Nesta segunda-feira (21), Demetrio Albertini, ex-jogador multicampeão pelo Milan e com passagem notável pela seleção italiana, anunciou sua candidatura as eleições para a presidência da FIGC (Federazione Italiana Giuoco Calcio, em português Federação Italiana de Futebol), que ocorrerão no dia 11 de agosto. O cargo está vago desde que Giancarlo Abete pediu demissão, em junho, após a eliminação da Squadra Azzurra na primeira fase da Copa do Mundo, pela segunda vez consecutiva.

 "Me ponho a disposição para o cargo, mas me ponho desde que Abete renunciou ao cargo. Mais de um terço da minha carreira também foi de terno e gravata, organizei 14 manifestações quando era jogador", disse Albertini, que atualmente é o vice-presidente da entidade.

Albertini também destacou que o futebol italiano precisa se adequar a modelos estrangeiros, mas afirmou que estes precisam ser feitos no 'modelo italiano': "Nós temos os nossos métodos. Somos outro país, talvez o modelo alemão não seja aplicável aqui. Devemos saber o que queremos: Nos contentar em ser um campeonato de passagem, ou voltarmos a ter a melhor liga do mundo como era nos anos 1990. É o meu sonho. Mas no mercado europeu temos menor força contratual", disse o ex-jogador, com passagens também por Padova, Lazio, Atalanta, Atlético de Madrid e Barcelona.

A candidatura foi festejada por pessoas do meio do futebol, como o atacante Giuseppe Rossi, da Fiorentina. "Seria um grande sinal, um prazer ver um ex-jogador no cargo de presidente. Vamos esperar."

Faltando uma semana para o prazo final de candidaturas, há somente duas: a de Albertini, e a de Carlo Tavecchio, presidente da Liga Amadora da Itália. A candidatura de Tavecchio tem fortes opositores, como James Palotta, presidente da Roma, que declarou que é "favorável a renovação de governar o futebol italiano", e que as "regras e homens atuais fizeram com que o futebol italiano tivesse uma perda de credibilidade e de interesse no mercado doméstico e internacional". Aurelio De Laurentiis, presidente do Napoli, também opositor, disse que seu voto "será de um dirigente que se comprometerá com o renascimento e a renovação". Mas o principal crítico atual é Andrea Agnelli, presidente da Juventus, que chegou a atacar a dirigência da FIGC, incluindo o ex-presidente Abete e o ex-treinador da seleção Cesare Prandelli, recém-contratado pelo Galatasaray, a quem disse que "está feliz na Turquia, onde a carga tributária é menor, mas não foi agradecer ao presidente da Federação que nós deixou a sós". Outros representantes, como Barbara Berlusconi, do Milan, se declararam a favor de mudanças no futebol italiano.

O prazo de candidaturas acaba no próximo domingo. Na quinta-feira, a Liga da Serie A se reunirá para aprovar um documento de planejamento criado por Claudio Lotito, presidente da Lazio, e Andrea Agnelli, sobre o candidato em questão -- provavelmente Demetrio Albertini, que aceitou o convite de alguns jogadores e treinadores, além de clubes da Serie A, guiados pela Juventus, para a sua candidatura. Mas mesmo assim, Carlo Tavecchio permanece como favorito a vencer as eleições para o cargo máximo do futebol italiano.

Como funcionam as eleições na FIGC:

As candidaturas devem estar acompanhadas de um documento de orientação sobre as atividades da FIGC no próximo ciclo olímpico e sem vínculo de mandato. A eleição acaba no primeiro turno no caso de um candidato ter acima de três quartos dos votos válidos pelos delegados da Assembleia. O quórum vai diminuindo nos dois escrutínios seguintes: no segundo, basta a maioria de dois terços de votos, e no terceiro, basta a maioria de votos. É eleito o candidato que tiver a maioria dos votos válidos. Neste caso, talvez o sistema não funcione em sua totalidade devido a haverem somente dois candidatos.

No dia 11 de agosto, votarão 278 delegados, de acordo com as normas aprovadas na última reunião, o que totalizariam 20 delegados para a Serie A, 21 para a Serie B, 60 delegados para a Lega Pro (terceira divisão), 90 delegados para as Ligas Amadoras, 52 delegados para a associação de atletas, 26 delegados para a associação de treinadores, e 9 delegados para a associação de árbitros. Mas mesmo com um número de delegados, os pesos percentuais são os "fiéis da balança" que tem o poder de decidir a eleição. A maior parte são a das ligas amadoras, com 34%, seguida pela associação de jogadores, com 20%, Lega Pro com 17%, Serie A com 12%, associação de treinadores com 10%, Serie B com 5% e a associação de árbitros com 2%.

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