No domingo (16), o Esporte Clube Pelotas/Phoenix recebeu a equipe do Black Show pelo jogo de volta da semifinal do Campeonato Gaúcho Feminino de Futebol. A partida de ida havia sido 2 a 1 para o Black Show e as Lobas precisavam de uma vitória, por qualquer marcador, para levar a decisão aos pênaltis. O resultado acabou sendo o mesmo de Guaíba, só que em favor das áureo-cerúleas.

Nas penalidades máximas, porém, o Black Show voltou a levar a melhor e garantiu passagem para final do estadual. A equipe da região metropolitana aguarda pela vencedora do duelo entre Canoas e Atlântico de Erechim, que empataram o primeiro confronto pelo placar de 1 a 1 e decidem a classificação no dia 23. As partidas finais serão no mês de novembro, nos dias 6 e 11.

Pelotas abre o placar no início, mas Black Show reage

Na tarde dominical, um final de semana de tempo feio em que voltou a raiar o sol. A chuva se despediu na manhã e o caminho para o estádio da Boca do Lobo foi mais tranquilo aos familiares, amigos, amigas e apoiadores em geral do futebol feminino do Pelotas. A partida iniciou às 15h30 com a presença de um público satisfatório no pavilhão coberto, com entrada pela rua Padre Anchieta. A transmissão exclusiva do jogo foi da Rádio Federal 107.9 FM, emissora pública da Universidade Federal de Pelotas.

Logo aos 5 minutos, o Pelotas/Phoenix abriu o placar em jogada de Itainá e conclusão precisa, sutil e esperta da atacante Júlia Cipriani. Ela viu que a goleira Lana saía pelo chão e tocou por cima para fazer 1 a 0. O resultado passava a valer em favor das Lobas e o Black Show adiantou seu time em busca do empate.
Com maior povoação do meio campo, em chegada de até cinco jogadoras, o time de Guaíba se lançou ao ataque e criou algumas oportunidades. A atacante Pelé, autora dos dois gols do Black Show no jogo de ida, porém, apareceu muito isolada.

(Foto: Henrique König / VAVEL Brasil)

No segundo tempo, o ataque da equipe alviverde passou a se encaixar. A goleira do Pelotas, Rubiani, precisou fazer duas boas intervenções para evitar o gols visitantes. Mas, em boa trama de Pelé, ela aproveitou o espaço e tocou a bola na esquerda para Betinha, a jogadora enquadrou o corpo e disparou um chute certeiro de canhota, para acertar o ângulo da meta e vencer a goleira Rubiani: 1 a 1. O gol sofrido aos 16 minutos da etapa final mexeu com os ânimos do time do Pelotas. O técnico Marcos Planella chegou a destacar que a equipe não soube manter a organização durante os 90 minutos, mas a vontade e a raça foram recompensadas no fim.

Após finalizações de média distância defendidas pela goleira Lana e também duas bolas paradas colocadas no travessão, uma delas em cobrança da zagueira Beatriz, o Pelotas enfim conseguiu o segundo gol, que o credenciou à disputa de pênaltis. O 2 a 1 só veio aos 47 minutos. Mais uma vez Itainá mostrou sua qualidade pelo meio de campo, ela lançou a bola do centro para a área e a oportunista camisa 11, Júlia Cipriani aproveitou para chutar no canto, antes da chegada de Lana. Segundo gol dela no jogo e festa na Boca do Lobo com a vitória no tempo normal.

Equipe de Guaíba leva a melhor nos pênaltis

Nas penalidades máximas, o Black Show iniciou cobrando e convertendo. O Pelotas precisava sempre buscar a igualdade. Foram ótimas sequências de pênaltis, com a bola chegando à rede e fora do alcance das arqueiras, em empate por 3 a 3. A quarta cobrança das Lobas foi de Ingrid, que parou em defesa de Lana. Com o 4 a 3 a favor, coube à zagueira Shaiane chutar no centro da meta e carimbar a classificação do Black Show, por 5 a 3. As jogadoras comemoraram muito, mas chamou a atenção quando foram até os torcedores do Pelotas e também agradeceram a presença deles, em clara demonstração de que o futebol feminino ainda necessita de muito apoio.

Black Show comemora vitória nos pênaltis
(Foto: Henrique König / VAVEL Brasil)

Para as Lobas, o sonho do bicampeonato estadual ficou interrompido. Uma geração e um time de grandes jogadoras, por exemplo, a goleira Rubiani e a lateral Débora, com passagem pelas categorias de base da seleção brasileira, além das jogadoras de meio campo Gabi Euzério, de Itainá, precisa nas assistências, e da artilheira Júlia Cipriani, autora de nove gols no torneio. Ainda no gramado, as jogadoras lamentaram a eliminação, foram consolando-se entre elas mesmas e também reverenciadas pelo público, que aplaudiu-as pelo esforço. Não só da partida, como no dia a dia, na prática do futebol.

Uma tarde de grande exibição na Boca do Lobo, com emoção e vitória das Lobas no tempo normal, com o triunfo do Black Show nos pênaltis, pois, como é do esporte, somente um clube avançaria à final. Demonstrações para acreditar em dias melhores ao Futebol Feminino, que ainda há de crescer muito no país.

No Rio Grande do Sul, a promessa é da instituição de uma Seleção Gaúcha com as melhores jogadoras do campeonato, a parceria com investimentos com empresas privadas e a criação de centros de treinamento espalhados pelo estado, para captação e oportunização de novos talentos.