Em um campeonato de pontos corridos, é normal haver polêmicas envolvendo arbitragem e o time que está na liderança. Às vezes, as reclamações de possíveis favorecimentos a tal clube chegam até ser demasiadas, mas nunca deixam de existir. E na Serie A desta atual temporada não é diferente.

A líder da competição, Juventus, está a seis pontos de vantagem do Napoli, segundo colocado. O time de Turim não ostenta a parte mais prestigiosa do campeonato à toa, já que vem de uma sequência absurda de invencibilidade – a última derrota ocorreu no dia 28 de outubro de 2015, para o Sassuolo.

Porém, há algumas reclamações contra a Juve envolvendo a arbitragem que, analisando com outros lances similares, escancaram um “dois pesos e duas medidas” da justiça desportiva italiana a favor dos bianconeri.

Torino-Juventus, 20 de março de 2016, estádio Olímpico de Turim. Juventus vencia o jogo, por 1 a 0, quando Alex Sandro cometeu pênalti em Bruno Peres. Os jogadores bianconeri ficaram enfurecidos e partiram para cima do árbitro Nicola Rizzoli. Destemperado, Leonardo Bonucci, zagueiro da Juve, chegou a encarar o juiz ferozmente. Ele ganhou cartão amarelo pela conduta. (A Juventus venceu o dérbi, por 4 a 1, mas o Torino teve um gol mal anulado quando o jogo ainda estava 1 a 1.)

Momento que Bonucci encara Rizzoli (Foto: Reprodução/Twitter)
Momento que Bonucci encara Rizzoli (Foto: Reprodução/Twitter)

Udinese-Napoli, 3 de abril de 2016, estádio Friuli. Napoli saiu à frente, mas sucumbiu no segundo tempo e saiu derrotado, por 3 a 1. O lance emblemático do jogo – além do golaço de bicicleta de Bruno Fernandes – aconteceu com o artilheiro Gonzalo Higuaín. Após falta sem bola no zagueiro Felipe, o argentino recebeu o segundo amarelo, foi expulso e ficou enfurecido. Peitou o árbitro e, descontrolado, teve de ser contido por membros da comissão técnica do Napoli na ida ao vestiário.

Dois lances bem parecidos e que, em tese, deveriam acarretar em suspensões. Mas não foi isso que aconteceu. Ou melhor, não foi isso que aconteceu para um dos lados. Bonucci não chegou a sequer ser julgado. Higuaín, por sua vez, pegou quatro jogos de gancho e terá de pagar uma multa de € 20 mil.

A justiça desportiva italiana alega que Higuaín recebeu a punição devido à “má conduta contra um adversário, além de insulto e por colocar as mãos sobre o peito do árbitro [Massimiliano Irrati], sendo contido pelos companheiros de equipe”. Após o anúncio da punição ao camisa 9 do Napoli, Nicola Rizzoli, árbitro que apitou Torino-Juventus, abafou uma possível “cabeçada” de Bonucci.

Bonucci não me deu nenhuma cabeçada. Fui eu quem o empurrei, de modo a afastá-lo do juiz de linha de fundo. Não houve um cabeça a cabeça. As imagens não dão uma noção do que aconteceu na realidade. O jogador só exagerou na reclamação. Não teria me limitado a aplicar somente o cartão amarelo se fosse uma cabeçada”, disse Rizzoli ao jornal italiano La Repubblica.

Analisando essas duas alegações, é possível fazer a seguinte indagação: um comportamento hostil contra um jogador adversário e a autoridade de uma partida rendem punições, mas encarar um árbitro da forma como Bonucci fez não resulta em nada?

É evidente que a atitude furiosa de Higuaín foi errada, sobretudo para um atleta que é o destaque do Napoli e está na disputa pela Chuteira de Ouro da temporada – divide a liderança com o brasileiro Jonas; ambos têm 30 gols. Contudo, não haver sequer uma suspensão para o zagueiro da Juve, que claramente também teve uma explosão diante de Rizzoli, chega a ser suspeito em meio a tantas outras insinuações de favorecimentos aos bianconeri.

Zaza insulta árbitro e sai impune

Zaza também não recebeu punição por sua "má conduta" (Foto: Giuseppe Cacace/AFP)
Zaza também não recebeu punição por sua má conduta (Foto: Giuseppe Cacace/AFP)

No último jogo da Juventus na Serie A, contra o Empoli, o atacante Simone Zaza discutiu com o árbitro do duelo, Giampaolo Calvarese, por um pênalti não assinalado a favor da Vecchia Signora e, segundo a imprensa italiana, o chamou de “filho da p***” e “pedaço de m****”. Assim como Bonucci, o jogador não foi julgado e escapou sem nenhuma suspensão.

Um caso bem semelhante a este de Zaza aconteceu com Jérémy Ménez, do Milan, na temporada passada. Após receber o segundo cartão amarelo por uma falta que ele não havia cometido, o francês insultou o árbitro Piero Giacomelli e, antes de se retirar ao vestiário, o xingou de “filho da p***”. Resultado: quatro jogos de suspensão que tirou o atacante dos últimos jogos da temporada 2014/15.

Dois pesos e duas medidas?

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