate e Huracán e que sofria de Mal de Alzheimer, faleceu aos 70 anos na última madrugada. 

Cejas nasceu em 22 de março de 1945 em Buenos Aires e se formou como jogador no Racing. Estreou entre os profissionais em 1962, quando tinha apenas 17 anos, e não demorou para agarrar sua oportunidade. Em 1964, foi convocado para defender a seleção de seu país nos jogos olímpicos de Tóquio.

Em 1967, participou dos maiores títulos da história da Academia. A Copa Libertadores (primeira e única da história do time de Avellaneda) e a Copa Intercontinental, conquistada em novembro após a vitória em cima do Celtic. Permaneceu na agremiação até 1969 e totalizou 334 partidas com o manto racinguista, sendo até hoje o segundo jogador que mais vezes atuou pelo clube, superado em três jogos por Gustavo Costas. Ainda esteve à frente da equipe como treinador em 1984 (ano em que a equipe disputou a segunda divisão nacional) e como secretário técnico em 2000. 

Ganhou chance naseleção principal em 1969, e foi titular das eliminatórias para a Copa de 1970, a única que a Argentina não ficou entre os classificados. Participou neste ano de amistoso em que sua seleção venceu os futuros campeões daquela Copa do Mundo por 2 a 1 no Beira-Rio e pela sua destacada atuação, de acordo com o site Futebol Portenho, chamou a atenção dos clubes brasileiros.

Em 1970, desembarcou em Santos para defender o clube homônimo, onde permaneceu até 1974. Foi companheiro de Pelé e campeão paulista em 1973, ano em que dividiu a primeira Bola de Ouro (prêmio concecido pela Revista Placar) da história com o gremista Ancheta.

Após uma passagem pelo Huracán em 1975, onde participou do vice-campeonato do Globo no Metropolitano, Cejas voltou a vestir uma camisa azul. Mas dessa vez em Porto Alegre, com o clube em questão sendo o Grêmio. Teve o "azar" de defender o Tricolor justamente em uma época hegemônica - a nível estadual - do rival Colorado. Encerrou sua participação pelo clube um ano antes do histórico título do Campeonato Gaúcho de 1977, ano em que retornou à "Acade".

O arqueiro esteve entre os pré-convocados para a Copa do Mundo de 1978 (disputada em solo argentino em plena Ditadura Militar). No entanto, foi cortado e acabou de fora da disputa do torneio. Após bom desempenho em medíocres campanhas da Academia, transferiu-se para o River Plate, em 1981, onde sagrou-se campeão nacional na reserva de Fillol.

Em outubro do ano passado, a direção do Racing homenageou o ídolo no terceiro piso da sede de Avellaneda. Ali estiveram sua filha e seu neto, mas o próprio homenageado não pôde comparecer, já em função dos problemas de saúde. Em março deste ano, quando completou 70 anos, o clube argentino o homenageou através de seu site oficial.

Através do seu portal, a Academia lamentou a morte do histórico arqueiro.