Diferente das temporadas que teve com Vincenzo Montella no comando, a Fiorentina em 2015/16 teve um grande início de trajetória – até pouco provável – no primeiro ano de Paulo Sousa em Florença. O time chegou a liderar a Serie A por cinco rodadas, e fechou o ano de 2015 na vice-liderança, mas, na segunda parte do campeonato, as coisas não funcionaram como no início e o time 'despencou' para o 5º lugar.

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Nas primeiras seis rodadas do campeonato, a Fiorentina conseguiu cinco vitórias e teve apenas uma derrota. Com o esquema 3-4-2-1 montado por Paulo Sousa, a Viola tinha movimentação, posse de bola e bons finalizadores para começar muito bem a temporada. Na 6ª rodada, goleou a então invicta Internazionale, fora de casa, por 4 a 1, e assumiu a liderança da Serie A pela primeira vez desde 1999.

Goleada em Milão levou a Fiorentina a liderança da Serie A (Foto: Getty Images)
Goleada em Milão levou a Fiorentina a liderança da Serie A (Foto: Getty Images)

A Viola liderou o Italiano entre as rodadas 6 e 8, e depois nas rodadas 11 e 12. Na 8ª rodada, fora de casa contra o Napoli, um dos grandes jogos da temporada – assim como a partida em Florença – a derrota por 2 a 1 não foi tão lamentada, até pelo desempenho. Os dois times eram aclamados pela imprensa como os que apresentavam melhor futebol no país, e foi o que mostraram em campo.

Na Europa League, a Viola fez uma campanha de recuperação. Após perder duas partidas em casa, para Basel e Lech Poznan, nas três primeiras rodadas, o time se recuperou fez sete pontos no returno no grupo e terminou na vice-liderança com 10 pontos, três vitórias, um empate e  duas derrotas.

Até o fim de 2015, a Viola disputou 17 partidas na Serie A, ganhou 11, empatou duas e perdeu quatro. Fechou o ano em 2º lugar, com o atacante Nikola Kalinic, contratado junto ao Dnipro no início da temporada, marcando 10 gols no período. Na volta para 2016, nova vitória: 3 a 1 contra o Palermo, fora de casa. Mas, a partir daí, o time não conseguiu mais recuperar o grande futebol. Em casa, perdeu por 3 a 1 para a Lazio e na sequência sofreu um 2 a 0 contra o Milan, em Milão.

Kalinic foi o retrato do time: grandioso em 2015, decadente em 2016 (Foto: Getty Images)
Kalinic foi o retrato do time: grandioso em 2015, decadente em 2016 (Foto: Getty Images)

Após esse momento conturbado, a Viola até conseguiu uma recuperação. Nos seis jogos seguintes, foram quatro vitórias - duas delas com gols nos acréscimos, 2 a 1 no Carpi e 2 a 1 na Inter – além de dois empates. Mas, a partir da eliminação na primeira fase de mata-mata da UEL contra o Tottenham – derrota por 3 a 0 em Londres após 1 a 1 em Florença –, a Fiorentina passou a ter muitas dificuldadades.

O que mudou tanto o rendimento da Viola de um turno para o outro foi a falta de eficiência de seu esquema. Antes mortal em jogadas laterais e com um centroavante muito efetivo, a Fiorentina passou a ser um time pragmático de muita posse de bola, mas de pouca efetividade. Com os times entendendo o esquema de Paulo Sousa, passaram a apertar a saída de bola dos zagueiros, forçar ligações diretas, interromper ações laterais e os planos alternativos do técnico português não funcionaram. Em casa, o time passou a tropeçar contra times da parte de baixo da tabela, após um primeiro turno quase perfeito no Franchi.

Uma pequena crise ainda foi deflagrada na virada do ano. O treinador, esperançoso com uma temporada para brigar pelo scudetto, não conseguiu os reforços que queria. Tello e Zárate foram importantes, mas Kone, Tello e Benalouane - que não fez nenhuma partida, por conta de uma lesão trazida do seu antigo time, o Leicester – foram pouco efetivos. Houve rumores de que Sousa não seguiria em Florença, mas as partes se acertaram e o português seguirá em 2016-17.

Sousa queria e quer mais para a Viola na sequência do trabalho (Foto: Getty Images)
Sousa queria e quer mais para a Viola na sequência do trabalho (Foto: Getty Images)

Kalinic, artilheiro do time na primeira parte no campeonato, só balançou as redes duas vezes em 2016, sendo o jogador mais prejudicado – e também um grande responsável – pela queda de rendimento. O time que marcou gol em todas as 19 primeiras rodadas, não balançou as redes em cinco jogos no segundo turno.

Depois de empatar em 1 a 1 com o Napoli, em 29 de fevereiro, em outro grande jogo de futebol na temporada na Itália, a Viola foi goleada pela Roma por 4 a 1, na rodada 28, no jogo que tirou o time da zona de UCL, para onde os florentinos não mais voltaram. Nas 10 rodadas finais, a Fiorentina venceu apenas dois jogos, empatou cinco e perdeu três. Após a 3ª melhor campanha do primeiro turno, a Viola foi apenas a 10ª na segunda parte do campeonato.

Goleada sofrida em Roma arruinou sonho de UCL (Foto: Getty Images)
Goleada sofrida em Roma arruinou sonho de UCL (Foto: Getty Images)

A partida da rodada 35, diante da rival Juventus, foi um bom retrato da Fiorentina no campeonato. Em casa, o time fez um grande jogo. Criou chances, dominou a posse de bola e teve tudo para sair com a vitória. Mas a Juve abriu o placar na primeira etapa em sua primeira finalização. No segundo tempo, a Viola empatou aos 36 com Kalinic, que voltou a marcar depois de nove jogos. Mas, logo na sequência, gol dos campeões italianos. Nos acréscimos, a grande decepção do torcedor no Franchi: Kalinic parou em Buffon em pênalti cobrado aos 45 e, aos 48, acertou o travessão. Assim, a Fiore viu seu grande inimigo comemorar o iminente título em sua casa.

Derrota em casa para a campeã foi das mais frustrantes para a torcida viola (Foto: Getty Images)
Derrota em casa para a campeã foi das mais frustrantes para a torcida viola (Foto: Getty Images)

O alento do torcedor viola veio na rodada final. Contra um time que a Fiorentina tem uma dificuldade histórica de vencer, uma atuação categórica. Diante da Lazio, em Roma, vitória de virada por 4 a 2. Com grandes atuações de Bernardeschi, Tello e Vecino, a Viola mostrou o futebol envolvente do primeiro turno e deu esperanças de uma temporada melhor em 2016/17. Apesar da desilusão de ficar fora até mesmo da UCL após liderar o campeonato, a Fiorentina terminou em uma posição esperada, até pela troca de comando de uma temporada para a outra.

Autoritária vitória na rodada derradeira dá esperanças para a Viola (Foto: Andrea Spinelli/Getty Images)
Autoritária vitória na rodada derradeira dá esperanças para a Viola (Foto: Andrea Spinelli/Getty Images)

Time-base

Tatarusanu; Roncaglia, Gonzalo Rodríguez e Astori; Bernardeschi (Tello), Badelj, Vecino, Borja Valero e Marcos Alonso; Ilicic e Kalinic.

Destaque - Josip Ilicic

15 gols: Ilicic fez sua maior temporada artilheira na carreira (Foto: Getty Images)
15 gols: Ilicic fez sua maior temporada artilheira na carreira (Foto: Getty Images)

Contestado em temporadas anteriores, o esloveno Josip Ilicic mostrou o grande futebol que a Viola esperava desde que o contratou em 2013. Artilheiro do time e protagonista após o declínio de Kalinic, o meia-atacante de 28 anos balançou as redes 13 vezes na Serie A (duas na UEL) e ainda deu cinco assistências. Foi sua temporada mais artilheira na carreira.

O meia Borja Valero também é outro que teve grande temporada. Símbolo de uma nova Fiorentina desde 2012 com Montella, o espanhol de 31 anos foi o comandante do meio-campo inteligente e dinâmico da Viola. Ficando fora de apenas um jogo na Serie A, Valero anotou quatro gols e forneceu seis assistências.

Comandante técnico do time, Valero é o retrato do futebol bem jogado da Viola (Foto: Getty Images)
Comandante técnico do time, Valero é o retrato do futebol bem jogado da Viola (Foto: Getty Images)

Num geral, a Fiorentina teve jogadores muito regulares e que disputaram grande temporada. Os zagueiro Gonzalo e Astori, os meio campistas Badelj Vecino e também o ofensivo Marcos Alonso, lateral/ala esquerdo.

Revelação - Federico Bernardeschi

Sem lesões, Bernardeschi confrimou potencial e chegou a Azzurra (Foto: Getty Images)
Sem lesões, Bernardeschi confrimou potencial e chegou a Azzurra (Foto: Getty Images)

Depois de um 2014/15 atrapalhado por lesões, o italiano Federico Bernardeschi demonstrou seu potencial. Polivalente, o atacante, de 22 anos, foi deslocado para a ala direita e foi uma das grandes válvulas da engrenagem de Paulo Sousa. Inventivo, polivalente, rápido e bom finalizador, 'Berna' marcou seis tentos e deu quatro passes para gol na temporada. Chamou atenção de gigantes como Man United, Bayern e Barcelona, e está no grupo italiano que jogará a Eurocopa 2016. Apesar do assédio de grandes clubes, Bernardeschi já ressaltou que pretende ser ídolo na Viola. Bom para os torcedores, que esperam ver mais do jovem cria das categorias de base do time.