O que é o “Cucabol”? Segundo o jornalista Mauro Cezar, da ESPN, é um futebol que “não tem jogada, é só cruzamento na área”. Para ele, este é o estilo de jogo que o time de Cuca vem apresentado no Campeonato Brasileiro.

E em que contexto ele se aplica? O Palmeiras é o time que mais fez gols de cabeça no campeonato, já são 14, é um dos times que mais cruza, e é também o melhor ataque do Brasileirão. Agora que você já entende isso, continue lendo.

Se é para fazer uma análise rasa do futebol, vamos lá. Segundo dados do Footstats, o Palmeiras, líder do campeonato, cruza menos que o Flamengo, vice-líder. São 527 cruzamentos pelo lado verde e 573 pelo rubro-negro. Sim, isso mesmo, o “Cucabol”, que é só cruzamento na área, utiliza menos deste recurso do que o time em ascensão do campeonato. Seria esse o “Zé Ricardobol”?

Indo mais a fundo nestes números, 31% dos gols do Verdão neste campeonato foram de cabeça, já no Flamengo, 24%*. Uma diferença de apenas 9%. E essa pequena discrepância é o suficiente para analisar de forma tão diferente o futebol que dois times apresentam? Já é o suficiente para chamar um futebol apresentado de “só cruzamento na área” e o outro não?

Mas vamos um pouco mais a fundo nisso. Dos dez gols feitos pelo Palmeiras neste segundo turno, quatro foram de cabeça e quatro resultado de um cruzamento. No Flamengo, mais de um terço dos gols foram resultados de um cruzamento dentro da área.

Porém, o que tudo isso muda? Seria isso pouco repertório? Não. Pelo o que eu saiba, futebol, além de ser jogado com os pés, é jogado com a cabeça. Tanto para acertar a bola, como para prever uma linha de impedimento.

Tudo bem, entendo que muitos odeiam esse tipo de jogo. Então, vou usar o mesmo número de gols de cabeça – 14 – para mudar o significado de “Cucabol”. Ele agora será o termo usado para falar de um futebol sem cruzamento.

É possível contar a dedo os gols do Palmeiras que não foram resultados deste tipo de jogada, batem os 14 facilmente. Então, pela lógica, o Palmeiras estaria dividido em um “Cucabol” de cruzamentos e não cruzamentos. Não. Não é desmérito de ninguém fazer gols de cabeça, muito pelo contrário, é treinamento. Utilizar esse recurso para ser momenaneamente líder do campeonato não é pecado, é futebol.

Dizer que a campanha do Verdão até aqui é baseada em um termo chulo que nem o “Cucabol” é no mínimo injustiça com o melhor ataque do Brasil. O Palmeiras, assim como o Flamengo, joga um futebol bom de se ver, triangulações, jogadas ensaidas, enfiadas e, sim, cruzamentos.

Por último fica a pergunta: como pode um time sem repertório ter a melhor campanha, mais pontos, melhor ataque e melhor saldo?

*Este número não conta o gol de cabeça, resultado de um cruzamento, de Willian Arão contra o Figueirense domingo (18) no Pacaembu.

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Sobre o autor
Henrique Toth Correa Ayres
Henrique Toth, 18 anos, de Jornalismo. Apaixonado por esportes. Viciado em futebol. Nacional, internacional, não importa, se tem uma bola rolando eu acompanho.