Fred fica no Fluminense. Após desentendimentos com o técnico Levir Culpi, o atacante seguirá em Laranjeiras. O anúncio aconteceu nesta quinta-feira (14), onde o presidente Peter Siemsen confirmou sua permanência. Com a camisa do Flu, o capitão balançou as redes 167 vezes em 277 partidas, conquistou um campeonato carioca, dois campeonatos brasileiros além de ajudar a salvar a equipe do - até então inevitável - rebaixamento de 2009.

O início

Tudo começou no dia 04 de março de 2009 quando após uma longa negociação, Fred - até então insatisfeito no Lyon, chegou às Laranjeiras com um contrato de 5 anos. Com a saída de Washington no fim do ano anterior, Fred chegou com status de craque do time e logo assumiu a camisa 9

O atacante estreiou contra o Macaé, 11 dias depois de ter sido apresentado, em partida válida pela Taça Guanabara daquele mesmo ano. Logo na sua partida inicial, Fred demonstrou força de vontade e seu espírito de matador ao ir à rede por duas vezes dando a vitória ao Fluminense juntamente com Thiago Neves que também deixou sua marca. Aquele seria o início de uma era no Fluminense.

A segunda partida contra o Bangu teve o mesmo final, Fred indo às redes mais uma vez para decidir. Essa cena se repetiu por diversas vezes ao longo da passagem do atacante que apesar de ter chegado fazendo juras de amor ao clube que o formou, o Cruzeiro, logo demonstrou carinho pela camisa tricolor e caiu nas graças da galera.

A Sul-Americana e o Time de Guerreiros

Quando chegou ao Fluminense, Fred teve de lhe dar com uma torcida esperançosa e que ainda não acreditava na perda da Libertadores de 2008. Apesar da conquista da CB de 2007, o torcedor acreditava que era o momento do Flu retomar o seu posto de gigante junto ao cenário nacional. E com esse espírito, começou a Sul-Americana.

Logo de cara, um confronto contra o Flamengo. No jogo de ida com mando tricolor, nada de gols em uma partida brigada e até certo ponto violenta. Já na partida de volta, Roni marcou nos acréscimos da primeira etapa e Dênis Marques descontou para o rival. Com a regra do gol fora de casa, a equipe se classificou iniciando sua trajetória rumo a um possível título. 

Na ocasião, Fred ainda não havia sido inscrito na competição mas, logo que Fábio Santos deixou à equipe, Fred se juntou ao elenco que distava a competição com a camisa de número 20. Contra o Alianza Lima pelas oitavas, ainda sem Fred, a equipe conseguiu um bom resultado fora de casa e no agregado passou com um resultado de 6-3.

Chegaram às quartas de finais e a pressão da torcida aumentava cada vez mais. Fred já estava em campo quando o Flu recebeu a Universidade de Chile no jogo de ida. O atacante marcou duas vezes, mas, viu Montillo e Olivera descontarem para a La U que levou para o Chile uma excelente vantagem. Mas, na partida de volta brilhou a estrela do craque, Fred marcou o único gol do jogo e deu a classificação ao Fluminense, o título já era uma realdade.

A partida seguinte foi contra o Cerro Porteño, um duelo que ficou famoso pela briga ao fim do jogo, quando Alan foi as redes decretando a vitória tricolor. O primeiro jogo terminou 1-0 pro tricolor com gol de Fred. O segundo foi 2-1, sendo que os gols de Gum e Alan foram marcados já na prorrogação da partida.

E em menos de um ano, o Fluminense retornava à final de uma competição sul-americana e quis o destino que fosse contra a mesma LDU que levado o Maracanã aos prantos um ano antes. E quis o destino que o mesmo acontecesse. Em duas partidas difíceis e muitos erros de arbitragem, o Fluminense novamente parava na LDU e adiava o sonho de voltar a conquistar um título sul-americano. Fred, na ocasião, foi expulso.

Assim como no ano anterior, a dedicação do time com a competição (seja ela a Libertadores ou a Sul-Americana) deixou o Fluminense em situação complicada na tabela. Com a probabilidade de se rebaixado em torno de 98%, os matemáticos e os jornalistas davam como certo o rebaixamento tricolor, eles só não contavam com os Guerreiros.

A reação começou no dia 10 de outubro, quando Fred retornou ao time após grave lesão e levou a equipe para a vitória contra o Santo André por 2-1 na 29ª rodada. Foram 9 rodadas de sofrimento e resultados "contados" até a partida contra o Coritiba que garantiu a surpreendente permanência tricolor na primeira divisão.

O Brasileirão 2010 e 2012 e o Carioca de 2012

Já consagrado como ídolo, o brasileirão de 2010 era a chance da reafirmação tricolor e principalmente de Fred. A equipe se reforçou com ajuda da patrocinadora e contratou Muricy Ramalho para levar o time de volta ao caminho das glórias e conquistas. E deu certo...

Com Muricy no comando, o Fluminense fez um campeonato exemplar e conquistou de maneira indiscutível o campeonato de 2010 acabando com o tabu que vinha desde 84. Mas, não foi um dos melhores anos para o 9 tricolor. As lesões voltaram a aparecer, as polêmicas começaram a surgir e Fred terminou o ano de 2010 em baixa. 

O ano seguinte era ano de retorno à Libertadores e dessa vez com um elenco forte recheado de craques como o próprio Fred, Conca e Deco. Mas, nem tudo ocorreu como esperado, o treinador que havia aberto mão da seleção para ganhar o Brasileirão de 2010 saiu pela porta dos fundos e problemas internos com Emerson Sheik fizeram com que o clima nas Laranjeiras não fosse dos melhores.

Os tricolores lutaram, mas, não conseguiram passar das oitavas quando caíram frente ao Libertar-PAR na Libertadores que mostrou ao mundo Neymar e Ganso. Porém, não foi um ano ruim. O Fluminense voltou a se classificar para a Libertadores de 2012 e Fred chegaria a seleção brasileira.

Se é possível escolher um ano para definir como o ano do Fred, é 2012. Com um começo de ano arrasador, o Fluminense venceu o Carioca com o até então melhor atacante do Brasil em alta. A Libertadores parecia uma realidade, já que o elenco estava cada vez mais forte e dessa vez contava com Deco, Wágner, Sóbis e Nem, além de Fred, como as principais peças.

Sob o comando de Abel Braga, o tricolor bem que tentou, mas parou no Boca Juniors nas quartas de finais, adiando mais uma vez o sonho das américas. Contudo, a derrota não abalou a equipe, que foi com tudo para a conquista do Campeonato Brasileiro e começou a sua jornada e a sua rivalidade com o Atlético Mineiro.

Fred decidiu e em 2012, marcou 20 gols no Campeonato Brasileiro além de superar a marca de Magno Alves marcando 44 gols em 4 edições de campeonatos brasileiros com a camisa tricolor. O 9 tricolor ainda conquistou o prêmio de melhor jogador do campeonato naquele ano e era figurinha carimbada nas convocações da seleção brasileira.

A Copa das Confederações e o fracasso na Copa do Mundo

2013 foi um ano importante para Fred, apesar de novamente não conseguir conquistar à Libertadores com o Fluminense e ver a equipe passar por uma reformulação, o atacante chegou à titularidade na seleção e foi convocado para a Copa das Confederações.

Cotado para assumir a 9 da Juventus-ITA, Fred acabou por ficar no Rio, conquistando cada vez mais prestígio com o torcedor. Mas, desta vez, não era apenas os tricolores que torciam por um bom desempenho do atacante, mas o Brasil inteiro. E ele correspondeu  da melhor forma.

Em forma como nunca antes e apresentando um futebol de alto nível, Fred foi decisivo para a conquista brasileira na Copa das Confederações marcando inclusive gols contra a Itália e o gol mais importante da campanha, contra a Espanha em pleno Maracanã na final da competição. 

Apesar do sucesso com a seleção, o Fluminense estava de mal a pior e foi salvo nos tribuinais do rebaixamento naquele mesmo ano, era um indício de uma difícil fase que estaria por vir. 2014 foi um pouco diferente, Fred voltou a ser o artilheiro da competição e o Flu terminou a campanha em 6 lugar, ficando na beira de uma possível ida à Libertadores.

Mas, o que realmente chamava a atenção naquele ano era a Copa do Mundo. Com a conquista da Copa das Confederações, o título era uma realidade, mas, com uma fraca apresentação, a seleção esbarrou no famoso 7-1 e frustrou seus torcedores. Era o início de uma revolução no futebol brasileiro e de uma queda de produção por parte do atacante tricolor.

Questionado pela fraca atuação na Copa, Fred voltou taxado como "cone" e acabou sendo um dos principais culpados pela fatídica derrota no Mineirão. Tal fato abalou o camisa 9, que precisou de tempo para se recuperar necessitando até de acompanhamento psicológico para controle.

Se 2014 foi um ano tranquilo no que diz respeito a posição do Fluminense na tabela, 2015 foi o inverso. Era o fim da duradoura e produtiva parceria entre Fluminense e Unimed e o início de uma era de possíveis dificuldades para o Fluminense. Conca, ameaçado a ficar sem receber seus salários voltou para a China, mas Fred se reafirmou como ídolo e ficou. 

Ainda abalado com o "fantasma do 7-1", Fred não produziu nem perto do esperado e passou apagado no campeonato. Apesar disso, teve seu contrato renovado por mais 3 anos e alcançou o posto de jogador com mais gols no campeonato de pontos corridos. Além de chegar aos 150 gols em partidas oficiais com a camisa tricolor.