21 de julho de 1902. Quando Oscar Alfredo Cox fundou o Fluminense Football Club, em uma casa localizada no número 51 da Rua Marquês de Abrantes, no Flamengo, não poderia imaginar que um clube marcado pela aristocracia logo cairia no gosto popular.

Desde os seus primórdios, o Tricolor teve, entre seus sócios e frequentadores, representantes das famílias cariocas mais tradicionais. O Fluminense foi a primeira associação fundada para a prática do futebol que prosperou no Rio de Janeiro, sendo também o decano dos grandes clubes brasileiros, inspirando a criação de vários times de futebol com o seu nome, no Brasil e no exterior.

O Fluminense se desprendeu da condição de ser um clube apenas da elite a partir da primeira metade da década de 1920, quando o futebol brasileiro finalmente penetrou na cultura das camadas mais populares, tendo sido o principal baluarte pela profissionalização do futebol brasileiro em 1933, deixando de restringir o futebol aos associados ou aos falsos amadores de alguns clubes, que praticavam o chamado "profissionalismo marrom".

O Tricolor Carioca é o quinto clube que mais jogadores cedeu à Seleção Brasileira de Futebol em Copas do Mundo, com trinta e uma convocações, tendo tido um total de 91 jogadores apenas considerando-se os que atuaram em jogos oficiais da Seleção Brasileira principal, ou 96, considerando os que atuaram em jogos contra clubes, combinados ou seleções regionais, isso sem mencionar a destacada contribuição tricolor para as seleções olímpicas - 23 jogadores cedidos - ou pan-americanas -25 jogadores cedidos. Foi o seu estádio, localizado em Laranjeiras, a primeira sede da seleção nacional, onde ela permaneceu invicta em 18 jogos disputados entre 1914 e 1932, e onde conquistou os seus dois primeiros títulos relevantes, as edições da Copa América de 1919 e 1922.

Do abismo à superação em cinco anos

Entre 1996 e 1999, o Tricolor das Laranjeiras enfrentou os piores momentos de sua história. Em 1996, o Fluminense terminou o Campeonato Brasileiro na penúltima posição, no entanto, um escândalo de arbitragem, conhecido como "Caso Ivens Mendes", que envolvia outros dois clubes da Série A, Atlético Paranaense e Corinthians, cancelou os rebaixamentos de 1996, vindo a serem promovidos dois clubes da Série B para o Campeonato Brasileiro de 1997, que acabou disputado por 26 clubes. O Flu acabou novamente caindo em 1997 para o Campeonato Brasileiro Série B, e em 1998 o time foi mais uma vez rebaixado, agora para o Campeonato Brasileiro Série C.

Após disputar a Série C contra uma maioria de clubes pequenos e em campos algumas vezes mal conservados, o time tricolor conquistou este título de forma honrosa, começando, a partir deste momento, a reestruturar-se para voltar a formar grandes craques e conquistar títulos de expressão. No final de 1998, o time já dava sinais de que o clube estava retomando o seu rumo, ao conquistar a Copa Rio, competição estadual que neste ano contou pela última vez com a presença dos grandes clubes cariocas.

O Fluminense conquistou a Série C em 1999 ao vencer o Náutico, no Estádio dos Aflitos, por 2 a 1, com dois gols de Roger para o Flu, descontando Rogério Capixaba para o alvirrubro pernambucano.  Neste ano, o Tricolor havia contratado o técnico Carlos Alberto Parreira e, com ele, além de ganhar o Campeonato Brasileiro Série C, criou o Vale das Laranjeiras, centro de formação de jogadores de futebol das Categorias de Base no distrito de Xerém, em Duque de Caxias.

Em 2000 um problema jurídico e político entre clubes da Série A denominado Caso Sandro Hiroshi impediu a realização do Campeonato Brasileiro, sendo criada a Copa João Havelange pelo Clube dos 13. Na organização deste campeonato, optou-se pelo critério de convite aos clubes participantes, com o Tricolor de Laranjeiras, o Bahia e outros clubes que não estavam então na primeira divisão, incluídos entre os participantes. 

A equipe teve uma boa participação e, após ficar em terceiro na primeira fase, caiu nas oitavas-de-final da competição contra o São Caetano, diante de 56.504 tricolores, terminado este campeonato em nono lugar. Assim como o São Caetano, que disputou o campeonato na divisão inferior e teve a possibilidade de chegar até à final da disputa entre os clubes principais, o Fluminense e o Bahia permaneceram na primeira divisão no ano seguinte.

O Time de Guerreiros: de 99% rebaixado a 100% campeão

No Campeonato Brasileiro o time apresentava um péssimo desempenho, com cerca de 99% da chance do rebaixamento. Na última rodada, o time só precisava de um empate para escapar da série B, empatou com o Coritiba por 1 a 1 no Estádio Couto Pereira após manter-se invicto nos últimos 11 jogos, escapando assim do rebaixamento, e assim o Fluminense passou a ser chamado de "Time de Guerreiros".

No ano seguinte, com uma sequência final de nove jogos invictos, o Fluminense sagrou-se campeão nacional pela terceira vez. O Tricolor somou 71 pontos, com 20 vitórias, 11 empates e 7 derrotas, 62 gols pró e 36 gols contra, 62,3% de aproveitamento, tendo liderado o campeonato em 23 das 38 rodadas, com o argentino Conca tendo sido considerado o melhor jogador do campeonato pela CBF.

Dois anos depois, mais história. 2012 foi um ano de quase invencibilidade para o Tricolor. Primeiramente, o Fluminense conquistou a Taça Guanabara, em seguida o Campeonato Brasileiro, este que entrou para a história do clube, pois desde que a competição conta com a participação de 20 clubes, no sistema de pontos corridos, o clube das Laranjeiras teve uma das mais destacadas campanhas.

2016, pioneiro mais uma vez

Já pioneiro ao ter vencido o primeiro Campeonato Carioca da história, o Fluminense alcançou o marco mais uma vez. Neste ano, agrou-se campeão da edição inicial da Primeira Liga ao vencer o Atlético Paranaense por 1 a 0 na final, gol de Marcos Júnior.

A equipe de redação do Tricolor Carioca da Vavel parabeniza o Fluminense pelos seus 114 anos de glórias.