No dia 30 de agosto de 1995, os torcedores gremistas festejavam pelas ruas de Porto Alegre o Bicampeonato da América. A consagração de um time histórico, treinado por um "sujeit"o que se tornaria um campeão Mundial pela seleção brasileira 7 anos depois. Trata-se de Luiz Felipe Scolari, o técnico mais vencedor da história gremista, e um dos personagens da campanha gremista.

Era a final da almejada Libertadores da América de 1995. O Grêmio, que acabara de ser campeão da Copa do Brasil em 1994, era o favorito. O elenco formado por Danrlei, Dinho, Jardel, Arce, Paulo Nunes, Roger Machado, entre outros. Enfrentava um imponente e copeiro Atlético Nacional. O primeiro jogo seria no Olímpico Monumental, em Porto Alegre. A volta, na casa dos colombianos, o Atanasio Girardot.

No jogo de ida, 3 a 1 para o Grêmio no Olímpico. Com gols contra de Marulanda, Jardel e Paulo Nunes, o tricolor chegou a fazer 3 a 0 nos colombianos, mas Angel descontou no fim. A decisão então ficou em aberto. Na partida de volta, um Atanasio Girardot gigante e que palpitava dentro e fora de campo. Aristizábal marcou para os alviverdes logo no início; gol que deu esperança para os comandados de Juan José. Aos 42 minutos do segundo tempo, Alexandre Gaúcho que acabara de entrar foi derrubado na área, o juiz marcou pênalti e Dinho mandou no meio do gol, estufando a rede de Higuita. Grêmio, Bi Campeão da América!

Olímpico completamente lotado e a tensão de uma final

O Grêmio de Luiz Felipe Scolari mesclava jovens com experiência, jogadores mais quietos, com os polêmicos. Era um time "cascudo", como diz Renato Gaúcho. Uma equipe que, por história, é e sempre será difícil de ser batida dentro ou fora de casa. No primeiro jogo (23/08/1995), um Olímpico completamente tomado pelo apaixonado torcedor gremista. Eram mais de 50 mil vozes empurrando o time dos pampas.

A tensão era grande no Monumental, o Atlético era quem tinha a posse de bola, e o tricolor se mostrava nervoso. O jogo precisava de quem era experiente, com "culhão" para fazer uma boa jogada. Precisava dele, Paulo Nunes - o diabo loiro - cruzou na área, o zagueirão Marulanda tentou rebater, e acabou mandando para a própria meta. O Grêmio fazia 1 a 0 e o descontrole era total no Olímpico, desabafo e festa. Antes do fim do primeiro tempo, Carlos Miguel chutou de longe, e o goleiro Higuita (sim, esse mesmo) espalmou para o meio da área, e essa área tinha nome consagrado no Olímpico, Jardel! O atrilheiro gremista não desperdiçou e logo fez 2 a 0 para os gaúchos. Festa em Porto Alegre!

Após um primeiro tempo de tensão a flor da pele, o Grêmio voltou mais calmo e administrativo para o segundo tempo, mas, sem deixar de atacar. Logo no início, Arce cobrou uma falta direta e Higuita, novamente, rebateu para o meio da área, Paulo Nunes é quem estava lá. O diabo loiro encheu o pé para o fundo das redes. 3 a 0, fora o baile.

Com o 3° gol, a equipe gremista cochilou e Angel apareceu livre na área para diminuir o placar e dar esperanças ao time colombiano no jogo da volta. Fim de papo e decisão em aberto: 3 a 1 para o Grêmio no Olímpico.

O susto no jogo da volta e a consagração de Dinho

Assim como os gremistas lotaram o Olímpico, os colombianos lotaram o Atanasio Giradort. Confiantes na virada e no gol de Angel - que deu sobrevida ao time alviverde -, o torcedor alviverde empurrava, e esperava uma pressão de início - que aconteceu. O Atlético precisava de no minímo dois gols de diferença para se sagrar campeão da América. O primeiro saiu rápido. Logo aos 12 minutos, o craque do time, Aristizábal estufou as redes de Danrlei e implantou um cenário especial para a final. 

Nervos a flor da pele, cada jogada era uma decisão, as disputas de bola saíam faíscas e o Grêmio parecia nervoso com o resultado desfavorável. Em decisão inusitada, Felipão chamou Alexandre Gaúcho do banco de reservas e tirou Paulo Nunes, isso mesmo. 

Mas, Alexandre Gaúcho foi contra o roterio. Aos 39 minutos do segundo tempo, ele fez grande jogada e foi derrubado já dentro na grande área. Pênalti para o Grêmio! Era a chance de carimbar o título da América. Com a personalidade que lhe é dada, Dinho, corajosamente pegou a bola e botou na marca da cal. Tensão, expectativa, silêncio, concentração! Eram as palavras que definiam aquele momento no Atanasio Girarort. O volante não pensou duas vezes antes de enfiar o pé na bola, no meio do gol de Higuita. Gol do Grêmio, e Felipão saiu para comemorar o Bi da América junto com 6 milhões de torcedores. Inconsolado, os jogadores atleticanos já haviam desistido do jogo. Então, restava esperar o fim da final.

Termina o jogo e o Grêmio consagra-se Bicampeão da Copa Libertadores da América, um dos títulos mais almejados do futebol mundial. Já eram dois na história gaúcha. Era a consagração de um time histórico formado por jovens e experientes, a afirmação de Luiz Felipe Scolari como um dos maiores técnicos do Brasil.

Adílson Batista levantou a gloriosa taça! Festa na Azenha e Grêmio rumo a Tóquio! Há 20 anos, a festa era descontrolada em Porto Alegre e hoje relembrada.