Foram 45 gols pelo Grêmio na passagem durante as temporadas de 2013, 2014 e um único jogo em 2015. O argentino Hernán Barcos, o Pirata, se tornou, assim, o maior artilheiro estrangeiro da história do Tricolor de Porto Alegre. Apesar dos feitos dentro de campo, um, fora dele, foi o mais bonito em sua trajetória no Rio Grande do Sul. O contato com a menina Gabrieli Medeiros permitiu uma história de muita luta e que vai se concretizando em uma recuperação triunfal.

Trata-se aqui da história da famosa Piratinha. Gabrieli, hoje aos 5 anos e 10 meses, realizou na terça-feira (10), sua última sessão de quimioterapia. Ela iniciou tratamentos contra Leucemia aos dois anos. A menina da cidade de São Sepé, no interior gaúcho, precisava se deslocar seguidamente para combater a doença no centro do estado, em Santa Maria, a 62 quilômetros de distância.

A luta da jovem contou com o apoio todo especial dos familiares, que ainda conseguiram agregar um novo companheiro na caminhada. Gabrieli demonstrou desde cedo sua paixão pelo Grêmio e, além disso, virou fã do irreverente centroavante cabeludo da equipe, o argentino Barcos. O contato entre jogador e brava torcedora perdurou durante a estadia dele no clube gaúcho. Foram visitas ao Hospital Universitário em Santa Maria e também à casa da menina em São Sepé.

Em troca, a menina que ganhou a simpatia da torcida gremista por todos os cantos, também visitou ao atleta em jogos do Grêmio. A Arena no bairro Humaitá recepcionou uma verdadeira guerreira, sempre adepta a imitar o gesto de pirata, conforme o amigo e ídolo fazia a cada gol pela equipe.

O atacante, hoje na China, não esconde o carinho que ficou pelo clube porto-alegrense. Encontros como o de Barcos e Gabrieli demonstram a possibilidade do futebol em transformar vidas não só pelas cifras, mas da maneira mais pura. O encanto da gauchinha pelo jogador também só permaneceu pela reciprocidade e empatia do argentino com a nobre causa.

O pai de Gabrieli, Norival Medeiros comemorou a recuperação recentemente, ao postar na rede Facebook sobre a última quimio da filha: "Enfim, chegou o fim. Ou melhor, o recomeço". O futebol imita a vida e a vida, ao mesmo tempo, também imita o futebol. Como não raramente ocorreu com Barcos, há aquele gol perdido que frustra, mas, talvez ainda dentro dos 90 minutos, existe a volta por cima com o balançar das redes.

Na história da Piratinha, o gosto de vencer após a longa corrida por um bem muito maior. Alegria aos familiares, parentes, torcedores simpatizantes da causa e, claro, a um amigo de Gabrieli que, mesmo atualmente na China, não irá esquecê-la.

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Sobre o autor
Henrique König
Escritor, interessado em Jornalismo e nas mudanças sociais que dele partem; poeta de gaveta.