Ronaldinho Gaúcho deixou o Atlético-MG em 2014 após dois anos maravilhosos no clube mineiro. Porém, o rendimento do armador entrou em decadência depois da conquista da Copa Libertadores em 2013 e seu ciclo pelo Galo chegou ao fim em julho de 2014. Desde sua saída, a camisa 10 alvinegra está vaga. Guilherme a usou em 2014, mas se lesionou bastante e não teve muita sequência. Neste ano, ela começou com Jesús Dátolo (na numeração fixa na Libertadores, ele é quem a veste), passou por Cesinha, Sherman Cárdenas e, por último, Luan. Em tese, este último mostrou um diferencial quando a usou.

O ‘Menino Maluquinho’ do Galo não é lá um gentleman como Ronaldinho na armação, que com toda sua classe e maestria deixava os companheiros na cara do gol – Jô que o diga. Mas ele mostrou na partida contra o Tombense, no domingo (22), no Ipatingão, pela nona rodada do Campeonato Mineiro, que está melhorando seu potencial técnico. Vestindo a camisa 10 e jogando mais centralizado do que um meia aberto pela direita, marcou dois gols e conduziu a equipe alvinegra à vitória por 3 a 0.

É verdade que Luan tem de trabalhar com mais afinco a fim de aperfeiçoar suas qualidades técnicas (sobretudo o passe, indispensável para essa função de homem responsável por fazer a bola chegar aos atacantes). Ele mesmo o admitiu após o jogo diante do Tombense. “Ainda tenho que melhorar muito, principalmente meu passe e dinâmica de jogo que eu tinha e estava perdendo. Estou recuperando essa dinâmica”, avaliou.

Mesmo com toda sua humildade ao admitir que precisa melhorar, o baixinho de 1,70m arrancou elogios de Levir Culpi. “O Luan, em alguns momentos, é genial, tem algumas jogadas anormais, mas no todo é um jogador muito útil, com uma vontade muito grande no sistema defensivo, ele completa o sistema defensivo e na frente ele consegue desequilibrar. É um jogador que está com aproveitamento muito bom”, analisou o treinador.

Mas dentre os jogadores que já vestiram a camisa 10 pós-Ronaldinho, Luan é o que tem mais identidade com a torcida. É aquele cara que pega na bola, parte para cima e inflama os torcedores. Evidentemente, o ex-jogador da Ponte Preta não tem os requisitos de Guilherme e Dátolo, por exemplo, que desfrutam de uma grande visão de jogo aliado à precisão nos passes e lançamentos. Porém, o meia de 24 anos é mais regular, constante e, o mais importante, tem um grande elo com a massa atleticana.

As qualidades de Luan se encaixam perfeitamente com o que os atleticanos esperam de um jogador: entregar totalmente à partida, sair de campo esgotado, não se dar por vencido em uma disputa de bola e, claro, muita explosão e velocidade. Esses atributos foram suficientes para criar uma identidade com a torcida a ponto de fazê-lo protagonista do Atlético depois da saída de Diego Tardelli para a China.

Além dessa nova qualidade de poder exercer o papel de um camisa 10 moderno (deixar o flanco em direção ao meio para criar as jogadas, mobilidade intensa, voltar para marcar, etc.), Luan está mostrando mais um dote nesse início de temporada: espírito artilheiro. Com os dois gols marcados na vitória sobre o time de Tombos no domingo, Menino Maluquinho tornou-se o artilheiro da equipe ao lado do atacante argentino Lucas Pratto com cinco tentos em dez jogos.

Portanto, em tempos de escassez de camisas 10 clássicos – ou até Dátolo e Guilherme retornarem de lesão e conseguirem ter uma sequência de jogos sólidos –, a solução pode ser Luan, um jogador moderno, com identidade com a torcida e que realmente está engajado em melhorar suas qualidades técnicas para poder levar o Galo às glórias em 2015. O número 27 ficará marcado para sempre na carreira de Luan, mas quem sabe não está na hora de ele aproveitar a chance com a 10?