Os bastidores das Laranjeiras respiram um ar diferente com a proximidade do mês de novembro: é ano de eleição. Com o fim do segundo triênio de Peter Siemsen, quatro candidatos se apresentam para assumir o cargo de presidente do Fluminense Football Club: Pedro Abad, Cacá Cardoso, Celso Barros e Mário Bittencourt. E, como já é tradição na VAVEL Brasil, entrevistaremos todos os postulantes a fim de informar, elucidar e auxiliar os sócios tricolores a decidirem seu voto.

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Representante da chapa Flu 2050, Cacá Cardoso é o entrevistado da vez. Conforme seguem as regras definidas pela Redação VAVEL Brasil, o candidato foi sabatinado com 20 perguntas que também serão feitas igualmente para todos os outros concorrentes, sem limite de tempo para resposta. Confira!

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Confira todas as 20 perguntas para Cacá Cardoso:

VAVEL BRASIL: Primeiramente, quem é Cacá Cardoso e como começou sua ligação política com o Fluminense?

CACÁ CARDOSO: "Cacá Cardoso é um advogado, de 51 anos, casado com a Fernanda, pai da Maria Luiza, de 17, e da Maria Isabel, de 10, que já estão na quarta geração da família de tricolores. Desde sempre fui tricolor. Nadei pelo Fluminense, depois fui torcedor de arquibancada, fiz parte da Garra Tricolor nos anos 80, nos anos do tricampeonato (estadual entre 1983 e 1985). Depois fui diretor jurídico, conselheiro e vice-presidente. Tenho mais de 30 anos de dedicação ao Fluminense de forma não remunerada. Sempre me doei para o clube e é dessa forma que as pessoas que me convidaram e entenderam que eu sou a pessoa a comandar essa chapa que propõe uma nova gestão para o Fluminense."

VAVEL: O que te faz sentir capacitado e preparado para ser presidente do Fluminense Football Club?

CACÁ: "Justamente essa longa trajetória pela qual eu conheci o Fluminense em todos seus segmentos e setores, a forma como é a vida no Fluminense, as pessoas que lá passaram e ainda lá estão. E obviamente que isso chamou a atenção de grandes tricolores, pessoas altamente capacitadas, preparadas e que querem implementar no Fluminense um modelo de gestão novo, inovador, profissional e que torne o Fluminense novamente uma potência no futebol brasileiro e internacional."

VAVEL: Qual é o seu planejamento e as principais propostas de sua gestão para o futebol do Fluminense?

CACÁ: "Torná-lo totalmente profissional. Profissionalizar todos os seus setores a partir de uma estrutura que vê a devida hierarquia, o devido comando, que por ela seja observados todos os critérios desde a contratação de seus profissionais até o atingimento de metas, que para nós são obviamente os títulos. O Fluminense vive de títulos, tem uma história vencedora e precisamos ter times fortes para ganhar títulos."

VAVEL: E para os esportes olímpicos?

CACÁ: "O Fluminense tem uma história rica nos esportes olímpicos. Foi o atleta do Fluminense que conquistou a primeira medalha para o Brasil. As primeiras medalhas foram de atletas do Fluminense e obviamente o Fluminense é detentor da Taça Olímpica de 1949, o único clube detentor de tal laurel esportivo. Agora com a obtenção recente das CND's, o Fluminense tem condições de apresentar e obter, através de projetos incentivados, receitas que irão obviamente direcionadas a formação de grandes atletas e grandes times, que trarão muitas alegrias para o torcedor também nos esportes olímpicos."

VAVEL: Uma pauta que ficou bastante em alta na Rio 2016 é a importância do apoio ao futebol feminino no Brasil. O Flamengo e Vasco carregam projetos para inclusão das mulheres no esporte. Existe planejamento para a inclusão do futebol feminino em sua gestão no Fluminense?

CACÁ: "Sim (apoio ao futebol feminino). A partir de 2019 vamos nos preparar para isso e teremos também o nosso departamento de futebol feminino de acordo com a lei (da Libertadores, que será obrigatório ter time de futebol femino para participar do torneio)."

VAVEL: Com a construção do CT, existe um temor sobre a futura utilização de Laranjeiras. Existe um planejamento para reforma e reutilização o local?

CACÁ: "Sim. Na parte onde está o estádio nós pretendemos voltar a utilizá-lo para jogos de pequeno porte. Isso tudo está sendo objeto de um estudo de viabilidade e obviamente apresentaremos isso oportunamente aos sócios torcedores para que lá voltemos a realizar jogos dos times profissionais."

VAVEL: Estádio próprio do Fluminense: sonho ou realidade? Existe um plano real, com arrecadação de verbas e busca por investidores, para a construção do estádio?

CACÁ: "O estádio ainda é um sonho, não é uma realidade. Nós temos compromissos financeiros altíssimos, tem o Profut, tem o ato trabalhista e a própria folha e encargos. Isso tudo gera um compromisso financeiro que o gestor responsável não pode fechar os olhos. O estádio já estamos providenciando o mapeamento de áreas que possam recebe-lo, que possam ter o estádio perto de transportes de massa, como metrô e trem, que dêem um certo conforto ao torcedor do Fluminense. Temos em nossa equipe o Paquito, que muito foi fundamental e colaborou com a construção de Xerém. É um profissional responsável e conhecedor do mercado imobiliário e que está fazendo esse trabalho para a gente, é da nossa equipe e com certeza no momento certo dará muitas alegrias aos torcedores do Fluminense ao identificar a área do estádio. Mas, obviamente, antes disso, o Fluminense tem que saber fazer o dever de casa, ou seja, tem que ter uma gestão moderna, uma governancia coorporativa de primeira grandeza, com muita transparência e eficiência. Esse é o caminho para que consigamos obter interesse de investidores e possam se tornar parceiros na construção desse estádio."

VAVEL: Na última quinta-feira (29), antes da partida contra o Sport, um grupo de torcedores enfrentou cambistas na porta de Edson Passos e recuperou cerca 350 ingressos para redistribuí-los aos tricolores. Mesmo sendo um caso mais policial que administrativo, como você vê essa situação e pretende tomar alguma medida para evitar o cambismo em jogos do Fluminense?

CACÁ: "O cambismo acontece no mundo todo, nos melhores países, nos Estados Unidos e na Europa. Isso é uma ocorrência que dá em todo lugar. Obviamente que vamos tomar sempre todas as precauções e iniciativas no intuito de coibir tal prática, que inclusive é vedada pela legislação vigente. Então, nós vamos fazer de tudo para coibir tal prática."

VAVEL: Existe a discussão sobre o Consórcio Maracanã deixar a administração do estádio. Se isto de fato acontecer, sua gestão brigaria para assumir a administração do estádio? No caso de optar pelo Maracanã, haveria a possibilidade de realizar uma parceria política com o Flamengo?

CACÁ: "Nossa gestão não abre mão do Maracanã. Com ou sem a concessionária, o Fluminense brigará por seus direitos previstos em contrato atualmente e, caso venha a ser realizada a licitação, o Fluminense de alguma forma do mesmo participará, porque o Fluminense não pode abrir mão do Maracanã. Entedemos nós do 'Fluminense Unido e Forte' que o Maracanã é nossa casa, onde escrevemos as mais belas páginas de nossa história, onda a torcida tricolor fez grandes festas. Lá é a nossa casa e não abriremos mão dela."

VAVEL: Também há debate sobre da categoria de base no Fluminense. Enquanto Scarpa tem um projeto a longo prazo, outros como Marlon, Kenedy, Biro Biro são revendidos logo que despontam. Existe um projeto para permanência das revelações ou a necessidade de "formar para revender" também está incluído como projeto financeiro?

CACÁ: "Não (formar para revender). Um dos pilares da nossa proposta de gestão relativa a Xerém e a jovens promessas, é que eles nos dêem o devido retorno técnico. Seja ele através de grandes conquistas ou com grandes atuações. Ele tem que dar primeiro um retorno ao clube de forma técnica, através de conquistas e títulos. Então, para isso, precisa ficar mais tempo. Não penso em vender a curto prazo, não penso em fazer dinheiro rápido, até para que eles possam se valorizar mais. Com isso, ganha o torcedor, ganha o Fluminense e ganha o próprio atleta. Quanto mais tempo ele permanece no Fluminense, mais acontece a identificação entre jogador e torcedor. Essa identificação que prepara uma caminhada para se tornar um grande ídolo que nós gostaríamos de ter."

VAVEL: Muitos torcedores ainda não entenderam a real finalidade do projeto STK Samorin. Qual a sua opinião sobre o mesmo e, caso eleito, continuará em atividade ou passará por reformulação?

CACÁ: "As informações que eu tenho é que o conceito em si é bom. Levar o atleta para um país mais avançado, estrangeiro, conhecer uma outra língua, ter dificuldades... isso amadurece o atleta ainda jovem. Isso faz com que ele cresça, como cidadão e indivíduo. O conceito, pelo o que eu vejo nesse sentido, ele é saudável. Mais detalhes eu ainda preciso me debruçar para poder ver se realmente é uma iniciativa que possa ser mais desenvolvida, para ter novas ideias que ingressem nesse projeto do STK Fluminense Samorin."

VAVEL: Um dos momentos mais fortes da gestão Siemsen ficou por conta do enfrentamento às torcidas organizadas. Qual a sua opinião sobre papel e função das Torcidas Organizadas junto ao clube Fluminense.

CACÁ: "Já fiz parte de torcida organizada nos anos 80. A visão que tenho é que de lá para cá as coisas mudaram um pouco de figura. Mas acredito que essa relação entre clube e torcida organizada pode seguir na linha do diálogo e respeito, porque ambos querem o melhor para o Fluminense. Se o objetivo é o mesmo, não vejo porque não pode existir um diálogo e a busca de uma convivência harmoniosa e pacífica sempre voltada para o melhor para o Fluminense."

VAVEL: Há um projeto de melhorias no programa de sócio-torcedor? Se sim, quais?

CACÁ: "Há. Temos alguma ideias e pretendemos implementá-la tão logo se sairmos vitoriosos da eleição. Acho que a parte de engajamento do torcedor é fundamental na nossa proposta. Várias ferramentas podem ser utilizadas, a mídia digital nos oferece um campo muito fértil para a aproximação do torcedor com o clube, e isso nós pretendemos potencializar, desenvolver e investir para trazer o torcedor para perto do clube, para participar, e com isso aumentamos nossa base e geramos receitas para o Fluminense."

VAVEL: Uma das maiores reclamações dos torcedores quanto ao programa Sócio-Futebol é a falta de benefícios reais, principalmente a quem mora fora da Rio. Implementação de milhagens, que seriam recebidas ao se adquirir produtos oficiais e ingressos e poderiam gerar descontos nos próprios ingressos e produtos oficiais. Há alguma perspectiva desse pedido da torcida ser aceito?

CACÁ: "Sim, claro. Isso é objeto de estudo. Estou com o torcedor, com o sócio. Principalmente com aquele que mora em outro estado, distante do Rio de Janeiro. Temos que incentivá-lo a ficar próximo de alguma forma do Fluminense, reconhecer que ele é um parceiro do clube. Sem dúvida, entedemos que essa e outras formas poderão ser implementadas a partir de 26 de novembro."

VAVEL: O Fluminense enfrentou e enfrenta problemas de logísticas com os últimos patrocinadores: Guaraviton rescindiu após problemas financeiros e a DryWorld é criticada pela sua distribuição. Caso eleito, como pretende lidar com os problemas da atual fornecedora e a busca por um patrocinador master?

CACÁ: "A partir do momento que assumir o clube, a equipe que fará a parte do nosso conselho de gestão é um grupo altamente capacitado que saberá buscar as melhores saídas, tanto para patrocínio master como para gestão, para dar transparência em todos os nossos atos. Isso tudo favorece na obtenção de um patrocínio master, isso tudo facilita. A pessoa que quer fazer uma parceria, que busca no Fluminense uma instituição que ofereça condições de unir as marcas do patrocínio e do clube, ela quer ter confiança naquilo que ela está depositando, que está buscando confiança e injetando seu dinheiro. A partir dessas pessoas e da confiança, a transparência que se dará nas nossas atitudes e decisões, facilitará muito para a obtenção do patrocínio master."

VAVEL: Gestão Siemsen é reconhecida por estar diminuindo as dívidas do Fluminense, mas também critica pelos resultados no futebol. Qual será seu modelo de gestão: seguir com o projeto de saúde financeira ou impôr altos investimentos para buscar resultados dentro de campo?

CACÁ: "Entendo que uma coisa não inviabiliza a outra. Não são incompatíveis entre si. Entendemos que podemos ter grandes times e ter responsabilidade financeira. Basta ser criterioso, ter equilíbrio, conhecer a fundo principalmente o futebol para fazer as escolhas certas e, a partir daí, você forma um grande time, forma um time vencedor e campeão, e obviamente com equilíbrio financeiro necessário. Não vejo como você gastando pouco necessariamente vai montar um time fraco. Acho que pode investir de forma equilibrada e formar um time vencedor. É assim que pretendemos agir, tendo critérios na hora da contratação, sabendo quem está levando para dentro do Fluminense para montar uma equipe. Os profissionais que farão parte do nosso grupo saberão fazer as escolhas certas que cairão no gosto da torcida tricolor." 

VAVEL: Sobre o posicionamento político do Fluminense quanto a questão da CBF: existem fortes criticas à entidade sobre a organização de campeonatos, questões de calendário e principalmente arbitragem. Mas, em dezembro de 2015, Coronel Nunes foi reeleito com voto favorável do próprio Fluminense. Qual seu posicionamento sobre o caso?

CACÁ: "Essa pergunta deveria ser direcionada ao presidente (Peter Siemsen) que foi lá e votou. Entendo que ao assumirmos, como sempre venho salientando, acho que o diálogo é a base de tudo. Obviamente sendo firme e coerente nas nossas posições. Firmeza e coerência sempre é meio caminho andado para obter os resultados almejados. O Fluminense tem que ser sempre protagonista, levar ao conhecimento da federação e CBF as suas propostas que ele entende de melhor para o futebol como um todo, para as competições, seja na esfera estadual como na esfera do Campeonato Brasileiro. O Fluminense tem que ser protagonista e levar suas ideias inovadoras em prol do futebol como um todo. Fluminense sempre foi isso e vamos buscar resgatar essa imagem de protagonismo que será fundamental na nossa caminhada."

VAVEL: Existe um racha evidente com Rubens Lopes, presidente da FERJ e Eurico Miranda, presidente do Vasco. Qual será sua postura se eleito presidente? Seguirá defendendo os interesses do clube impondo força, ou tentará uma reaproximação com os mesmos?

CACÁ: "Ao que consta o presidente atual (Peter Siemsen) já se reaproximou do presidente Rubens Lopes (FERJ). Da minha parte, volto a frisar, sendo sempre firme e coerente nas nossas decisões e vamos buscar o diálogo. Através do diálogo vamos conseguir implementar nossas ideias para tornar o futebol do Rio de Janeiro mais forte, como no passado sempre foi. O futebol do Rio precisa resgatar essa sua face de protagonista em relação ao Brasil. Entendo que em termos da federação do Rio, o Fluminense como seu fundador, tem que estar a frente de todos os movimentos e buscando um campeonato mais rentável, com menos jogos deficitários, é a meta a ser atingida."

VAVEL: Como você avalia os seis anos da Gestão Peter Siemsen? E o que é possível melhorar?

CACÁ: "Acho que no início ele teve algumas dificuldades, isso ficou claro. Depois eu acho que ele poderia ter avançado muito mais, mesmo com aquelas dificuldades do começo eu acho que ele poderia ter avançado. É isso que eu pretendo fazer. Aproveitar o que foi feito de bom na gestão do Peter e avançar, evoluir e investir muito mais na gestão do clube e do futebol. Essa parte de gestão através da nossa proposta de governancia colegiada, isso tende a fazer o Fluminense um clube vitorioso, vencedor e campeão que nós sempre nos acostumamos a ver. É esse meu compromisso com o torcedor tricolor e com o sócio. Dar conforto e condições boas de uso das dependências do clube, dar todo apoio através de projetos aos esportes olímpicos e, principalmente, tornar o Fluminense um time forte no futebol, uma equipe que honre sua tradição e sua camisa tricolor."

VAVEL: E esse é um espaço aberto para você deixar seu recado para a torcida do Fluminense que está lendo esta entrevista.

CACÁ: "Galera tricolor, aqui é o Cacá Cardoso. Eu, juntamente do Diogo Bueno, nós dois torcedores de arquibancada, queremos convocar vocês para o dia 26 de novembro comparecer as Laranjeiras e fazer uma grande festa democrática, votar na nossa chapa de forma a resgatarmos o Fluminense campeão e vencedor de sempre, a partir de uma gestão séria, comprometida, equilibrada, eficiente e, acima de tudo, transparente. Não há nada a esconder. O Fluminense precisa voltar a conquistar grandes títulos através de grandes times. E eu formei um grande time fora de campo. Contando com vocês na arquibancada e no dia 26 votando, nós vamos fazer um grande time dentro de campo. Muito obrigado a todos!"