À espera pelo maior evento do esporte mundial vai chegando ao fim. A partir do dia 5 de agosto, o Rio de Janeiro será a cidade-sede dos Jogos Olímpicos 2016. Os olhos dos cinco continentes estarão voltados para a Cidade Maravilhosa, onde serão disputadas diversas modalidades esportivas durante 16 dias.

Esporte mais praticado em todo o país e paixão popular do nosso povo, o futebol não fica de fora do evento olímpico. Sendo disputada desde a edição de 1908, em Londres, a modalidade foi a segunda da área de esportes coletivos a integrar o quadro de disputas olímpicas, atrás do polo aquático.

O país recordista de medalhas no futebol é a Hungria, sendo três ouros, uma prata e um bronze. Maior vencedor da Copa do Mundo da Fifa, com cinco conquistas, o Brasil nunca conquistou a medalha dourada. São três pratas, sendo a mais amarga delas contra o México, em 2012, e dois bronzes.

Treinado por Rogério Micale, ex-técnico das categorias de base do Atlético-MG, o elenco canarinho tem entre seus convocados para a edição deste ano o meia Felipe Anderson. Ainda que tenha tido uma temporada irregular na Lazio, o meia é homem de confiança do comandante e deve ser titular nos Jogos Olímpicos do Rio.

Trajetória: ascensão no Santos, protagonismo na Lazio e quase ida ao Manchester United

Após passar seis meses nas categorias de base do Coritiba, Felipe Anderson viajou a Santos em 2007 a fim de participar uma peneira no Santos. À época com 17 anos, o garoto franzino nascido em Santa Maria, no Distrito Federal, impressionou os coordenadores da equipe de divisões de base do Peixe com um grande futebol e garantiu sua vaga no time.

Garoto prodígio, Felipe Anderson pulou algumas etapas dentro das categorias de base do Santos. O meia se destacava marcando vários gols, o que o credenciou a usar a camisa 10 do time de juvenis quando ainda tinha idade para jogar na categoria infantil. Ele não chegou a levantar algum troféu pelas divisões de base do Peixe - bateu na trave em 2010, quando foi vice-campeão da Copa São Paulo.

Após se destacar bastante nas categorias de base, Felipe Anderson chegou ao profissional do Santos em 2010. Foi relacionado pela primeira vez em outubro daquele ano, em jogo contra o Palmeiras, na Vila Belmiro. Seu primeiro tento com a camisa alvinegra saiu em cima do Noroeste, pelo Campeonato Paulista.

LEIA MAIS: Entrevista. Convocado, Felipe Anderson almeja ouro olímpico e seleção principal: "Meu grande sonho"

Embora tenha mostrado muito talento na divisões de base, Felipe Anderson oscilou bastante quando chegou ao profissional do Santos. Tanto é que não conseguiu ser titular mesmo depois das saídas de Neymar e Paulo Henrique Ganso. Ele também era muito exigido por Muricy Ramalho, que via qualidade no jogador, mas cobrava mais participação do meia nas partidas. O técnico costumava gritar bastante com o atleta à beira do gramado.

Felipe Anderson, depois de três anos na Vila Belmiro, acertou sua ida à Lazio, que pagou € 7,8 milhões (R$ 22,6 milhões) pelos direitos do meia. Deixou o Santos com 110 jogos disputados e nove gols anotados. Participou das conquistas de dois Paulistas (2011 e 2012), da Recopa Sul-Americana (2012) e da Copa Libertadores da América (2011).

Em sua primeira temporada no Velho Continente, Felipe Anderson teve de se adaptar ao tático e físico campeonato italiano. Mas foi na época seguinte, 2014/15, que o ex-santista se consagrou com a camisa biancoceleste da Lazio. Disputou 37 jogos, balançou as redes 11 vezes e deu dez passes para gol. Um dos melhores jogadores da temporada.

A temporada 2015/16, no entanto, foi de irregularidade para Felipe Anderson. Esteve aquém do esperado num time que pereceu no decorrer do ano. Mas mesmo assim o jogador se valorizou no mercado. O Manchester United mostrou desejo em contar com o futebol do brasileiro. A Lazio, entretanto, recusou a oferta do clube inglês.

Seleção Brasileira Olímpica

Felipe Anderson usou a camisa 10 da Seleção Brasileira Olímpicadurante toda a preparação dos canarinhos para a Olimpíada do Rio e não decepcionou. O meia, inclusive, foi um dos destaques do Brasil na goleada sobre os Estados Unidos, por 5 a 1, em novembro de 2015, em amistoso realizado em Belém. Ele saiu do banco e marcou dois gols – um deles sendo de falta.

Destacou-se também no último amistoso preparatório da Seleção Brasileira Olímpica, contra a África do Sul, em março deste ano, em Maceió. Dessa vez o meia não balançou as redes durante a vitória por 3 a 1 ante os Bafana-Bafana, mas foi o responsável pelas jogadas que deram início aos dois primeiros gols tupiniquins. Organizou o meio de campo da equipe enquanto esteve em campo – deu lugar a Thiago Maia no segundo tempo.

As boas atuações de Felipe Anderson com o uniforme verde e amarelo deixam boa impressão para Rogério Micale, treinador que o acompanha desde as categorias de base do Brasil. “Sabemos o potencial que Felipe Anderson tem. Tem a nossa confiança. Ele mostrou todo o talento e qualidade que vem desempenhando”, disse o comandante, após a boa exibição do atleta contra a África do Sul.

Depois de muito trabalho e dedicação, Felipe Anderson acabou recompensado com a convocação nessa quarta-feira (29). O camisa 10 da Lazio não escondeu sua euforia: “Jogar as Olimpíadas sempre foi uma das minhas maiores prioridades. Ver esse momento se concretizar com a convocação é uma emoção que não tenho palavras para descrever. Participei ativamente de toda preparação, tenho uma fé enorme nesse projeto, nas pessoas que estão no comando dele, e vou fazer o possível e o impossível para trazer esse ouro para o nosso país. Temos um time de qualidade e pronto para encarar esse desafio”.

A Lazio até tentou barrar a ida de Felipe Anderson à Olimpíada do Rio, mas após a precoce saída de Marcelo Bielsa, que iria assumir a equipe romana e não estava disposto a ceder o brasileiro para os Jogos Olímpicos, o meia finalmente teve a liberação para disputar o torneio.