Tal como a vida, o futebol tem dessas. Nem sempre se ganha, mas é fundamental não perder sempre. O sentimento que fica, no fundo, é de frustração, por chegar tão longe e não soltar o grito que está entalado. Por falhar no momento decisivo, tropeços pelas próprias pernas e falhas individuais. Ao Palmeirense que lê este artigo, eu lhe entendo. Mas parafraseio Zé Roberto, ainda no início do Paulistão. Bate no peito do seu amigo e fala: "Obrigado, Palmeiras". E tenha orgulho da campanha que fez.

Àqueles com baixo poder de interpretação irão me criticar por 'se orgulhar' de um vice-campeonato. Não é este o ponto. Perceba tudo que moveu este Campeonato Paulista. Por toda a reestruturação, por onde o Palmeiras estava e o patamar que ele atingiu neste início de temporada. Pela sensação de dever cumprido mesmo sem o título. Pelo orgulho restabelecido após tantos anos de sofrimento.

O título não veio. Mas o orgulho foi restabelecido

Lembre-se que, antes dos patrocínios, do 'boom' de sócios-torcedores e dezenas de contratações, o Palmeiras escapou do rebaixamento no Brasileirão 2014 devido a combinação de resultados. Hoje, você não é Campeão Paulista graças a dois pênaltis mal cobrados. Apenas por isso. Perdão ao Santos e Robinho, mas a taça está na Vila Belmiro muito mais por falhas palestrinas que méritos alvinegros. Não desmerecendo, claro, mas não foi um baile. Foi um jogo justo. Quem errou menos, levou. Fim.

Lembre-se daquele Palmeiras que já entrava em clássicos de cabeça baixa, desmotivado por todos os acontecimentos que o cercavam e era presa fácil dos rivais. Veja onde você está hoje. Eliminando o Corinthians, dono da maior invencibilidade como mandante no mundo, dentro de sua casa, nos pênaltis, buscando o resultado na raça. Com o perdão da palavra de baixo calão, foi gostoso pra caralh***, e você sabe disso.

Lembre-se daquele Palmeiras que era freguês do São Paulo em qualquer estádio que jogasse e veja o show apresentado no Allianz Parque. Não é só pelo golaço de Robinho, mas sim por tudo que representou. O rival, então favorito, na época endeusado por ter um dos melhores elencos do Brasil, enfrentando o patinho feio da Barra Funda, que não ganhava clássico havia anos. Goleada, fora o baile.

O Palmeiras voltou a incomodar, e isso é importante

Lembre-se, acima de tudo, que seu time é grande, tal qual falou Zé Roberto. A euforia dos rivais nas redes sociais e os resultados heroicos são a prova. Ninguém se incomoda com o fraco, ninguém perde tanto tempo falando de algo que não liga. O Palmeiras voltou a incomodar, e isso é importante. É o primeiro passo de uma longa jornada.

Lembre-se daquele Palmeiras que era goleado por adversários insignificantes. Hoje, será olhado de igual para igual contra qualquer rival que for jogar. Pode não vencer, como disse no início no texto, em nenhum aspecto da vida e do futebol é possível vencer sempre, mas será respeitado como merece. Rogério Ceni, Elias e Petros que o digam.

Avante, Palmeiras! Ao contrário do cenário de pré-falência de anos atrás, sua tendência é seguir crescendo. Você estava no pó, agora está de volta a briga. O Palmeiras voltou, sim, apenas o Palmeiras, não o campeão, pois isso ele nunca deixou de ser.