Foram necessários apenas 19 minutos para o Corinthians garantir sua classificação para as quartas de final da Copa do Brasil diante do Bragantino. Com três gols neste espaço de tempo, os donos da casa praticamente liquidaram a partida na Arena Corinthians e demonstraram um ótimo ritmo de jogo, com muitas chances criadas e agradaram a Fiel Torcida, extremamente participativa desde o apito inicial.

Em entrevista coletiva após o triunfo por 3 a 1, o técnico Mano Menezes elogiou a postura da equipe e ressaltou a importância da classificação após o revés na partida de ida – em Cuiabá, o Timão foi derrotado por 1 a 0. O Alvinegro volta a campo no próximo domingo (7), pelo Campeonato Brasileiro, diante do Criciúma, em Santa Catarina.

“O mais importante é a classificação, o início de jogo que tivemos, forte, com definição pelos lados. Criamos um bom número de jogadas, suficientes para dar uma bela atuação e o placar de 3 a 0 no primeiro tempo” afirmou.

O comandante alvinegro fez questão de lembrar os cinco desfalques do Corinthians para o duelo – Gil e Elias servem a Seleção Brasileira, Guerrero e Lodeiro às seleções peruana e uruguaia, respectivamente, e Ferrugem foi expulso na ida. Por conta das baixas, Mano montou a equipe em um esquema diferente, tirando Jadson do time titular e jogando com três atacantes, Luciano, Romarinho e Romero, sendo municiados apenas por Renato Augusto, o nome da partida.

“Temos de ressaltar que uma equipe tão mexida, com jogadores que entram e há bastante tempo não faziam 90 minutos, eles sentem a falta de ritmo. Foi visível em alguns. Tivemos de tirar o Bruno Henrique porque sentiu o cansaço. Felipe também sentiu um pouco. Tive de tirar Romero pela mesma situação, não tinha mais forças. Por outro lado, tem a questão psicológica, placar garantido, então a postura é mais de administrar”, analisou.

Para o técnico, a partida desta quarta-feira (3), também mostrou que o Alvinegro do Parque São Jorge tem elenco o suficiente para brigar pelas duas competições: Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro, em que a equipe ocupa atualmente a quarta colocação.

“Hoje tivemos um exemplo de que temos (elenco). Ir para um jogo decisivo, tendo que reverter uma vantagem sem cinco jogadores, estamos falando de jogadores de seleções. Isso valoriza muito o trabalho. Mas isso tem limitação, chega um momento em que talvez tenhamos de pensar, direcionar, já fiz isso no jogo passado com o Fluminense. Pensava em fazer essa formação de hoje. Protegemos ela um pouco para sairmos com Ferrugem e não ficarmos sem dois laterais. Poderia sair com o Fagner e perdê-lo. Cuidei de Renato também porque sabia que uma sucessão muito grande geraria um desgaste, tenho preocupação com Romero que está sofrendo um pouco com essa questão de intensidade”, comentou.

Sobre o próximo adversário, Mano Menezes preferiu não fazer adivinhações. Classificado para as quartas de final, o Corinthians espera o vencedor do duelo entre Atlético Mineiro e Palmeiras para conhecer seu rival. Na primeira partida, os mineiros venceram por 1 a 0 em pleno Pacaembu.

"Hoje tivemos um exemplo de que temos. Ir para um jogo decisivo, tendo que reverter uma vantagem sem cinco jogadores, estamos falando de jogadores de seleções. Isso valoriza muito o trabalho. Mas isso tem limitação, chega um momento em que talvez tenhamos de pensar, direcionar, já fiz isso no jogo passado com o Fluminense. Pensava em fazer essa formação de hoje. Protegemos ela um pouco para sairmos com Ferrugem e não ficarmos sem dois laterais. Poderia sair com o Fagner e perdê-lo. Cuidei de Renato também porque sabia que uma sucessão muito grande geraria um desgaste, tenho preocupação com Romero que está sofrendo um pouco com essa questão de intensidade", disse.

Em meia de hora de entrevista coletiva, Mano Menezes tocou em outros pontos, como a exclusão do Grêmio do campeonato por conta dos atos racistas contra o goleiro Aranha na última quinta-feira (28), aspectos táticos da sua equipe e a cultura de troca de técnicos no futebol brasileiro.

Eliminação gremista

“Sei que a questão é muito delicada. Tratar de maneira superficial é difícil. Penso que é um precedente perigoso, porque muita coisa acontece num estádio de futebol. Se vamos passar a considerar o clube responsável por tudo isso, daqui a pouco não teremos mais futebol. Com todo o respeito que tenho pelo Aranha, pela gravidade da situação e pela condenação que faço do ato daquelas pessoas”.

Dança dos técnicos

“Se estivéssemos no Brasil, Joachim Löw (técnico da Alemanha e campeão mundial) estaria correndo risco hoje (por ter sido derrotado pela Argentina por 4 a 2). Isso só comprova aquilo que estamos falando há bastante tempo. Falta consistência nos nossos discursos, falamos e não fazemos. Depois da Copa, fizemos várias teorias de continuidade, tudo maravilhoso, e passaram alguns dias e as coisas continuam exatamente como estão. Não temos respeitado essa necessidade de uma continuidade maior. Estamos vendo os exemplos e repetimos sempre os que deram certo. As equipes vencedoras se solidificaram em cima dessa continuidade. Foi assim no Corinthians, São Paulo, Grêmio, Inter, estamos vendo agora no Cruzeiro... É com tristeza que vejo isso de direcionar a uma pessoa a responsabilidade sobre um trabalho muito complexo”.

Atuação da equipe

“Domingo, contra o Fluminense, teve mais a ver com nossa formação tática. Estávamos indefinidos com o que queríamos ser no jogo. Passa pela saída do Petros, então me vi na necessidade de achar outra formação e não deixar para a última hora. Antecipamos essa decisão, até correndo um pouco de risco. Com isso a equipe perdeu identidade, primeiro tempo do Fluminense não fomos a equipe que marcava bem e nem a equipe que atacou. Hoje definimos e entramos em campo para atacar, e atacamos bem. Quando você faz isso, você corre alguns riscos defensivamente. São riscos calculados de quem vai atacar o adversário. Isso que é importante. Podemos ser assim contra outras equipes também. Vamos medir os riscos. Não só quando estivermos perdendo o jogo, mas quando iniciar também, ou na casa do adversário. Algumas equipes conseguem fazer. Nós, por estarmos em transição, oscilamos um pouco”.

Intensidade da equipe

“Se fosse só uma questão de ânimo, seria fácil. Futebol não é só vontade. Nossos jogadores têm sempre demonstrado uma vontade ímpar de acertar. Às vezes você não consegue fazer jogos tão bons. Temos de ressaltar que o Bragantino jogava com três jogadores no meio-campo, então nos proporcionava jogar dessa forma sem perder o controle do meio. Não é uma decisão unilateral. Hoje isso era possível, às vezes não é. O adversário pode ter cinco jogadores no meio, congestiona o setor, e você pode não conseguir igualar. Ainda temos de oscilar um pouco em termos de formação, temos de nos adequar a algumas situações porque não conseguimos nos impor contra todos”.

VAVEL Logo
Sobre o autor
Guilherme Sacco
Editor-chefe da VAVEL Brasil. Fanático por esportes e, principalmente, por futebol, decidi ser jornalista para tentar ajudar o crescimento e desenvolvimento do esporte no país.