Protagonista da campanha do título alvinegro do Campeonato Brasileiro de 1995 e grande ídolo da gloriosa história do Botafogo, Túlio Maravilha sempre esteve em evidência vestindo a camisa do clube, seja pelos seus inúmeros gols em campo ou em suas declarações divertidas e provocativas.

Dono de um jeito irreverente, o atacante não esconde seu amor pelo clube carioca e continua acompanhando o Glorioso. Engana-se quem pensa que Túlio não se envolve mais com esportes, atualmente ele dá palestras aos jovens atletas, mirando a formação deles como jogadores. 

Em entrevista à VAVEL Brasil, o ex-jogador falou sobre o momento atual do clube, não só no campeonato como em todo seu contexto financeiro e político, a diferença em jogar em um estádio como a Arena Botafogo e seus projetos para o futuro.

Confira a entrevista com Túlio Maravilha na íntegra:

VAVEL Brasil: Como você avalia o crescimento do Botafogo no campeonato?

Tulio Maravilha: Avalio o crescimento devido às especulações de que o Botafogo lutaria para não cair porque não tinha elenco, jogadores à altura da Série A e, mesmo com dificuldades financeiras, acabou surpreendendo e em um recuperação rápida e uma boa sequência de vitórias, os jogadores se comprometeram com a chegada do Jair Ventura. Incorporaram à tradição do Glorioso, então não é novidade o Botafogo estar brigando agora na parte de cima. Espero que possa chegar muito mais longe e quem sabe beliscar uma vaga na Libertadores. 

VB: Uma dupla de sucesso inesperado foi Neilton e Sassá. Claro que o nível não se assemelha ao de Tulio e Donizete de 95, mas o que você acha dos jovens jogadores? 

TM: Eu vejo o Sassá e o Neilton como jovens atacante promissores, principalmente o Sassá que é da base do Botafogo. Tem uma explosão muscular muito forte, porte físico, arrancada, presneça de área. Sem lesão e com reuglaridade, acredito que o Sassá tem tudo para ser o artilheiro do campeonato. Já o Neilton é seu complemento, um jogador de mais velocidade, beirada de campo, que vai ajudar muito o Sassá a ser aritlheiro do campeonato. Aposto muito na dupla e espero que eles possam jogar muito tempo juntos e dar alegrias à torcida alvinegra. 

VB: Atualmente como é sua relação com o clube no dia a dia? Acompanha aos jogos religiosamente e torce junto? 

TM: A minha relação com o Botafogo e a diretoria atual sempre foi muito boa. Eles sempre me recebem de portas abertas quando vou ao Rio de Janeiro, na sede. Me coloquei à disposição da diretoria, do marketing, pra gente fazer eventuais promoções e então atrair sócios-torcedores para aumentar o quadro de torcedores do Botafogo. Sou Botafogo de coração, devo tudo ao clube. Hoje sou Tulio Mraavilha por causa do título de 95, então a minha relação é a melhor possível e espero ser útil para a diretoria e para os jogadores. 

VB: Tem desejo de futuramente ter algum cargo no clube?

TM: O cargo que caberia mais com a minha história e perfil dentro do clube seria mais de palestrante motivacional pro pessoal da base. Conhecer a história do clube, a minha história como ídolo do nosso Glorioso, então acho que me encaixaria muito nessa questão do clube usar minha imagem para eventos de marketing, poder atrair sócio-torcedores, essa nova geração que não viu o Tulio Maravilha jogar e ser campeão brasileiro em 95. Então acho que esse é meu perfil que caberia muito bem, sendo um embaixador do clube no Brasil e no exterior. Tem tudo a ver comigo ligar a minha imagem ao do Botafogo em todas as áreas.

VB: O que o Botafogo de 1995 tinha que o atual não tem?

TM: ​O Botafogo de 95 tinha uma boa mesclagem entre jogadores jovens e experientes. E não comparando, mas o nível técnico era muito maior. Ainda assim, era um clube desacreditado e ninguém apostava que naquele ano seríamos campeões. Se tem algo que o time atual pode se comparar àquele, é em seu comprometimento, o amor à camisa, a garra em todos os jogos. Pode até perder como perdemos algumas vezes naquele ano, mas havia a gana, a vontade de mostrar realmente o amor pelo clube. É isso que o grupo tem que fazer. Se comprometer a lutar até o último minuto e então tenho certeza que os resultados virão.

VB: Já visitou a Arena Botafogo? Como você enxerga o fato do time jogar sem a grandiosidade do Maracanã e no Estádio Nilton Santos, porém em um local de pressão e proximidade com a torcida?

TM: Infelizmente o Botafogo ficou deslocado por conta da Copa do Mundo e das Olimpíadas, ficando assim sem poder jogar no Engenhão e no Maracanã. Mas acredito que é só uma fase momentânea. Está havendo dificuldades, mas o Botafogo está sabendo aproveitar bem a Arena. Ajuda muito o time a ter um calor humnado perto da torcida no alambrado, fazer do local um caldeirão pra conquistar as vitórias. E logo logo o Botafogo vai voltar ao Engenhão, que é sua casa, aí sim vai poder na reta final do campeonato ficar mais próximo do seu torcedor. 

VB: Por fim, mande um recado à torcida alvinegra! Você é um dos grandes ídolos da história do clube e muito querido pelos botafoguenses

TM: Meu recado aos torcedores de todo o Brasil é que acreditem e não desanimem. O clube está passando por dificuldades e temos que ter o pé no chão, sem se iludir e achar que é o melhor time do mundo e que vai ser campeão. É um projeto que daqui a dois ou três pode dar certo, mantendo a base forte e dando moral a jogadores jovens como Sassá e Luis Henrique, além da volta do Jefferson. Precisamos de ídolos para atrair o torcedor. Se conseguirmos esse planejamento, tenho certeza que no ano que vem vamos colher os frutos e então o Botafogo vai brigar para ser campeão brasileiro e da Copa do Brasil, ou seja, pensar grande como foi na minha época. 

Abraço a todos os torcedores e, quando eu for ao Rio, estarei pertinho da sede de General Severiano para abraçar todos vocês. Um abraço e muito obrigado!