Após confirmar sua permanência no Fluminense, Fred concedeu entrevista coletiva nesta quinta-feira (14), na Escola de Educação Física do Exército, na Urca. Nela, explicou toda a polêmica que se envolveu com o técnico Levir Culpi. O capitão voltou a treinar normalmente com elenco e será relacionado para o clássico contra o Vasco, no próximo domingo, em Manaus.

"Vou ser objetivo e simples para resolver os problemas no Fluminense. Meu problema com Levir não foram as substituições, como todo mundo falava. Vou esclarecer, teve muitas versões. Vou dar a minha, a verdadeira. Após um jogo, tive uma discussão no vestiário, que considero normal. Levir reuniu todo o grupo, no outro dia, dizendo que eu estava humilhando um companheiro meu. Me entristeceu, não aceitei. Jamais vou fazer algo assim'', disse Fred, que completou:

''Ele (Levir) não conhecia a história aqui. Esse jogador eu engraxei a chuteira, quando me deu passe. Eu ajudei esse jogador. Eu chorei com gol dele. Aquilo me deixou muito mal. Eu tenho uma forma de pensar, de agir dentro do vestiário. Ninguém vai me mudar, é meu jeito. Ele morre ali dentro. Já tive várias discussões. E depois se acerta. E morria o negócio. Foram dias complicados para todos, especialmente para mim. Eu sei que o Fluminense é a minha casa. Graças a Deus, com a reunião com Peter, Jorge e Levir. A gente se acertou. Unir forças, se ajudar e concretizar o que achamos.''

''Na minha cabeça, senti que havia maldade. Tenho meu gênio forte. Levir também. Ele é comandante e tem o direito de fazer o que quiser. Não posso jogar a minha história de título na lata de lixo.''

Na visão de Fred, houve malícia na condução dos fatos, mas afirmou que dará a volta por cima: ''Na minha cabeça, senti que havia maldade. Passei por vários problemas aqui. Já cheguei ao fundo do poço e me reergui. Vai ser agora. Volto mais forte. Tem o ditado: o que não me mata, me fortalece. Naquele momento, senti maldade. Tenho meu gênio forte. Levir também. Ele é comandante e tem o direito de fazer o que quiser. Não posso jogar a minha história de título na lata de lixo. O que eu falei ao Peter e ao Levir... se tivesse maldade, tínhamos de resolver. Assim como se tivesse fritura para eu sair... O momento era de falar. A conversa foi boa.''

Fred também falou do carinho que recebeu da torcida durante todo o período no qual esteve longe dos gramados: ''Todo mundo pediu para eu ficar. Funcionários, jogadores. Recebi muitas cartas de vizinhos... Teve uma carta do Marcos Caetano que me emocionou. Outro texto do Rica Perrone. Torcedor mandou também nas redes sociais. Jogadores me ligaram, pediram para eu voltar. Fiquei feliz. Aqui é a minha casa'', disse Fred, que elogiou o trabalho de Levir Culpi:

''Não falei que ele ou eu. Pelo contrário. Tem reunião que não se pode expor. Mas tudo foi exposto. Falei ao presidente que Levir fazia um grande trabalho. Disse ao presidente que sentia que tinha dado para mim. Que ia ter de sair. Graças a Deus, deu tudo certo.''

O capitão também rechaçou qualquer problema de relacionamento, principalmente com os atletas mais jovens:

''Não tenho problema com nenhum dos meninos, mas é com eles que mais me desgasto. Já com Edson. Imagina se ele vem para cima, estou morto.''

''Minha relação com jogadores é ótima. Muitas vezes fui criticado pois protegia os moleques. Agora, o desgaste foi pois teve cobrança. Futebol é assim. Não tem como pedir por favor. Se não resolver no campo ou no vestiário, não se resolve. É a minha vida aquilo ali. Se não fizer gol e não ganhar fico triste. Não tenho problema com nenhum. Já tive discussão com outros atletas, algo normal. Nunca tive problema com Scarpa. Todos vão falar que sou chato. O melhor é resolver no começo. Antigamente, era cornetado por proteger os moleques. Não tenho problema com nenhum dos meninos, mas é com eles que mais me desgasto. Já com Edson. Imagina se ele vem para cima, estou morto. A cobrança entre jogadores é normal.''

Fred treinou normalmente com o elenco nesta quinta-feira (Foto: Nelson Perez/Fluminense F.C.)
Fred treinou normalmente com o elenco nesta quinta-feira (Foto: Nelson Perez/Fluminense F.C.)

Em um determinado momento, Fred lembrou da ocasião que ficou na reserva do Flu. Para ele, isso não é um problema: ''Nenhum jogador competitivo não gosta de banco. Cristóvão me deixou no banco e nunca o expus. Sou competitivo ero meu espaço. Se alguém tiver rancor, tem de tirar. Um tem de dar a mão ao outro. Todos podem ajudar. Estou muito fortalecido. Estou motivado. O time está bem.''

Sobre se houve discussão no vestiário, Fred afirmou que, no calor do jogo, é normal uma fala mais ríspida. Porém, o respeito deve prevalecer entre todos: ''Levir deu a versão dele. A gente se acertou. Não tem melindre nenhum. Na emoção do jogo, já fiz muita coisa que sentado aqui não faria. Vai lá ver como é. Perder um jogo e ficar fora de uma final. Não tem como falar “por favor”. Não tem como eu mudar por causa dele e ele mudar por minha causa. Tem de haver respeito para a gente poder crescer juntos.''

O capitão revelou apoio da esposa e jogadores. Também, disse que chegaram propostas, mas não chegou a conversar com nenhum clube: ''Achei que ia acabar, cara. Eu pensava... “não posso sair”. Quem mais me ajudou foi a minha esposa. Era com ela que eu desabafava. Todos os momentos eu olhava para o lado e via o Gum, o Cavalieri, o Márcio, o segurança. Ouvia o Maracanã gritando “Fred, Fred”. Dessa vez, eu não pude ter nada. Foi bem difícil, sim.''

''Chegaram propostas de outros clubes. Para mim e para o clube. Não conversei com ninguém'', encerrou. 

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Sobre o autor
Rodrigo Rodrigues
23 anos, Rio de Janeiro