O maior escândalo desvendado, um dia para jamais ser esquecido. Um grandioso esquema de corrupção nos bastidores do futebol começou a ser desvendado e revelado para todo o mundo. Em uma operação conjunta entre autoridades policiais da Suíça e o FBI – serviço de inteligência dos Estados Unidos, sete executivos da Fifa foram presos em um hotel luxuoso em Zurique, na Suíça. Entre os detidos, o ex-presidente e atual vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin.

De acordo com informações provenientes do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, por meio de uma nota oficial, 14 réus são acusados de extorsão, fraude e conspiração para lavagem de dinheiro, além de uma série de outros delitos, cometidos “em um esquema de 24 anos para enriquecer através da corrupção no futebol”. Entre os presos, chefes de empresas, presidentes de federações de países latino-americanas, além de mandatários e chefes da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebolo) e da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf).

Segundo informou o jornal americano The New York Times, mais de uma dúzia de policiais suíços à paisana chegaram de maneira inesperada ao Baur au Lac Hotel, local onde executivos se hospedavam para o congresso anual da Fifa, que culmina na eleição presidencial da entidade neste ano. Os acusados foram rendidos de maneira pacífica, sem menor resistência. No local, foram presos José Maria Marin, Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugênio Figueiredo e Rafael Esquivel. Um mandado de busca foi executado na sede da Concacaf, localizada em Miami/EUA.

Também são considerados réus o brasileiro J. Hawilla, dono da Traffic, uma das líderes no marketing esportivo; o norte-americano Charles Blazer, ex-secretário-geral da Concacaf e ex-representante dos Estados Unidos no Comitê Executivo da Fifa; Daryan e Daryll Warner, filhos do ex-presidente da Fifa, Jack Warner. Segundo a justiça dos EUA, Hawilla concordou em pagar mais de US$ 151 milhões, aos quais US$ 25 mi foram pagos imediatamente. Estes outros réus são acusados de extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução de justiça.

Como principais motivos que despertaram a investigação iniciada pelo FBI há três anos, o uso indevido do sistema financeiro dos Estados Unidos, além da polêmica escolha de Rússia e Qatar como sedes dos próximos mundiais de futebol, em 2018 e 2022, aos quais os Estados Unidos mostraram interesse intenso em sediar mais uma vez a competição. A polícia americana deixou claro que a escolha do Brasil para a realização da Copa do Mundo em 2014 será investigada.

“Não vamos parar por aqui. Queremos limpar o futebol mundial”

Horas após a prisão dos executivos e a varredura na CONCACAF, a Justiça dos Estados Unidos concedeu uma entrevista coletiva, onde detalhou maiores detalhes e esquemas de financiamento ilícito para empresas, confederações, mandatários e empresários. Segundo o Departamento de Justiça e o FBI, o objetivo é limpar o futebol mundial, além de afirmar veementemente que a operação apenas começou.

Esses esquemas não são novos, acontecem há mais de 20 anos e estamos aprendendo como funcionam. Quero deixar uma coisa clara: esse é o começo do nosso trabalho, e não vamos parar por aqui. Trabalharemos muito duro para chegar ao fundo desse tipo de corrupção e limpar o futebol mundial”, explicou Kelly Currie, promotor federal de Nova Iorque.

Ninguém jamais sairá impune. Prometo que em algum momento vamos esclarecer tudo o que acontece. Muitas pessoas se envolvem nesse tipo de prática pensando que vão se dar bem, mas não será assim. Estamos atrás de desmembrar os esquemas e não iremos descansar até o momento que o mundo entenda que esses esquemas não são tolerados e serão castigados com todo o rigor da lei”, disse James Comey, diretor do FBI.

Essa é a Copa do Mundo da corrupção, e hoje a Fifa levou cartão vermelho. Continuaremos trabalhando com todos os nossos melhores investigadores ao redor do mundo para limpar tudo e fazer com que joguem as regras do jogo. Estamos cientes que a Fifa já fez coisas incríveis pelo futebol, mas, nesses casos de propinas, não foi assim. Nesses casos, a Fifa não jogou a favor do esporte, e, sim, em benefício próprio de alguns indivíduos”, afirmou Richard Weber, investigador da Receita Federal norte-americana, ao afirmar que todos os envolvidos também serão investigados pelo órgão fiscalizador.

Segundo a procuradora-geral de Justiça dos Estados Unidos, Loretta Lynch, a esperança é que os esquemas de corrupção e fraudes sejam extintos de hoje em diante, com a descoberta e a investigação eficiente das autoridades suíço-americanas. “A Fifa já vem tendo problemas durante anos. Espero que, depois dessa investigação, seja a última vez que a gente ouça alguma coisa sobre corrupção na entidade e problemas na eleição do próximo presidente”, declarou.