Marcelo Grohe, sem sombra de dúvidas, é o mais identificado jogador com o torcedor gremista na atualidade. Motivos não faltam para o carinho e o respeito pairarem sobre o camisa 1 do atual time do técnico Felipão. Grohe não é atleta de beijar escudo somente para agradar à torcida momentaneamente; Grohe é gremista de verdade e prova isso em mais de uma década dedicada ao Tricolor.

Já não bastasse a devoção aprovada pelo lado azul do Rio Grande do Sul, em que Marcelo passou anos e anos na reserva de outros goleiros, atualmente ele alcança o auge da carreira. Citado entre os melhores do último Campeonato Brasileiro, as convocações à seleção têm aparecido e, quem sabe, também apareçam mais motivos para o torcedor do Grêmio comemorar.

Marcelo segura a oportunidade de ser titular do Grêmio após longa espera (Foto: Lucas Uebel / Grêmio)

Gaúcho, natural da cidade de Campo Bom, Marcelo Grohe sempre mostrou, no campo, ser bom goleiro. Após ser descoberto em sua cidade natal, o arqueiro iniciou seu trajeto pelas categorias de base do Grêmio, clube em que não parou mais de defender - literalmente.

Em 2002, conquistou o campeonato gaúcho e o campeonato brasileiro na categoria infantil. No ano seguinte, bicampeonato estadual para ele, desta vez na base juvenil do Tricolor. A ascensão aos profissionais veio em 2005, ano de extrema dificuldade para o Grêmio em sua administração, já que esteve para disputar a série B do campeonato brasileiro.

Naquela mesma temporada de 2005, se despediu da base com o título gaúcho pelos juniores. Chegara, portanto, a vez de defender o azul, o preto e o branco entre os profissionais do estádio Olímpico. Em um ciclo anual de muitas histórias de superação, o Grêmio retornou à elite do futebol brasileiro com a taça de campeão da série B, na épica Batalha dos Aflitos, em que Marcelo, espectador no banco, viu outro goleiro, Galatto, defender o pênalti do Náutico, crucial na conquista memorável do clube porto-alegrense.

O início entre os profissionais foi bom, já que, em 2006, Grohe participou de um dos grandes momentos do Grêmio na última década. Título gaúcho conquistado sobre o Internacional, em pleno Beira-Rio, com o silenciador gol marcado por Pedro Júnior, para delírio da pequena, mas vibrante parte azul no estádio vermelho.

O estadual teve a conquista duplicada na temporada de 2007, desta vez sobre o Juventude e diante de mais torcida, no estádio Olímpico. Naquele ano, Grohe foi o reserva do argentino Saja, hoje no Racing, da Argentina. O Grêmio chegou até a final da Libertadores, mas foi derrotado ante a fortíssima esquadra do Boca Juniors.

Em 2008, a saída de Saja e do remanescente Galatto abriram caminho para a titularidade de Marcelo. Mas a direção gremista apostou na contratação do também jovem Victor, do Paulista, guarda-redes que ganhou a confiança e desempenhou belas atuações em sua permanência no Grêmio, inclusive com premiação como Bola de Prata da Revista Placar, como melhor goleiro do Campeonato Brasileiro em 2009.

Com a saída de Victor no meio de 2012, enfim, chegou a hora de Marcelo Grohe para defender a titularidade das redes do Olímpico. Em um bom primeiro ano nesta condição, terminou o campeonato com o Grêmio em 3º lugar no Brasileiro.

O 2013 começou contraditório, pois, mesmo com as atuações seguras de Marcelo na temporada passada, os comandos do futebol investiram na vinda do veterano Dida, para tomar a posição de titular no arco da Arena do Grêmio. Ao menos, para o persistente Marcelo, houve a oportunidade de defender o Imortal no jogo de abertura do novo estádio, na vitória por 2 a 1 sobre o Hamburgo e na primeira partida pela Libertadores nele, na vitória nos pênaltis sobre a LDU, após triunfo no tempo normal por 1 a 0, na fase de pré-Libertadores.

Após muito trabalho na posição ingrata que começa a treinar antes e acaba depois no dia a dia, 2014 foi, definitivamente, o ano de Grohe até aqui. No Grêmio, a possibilidade de vestir a camisa 1 sem sombras ou novas surpresas que o colocassem de volta à condição de reserva. Mais do que isso, conseguiu repetir o feito de Victor e faturar uma Bola de Prata por seus méritos no último Campeonato Brasileiro. Foi o arqueiro da defesa menos vazada na competição e detentor do novo recorde gremista de invencibilidade sem sofrer gols: 819 minutos consecutivos sem buscar a bola na rede.

Recentemente, as convocações feitas pelo técnico Dunga, da seleção, o colocam entre os três melhores atletas do Brasil na posição de goleiro. Foi convocado em outubro de 2014 para os amistosos contra Argentina e Japão. Aos 28 anos, Marcelo aguarda oportunidade para ser titular também na seleção brasileira, mas ciente da espera maior - para ser titular do clube do coração - já ter validado esforços.

2015 inicia diferente para o herói da perseverança e homem da confiança do público tricolor. Os olhares dos outros centros do país já prestam mais atenção em Marcelo, em virtude das mostras de seu trabalho nacionalmente e das convocações à seleção canarinho. Pelo Grêmio, é bom o início com o Campeonato Gaúcho e a convocação para os amistosos do Brasil contra França e Chile mostram a sequência do caminho certo.

A expectativa, e não se pode fugir disso, é saber se a boa fase de Marcelo, aliada ao bom sistema defensivo formado por Geromel e Rhodolfo na zaga, consegue almejar conquistas maiores para o Tricolor dos Pampas.

Nome: Marcelo Grohe
Nascimento: 13/01/1987
Nacionalidade: Brasileiro
Altura: 1,88m
Clubes: Grêmio
Títulos: Campeonato Brasileiro Série B (2005), Campeonato Gaúcho (2006, 2007 e 2010)