Após perder Arturo Vidal e Andrea Pirlo, peças fundamentais na construção da hegemonia da Juventus na Itália, a diretoria alvinegra trouxe Sami Khedira como uma de suas reposições. Atleta que vinha de uma temporada no Real Madrid com apenas 17 jogos disputados, somente dois deles como titular, totalizando míseros 624 minutos em campo e nenhum gol marcado. Pouco para um protagonista na Seleção Alemã campeã do mundo no Brasil.

O insucesso nos madrilenhos era reflexo de suas constantes lesões, que não o permitiam estar em seu ápice físico para brigar por posição com os sempre regulares Modric e Toni Kross, além do ascendente Casemiro. A ida para Itália foi uma aposta sensata, para clube e jogador. A Juve não precisou pagar nada por Khedira e o mesmo vislumbrava chances de atuar em uma equipe que precisaria ser remontada, principalmente em seu meio-campo.

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O início foi difícil e parecia se encaminhar para o fracasso. A Juve começou mal a temporada, tendo o pior começo de temporada em 53 anos e já descartada do título por muitos, com apenas dez rodadas. Khedira via do departamento médico o mal momento da equipe. A primeira partida do volante ocorreu apenas em setembro de 2015, na vitória para o Sevilla por 2 a 0 na Champions League, jogo que marcou outra lesão e mais um mês parado.

Mas Massimiliano Allegri confiava no potencial do jogador e continuou insistindo no alemão. Aos poucos Khedira voltou a sua plena forma física e foi questão de tempo para se tornar titular. O meio-campista deu outra cara para a meia cancha da Juventus, se aproximando muito ao que Arturo Vidal fazia nas últimas quatro temporadas. A agressividade não é a mesma, mas o camisa 8 da Juve compensa com um ótimo passe, visão tática e um bom posicionamento em campo.

Foto: Getty Images
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Com Khedira titular, a Juventus não perdeu no Campeonato Italiano. Foram 19 vitórias e apenas um empate. Pela primeira vez em três anos o volante atuava mais que vinte vezes em uma temporada, chegando aos 1926 minutos jogados, o triplo comparado ao que jogou no ano passado. O ex-Real Madrid se tornou um verdadeiro top player no elenco da Juve, titular absoluto no segundo semestre.

A presença do alemão na equipe de Turim influenciou todos os setores. No esquema 3-5-2 de Allegri, ele faz a função do primeiro homem de meio-campo, responsável por transitar a bola da defesa para o ataque. Em um time que preza a posse, Khedira é perfeito, aliando qualidade no passe - que o permite distribuir bem a bola - e excelente consistência defensiva, sendo eficaz para recuperar rápido a posse, mantendo o adversário longe da meta de Buffon.

No ataque Khedira se tornou a válvula de escape da velha senhora. Quando DybalaPogba e Mandzukic estavam bem marcados, o volante aparecia como peça surpresa no ataque, funcionando como armador ou definidor. Isso pôde ser visto no gol espetacular marcado na vitória por 4 a 1 contra o rival Torino. Com o trio ofensivo anulado, o alemão aproveitou a desatenção que foi dada a ele e conduziu a bola do meio campo até a área, concluindo com classe na saída do goleiro Padelli.

Foto: Getty Images
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Na vitória por 4 a 0 diante do Palermo, Khedira foi mais uma vez decisivo. Desta vez ele apareceu como elemento surpresa por atrás da zaga e contou com a boa visão de jogo e execução de Pogba, que fez um lançamento com maestria para o alemão matar no peito e sem deixar a bola cair mandar para as redes. Um gol que demonstra toda a visão tática do volante, além da perfeição técnica para definir um lance difícil.

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No penta campeonato italiano os nomes de Pogba e Dybala são os mais destacados. Mas sem a regularidade de Khedira a Juve não teria alcançado o título com tamanha facilidade. No seu auge técnico, o alemão tem tudo para contribuir ainda mais para a Juventus na próxima temporada. E com o reforço de algumas peças, quem sabe colocar a velha senhora em um estágio ainda maior no âmbito continental.