Campeão por onde passou, o ex-centroavante Ronaldo é uma parte viva da história do Cruzeiro campeão da Libertadores de 1976. Vindo do futebol paulista, onde jogou por quase cinco anos, o jogador atuou pelo time celeste durante uma temporada e conquistou o título mais importante das Américas. 

Ronaldo Gonçalves Drummond nasceu no dia 2 de agosto de 1946, em Belo Horizonte. Embora tenha iniciado profissionalmente no Atlético-MG, onde foi campeão mineiro em 1970, e brasileiro, em 1971, Ronaldo passou pelo Cruzeiro quando estava nos juvenis, em 1963.

Logo em seguida, deixou Minas Gerais para fazer sucesso em São Paulo. Defendeu a camisa do Palmeiras onde se transformou em ídolo e referência da segunda academia do alviverde na primeira metade dos anos 70. Até hoje, Ronaldo é conhecido pelo gol marcado na final do Paulistão de 1974 contra o Corinthians. Além de dar o título para os palmeirenses, aumentou o jejum de título do alvinegro que já durava 20 anos. 

Empresário no ramo imobiliario, função que trabalha há quatro décadas, contra para VAVEL Brasil como foi a campanha e dá detalhes da primeira Libertadores conquistada pelo Cruzeiro.

VAVEL: Como foi sua chegada ao Cruzeiro, em 1976?

Ronaldo Drummond: "Depois de ser campeão brasileiro em 1971, fui para o Palmeiras, ganhei muitos títulos e fiquei lá até meados de 1975. Só que naquele ano sairam Leão, Luis Pereira, Eurico e Leivinha, além do técnico Osvaldo Brandão e a chegada do Dino Sani. Depois do Palmeiras, joguei seis meses no Santos, que também estava em reformulação depois da saída do Pelé. Aí apareceu o Cruzeiro. Depois do Brasileirão pelo Peixe, fiquei treinando dois meses no Cruzeiro sem ninguém saber. Naquela ocasião, meu passe estava preso ao Palmeiras, e eles só liberariam se fosse para um time de Belo Horizonte, e foi o que aconteceu. Palmeiras e Cruzeiro entraram em um acordo e assinei com o time celeste."

Ronaldo atuou pelo Cruzeiro apenas em 1976. Foto: Reprodução/Revista Placar

VBR: Como foi a montagem do time campeão da Libertadores?

RD: "O time já estava formado. Vinha de boas campanhas, ganhou Mineiro, dois vezes vice-campeão brasileiro, e chegaram poucos jogadores, como eu, Jairzinho e o Ozires. Cheguei e fiquei no banco, junto com o Eduardo, pois a linha de frente era Roberto Batata, Palhinha, Jairzinho e Joãozinho. Só comeceu a jogar depois da morte do Batata. Quando o Eduardo entrava no meio, eu completava o ataque."

VBR: Quais eram as maiores dificuldades naquela Libertadores?

RD: "Para começar, o Brasil não ganhava a Libertadores há 13 anos. O último time que tinha ganhado era o Santos, em 1963. Particularmente, disputei três competições, uma com o Atlético (1972) e duas pelo Palmeiras (1973 e 1974) e nunca ganhei. As condições de jogo eram irregulares quando se jogavam fora do Brasil. A dificuldade era muito maior, pressão no campo, no vestiário, praticamente uma guerra."

VBR: Quais são as lembranças que você tem da final contra o River Plate?

RD: "Eles eram à base da Seleção Argentina. Era difícil demais jogar com eles. A Argentina dominava a Libertadores. O Independiente era tetracampeão. Só que eu confiava demais naquele título, pois nosso time era melhor, mais acertado dentro de campo e com jogadores experientes. No primeiro jogo nós arrebentamos. Vencemos por 4 a 1, sendo que poderíamos ter feito mais. Na segunda partida, a gente poderia ter ganho na Argentina. Só não saímos vencedores, porque nenhum time brasileiro batia os times de lá no território deles.

A terceira partida no Chile foi inesquecível pra mim. Entrei como titular, porque o Jairzinho foi expulso na segunda partida, na Argentina. No primeiro gol, a penalidade máxima foi em cima de mim. O segundo gol partiu de uma jogada que fiz pelo meio e rolei para o Eduardo marcar aquele golaço. E outra coisa, fui expulso nessa partida, porque o volante deles chamado Merlo me bateu o jogo inteiro. Depois do terceiro gol, acabei expulso de campo."

Ronaldo, visivelmente cansado, ergue a taça da Libertadores. Foto: Reprodução/Blog Tardes de Pacaembu

VBR: Como foi a festa após o título?

RD: "A festa foi maravilhosa. Estávamos no hotel e fizemos a festa com os torcedores, conselheiros, foi tudo muito especial. Em Belo Horizonte, os jogadores foram recepcionados de forma muito carinhosa pela torcida. Depois disso, fiquei no Cruzeiro o restante da temporada, visando jogar o Mundial Interclubes contra o Bayern de Munique, e era o meu sonho, mas fiquei de fora. Após este episódio, encerrei minha carreira e fui cuidar dos meus negócios."