A Internazionale demorou a puxar o gatilho na recém-fechada janela de transferências, mas acertou logo em dois alvos quando o fez. Perto do encerramento do mercado, o vitorioso olímpico Gabigol e o campeão europeu João Mário chegaram de Santos e Sporting, respectivamente. Em sua primeira oportunidade, o grupo Suning mostrou que está disposto a abrir o bolso para recolocar os nerazzurri no caminho correto.
A partir de agora, a responsabilidade de utilizar bem a dupla está toda nas mãos do treinador Frank De Boer. Pelo visto nas duas primeiras rodadas da Serie A, o dueto de língua portuguesa só tem a equilibrar o conjunto milanês.
Apesar do claro desejo em estar frequentemente no campo adversário, a Inter de De Boer tem sofrido para dominar verdadeiramente e produzir chances de gol. Como o período de pré-temporada foi perdido (o holandês assumiu já em agosto), resta ao técnico montar uma equipe em plena temporada. Precisando trabalhar sobre tentativa e erro, Frank passa a dar sua cara ao grupo interista.
Frank De Boer: "Gabigol e João Mário são versáteis, podem jogar em várias posições"
Ter Éver Banega como homem mais recuado do meio-campo e Ivan Perisic caindo mais pelo centro, por exemplo, não era algo esperado sob o comando de Roberto Mancini. Depois do fechamento da janela, a ordem no clube é encontrar um norte real. Gabriel e João Mário ganham importância justamente aí.
De Boer procurou não fugir dos esquemas 4-2-3-1 e 4-3-3 neste pontapé de início. Sua Internazionale possui 61% como média de posse de bola, a maior da 1ª divisão italiana. Tentando colocar Banega como centro do jogo ofensivo, a equipe almeja sempre o controle das partidas – também a partir da sufocante pressão alta. Porém, faltam detalhes fundamentais para realizar este jogo de posse. Entre eles, uma maior movimentação entre as linhas de marcação oponentes.
Para avançar, é preciso ter opções de passe contínuas à frente, pelo meio. Enquanto Candreva, Perisic ou Biabiany preferem atuar muito abertos, as contratações são o oposto. João Mário e Gabigol, começando em qualquer zona do campo, tendem a terminar por dentro. É simples, apenas o equilíbrio natural.
Fora isso, ambos são versáteis às suas maneiras. Gabriel faz tudo perto da área, de ponta a centroavante. João Mário pode jogar em uma linha de três meio-campistas, atrás do atacante ou próximo da lateral - até como 2º volante ocasionalmente.
De Boer recebe a possibilidade de mudar a estrutura sem alterar os atletas, ganha coringas para o seu baralho. Força para tabelar perigosamente, qualidade para decidir confrontos duros. Acima de tudo, poder para fazer uma Inter do seu jeito.