Com o fim da Copa do Mundo, é hora do futebol brasileiro seguir com sua rotina normal. Nesta terça-feira (15), o Campeonato Brasileiro da Série B volta a campo para a disputa da 11ª rodada que guarda, entre outras nove partidas, um duelo paulista entre Ponte Preta Portuguesa, que se enfrentam no Moisés Lucarelli, em Campinas.

Duas das rebaixadas no Brasileirão de 2013, as equipes guardam lembranças bem diferentes do primeiro semestre, antes da pausa do futebol brasileiro para a disputa da Copa do Mundo. A Ponte Preta foi até as quartas de final do Campeonato Paulista (caiu para o Santos), está na terceira fase da Copa do Brasil, onde enfrenta o Vasco, e ocupa a confortável sétima posição na Série B, com 16 pontos, um a menos que o América-MG, último no G-4.

Já a Portuguesa, depois de flertar com mais um rebaixamento, fez um Paulistão apenas mediano e sequer esteve perto de sonhar com uma classificação para as quartas de final. Na Copa do Brasil, a Lusa passou por mais um vexame ao ser eliminada na primeira fase pelo Potiguar de Mossoró, do Rio Grande do Norte. Ainda tentando reverter a punição de quatro pontos pela escalação irregular do meia Héverton na última rodada do Brasileirão, que culimou no rebaixamento da equipe paulistana, o começo da Série B não foi dos mais animadores.

Ainda na primeira rodada, uma liminar que supostamente obrigava a paralisação da partida entre os lusitanos e o Joinville, em Santa Catarina, ainda por conta do Caso Héverton, fez com que a Lusa saísse do campo e, mesmo convocada pelo delegado da partida, se recusou a voltar o que, meses depois, foi caracterizado como W.O. Nas outras nove partidas, apenas duas vitórias e nove pontos. Com vexames como uma goleada de 4 a 1 sofrida ante o Sampaio Corrêa em pleno Canindé, o clube rubro-verde ocupa a 18ª colocação e está na zona de rebaixamento.

Engana-se, no entanto, quem pensa que a crise é exclusividade da equipe da capital. Mesmo com um 2014 razoável até aqui, a atual vice-campeã da Copa Sul-Americana não vive um bom momento fora dos gramados. Mesmo com o estádio Majestoso recebendo bons públicos por conta de promoções da diretoria, a Macaca tem muitas dívidas e está há dois meses sem pagar os salários do elenco.

Por tudo isso, a partida dessa terça-feira (15) vale muito mais do que três pontos. Ambas as equipes precisam de uma vitória para, no caso da Ponte, entrar no G-4 e, no da Portuguesa, sair da zona de rebaixamento. A Macaca só entra na zona de acesso à Série A se vencer o seu jogo e, ainda assim, contar com três dos seguintes resultados: empate na partida entre Luverdense e ABC (desde que supere os matogrossenses no saldo, hoje inferior em três gols), tropeço do Sampaio Corrêa (ou, em caso de vitória dos maranhenses, superar a Bolívia Querida no saldo, cinco gols maior) e tropeço do América-MG ante o Paraná.

Já a Portuguesa, precisa de uma vitória simples para sair da zona de rebaixamento, desde que acompanhada de apenas um dos seguintes resultados: empate ou derrota do Paraná contra o América-MG (ou superar os paranaenses no saldo, hoje quatro gols inferior), empate ou derrota do Bragantino contra o América-RN, empate ou derrota do Atlético-GO contra o Avaí ou ainda uma derrota do Náutico ante o Sampaio Corrêa, desde que desconte a diferença de sete gols no saldo. Em caso de empate, a Lusa só sai do Z-4 com dois dos seguintes resultados: derrota do Paraná, de Bragantino e Oeste por dois gols de diferença e do Atlético-GO por cinco.

Ponte Preta e Portuguesa se enfrentam pela 11ª rodada da Série B a partir das 19:30, no Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas.

Em crise financeira, Ponte Preta cogita fim de concentração e espera negociação para acertar salários

A situação da equipe no campeonato ou mesmo a partida contra a Portuguesa: nada disso é o principal assunto no Moisés Lucarelli. Durante a semana, até mesmo a Recopa Sul-Americana ganhou destaque em Campinas. É que a disputa do Atlético-MG será contra o Lanús, mas por pouco não foi contra a própria Ponte Preta, derrotada pelos argentinos na final da Copa Sul-Americana de 2013.

Passado o momento de descontração em que os atletas da Macaca admitiram "secar" os granates, chegou o momento de tocar em um assunto tão sério quanto delicado: a situação financeira da Nega Véia, que não esconde um atraso salarial de dois meses, que, por outro lado, causa um incômodo que também não é camuflado pelos jogadores.

Apesar da situação delicada, o elenco campineiro parece unido para tentar resolver o problema. Os jogadores chegaram a sugerir que a equipe não se concentrasse para a partida contra a Lusa, reduzindo assim um custo de aproximadamente R$ 5 mil nas despesas. O Presidente Márcio Dalla Volpe explicou que a ideia foi discutida em reunião, mas não foi aprovada:

"Eles perguntaram se isso ajudaria. Foi uma reunião. Se colocaram à disposição do clube para não concentrar. São apenas situações que vamos conversando, falamos que não tinha a necessidade. Não houve qualquer tipo de rebelião por parte dos jogadores", explicou.

A venda do zagueiro César, um dos destaques da equipe, para o Benfica, de Portugal, é a esperança da diretoria campineira. Dalla Volpe espera conseguir R$ 1 milhão com o jogador, o que pagaria os dois meses da folha salarial orçada em R$ 450 mil e ainda aliviaria um pouco o orçamento para meses futuros: "Estamos com uma previsão de acerto, que é com relação à venda do César. Acertamos todos os jogadores do ano passado. Entrando o valor da venda do César, vamos quitar os meses de junho e julho. E deixar um pouco de sobra", aguarda o Presidente.

Dentro de campo, o treinador Dado Cavalcanti promoveu duas mudanças no time em relação a equipe que disputou as 10 primeiras rodadas do torneio: o zagueiro Tiago Alves e o meia Léo Cittadini ganham espaço no time titular. Tiago, aliás, foi um dos reforços trazidos pela diretoria. Contratado para substituir César, ele chegou junto com o atacante Miguel. Ambos vieram do Palmeiras, pouco aproveitados no elenco do técnico argentino Ricardo Gareca.

Outra boa notícia no sistema defensivo é a iminente volta do volante Fernando Bob, que sofreu gravíssima lesão em partida contra o ABC e, embora ainda não tenha previsão de voltar a campo, já trabalha fisicamente sem dores.

Reforçada, Portuguesa tenta a recuperação na Série B

Depois do começo ruim, a Portuguesa aproveitou a pausa para a Copa do Mundo para reforçar seu elenco visando não somente deixar o Z-4 como tentar a volta para a Série A: o experiente volante Marcos Assunção, que estava no Figueirense, e o também volante Jocinei, vindo do Corinthians, chegaram junto com o lateral-esquerdo Jussandro, ex-Bahia, o atacante Pedro Oldoni, que estava na Turquia e o zagueiro Brinner, vindo do Paraná, além de pelo menos outros dez nomes, alguns estrangeiros.

Depois de uma longa temporada de reabilitação, a Lusa treinou durante a semana no Parque Ecológico, na Capital, e foi para Serra Negra, onde fez os últimos treinamentos antes da partida contra a Ponte Preta. O técnico Marcelo Veiga optou por fazer testes físicos na cidade, próxima à Campinas, para que a equipe esteja pronta para o primeiro teste pós-Copa do Mundo.

Dos reforços contratados pela Lusa para a sequência da Série B, três devem estrear já nessa partida contra a Ponte. São eles o zagueiro Brinner e os volantes Marcos Assunção e Jocinei.

História do confronto é marcada por equilíbrio

Ao todo, Ponte Preta e Portuguesa já se enfrentaram em 106 oportunidades. A diferença entre o resultado mais comum - vitória da Portuguesa - e o menos frequente - empate -, no entanto, é de apenas sete ocorrências. A Lusa tem apenas quatro vitórias a mais que a Ponte, 39 a 35, enquanto 32 encontros entre as duas equipes já terminaram empatados.

Pelo Campeonato Braisleiro da Série B, foram oito jogos e aí a Portuguesa tem boa vantagem: são cinco vitórias, um empate e apenas dois resultados negativos. Jogando em casa, como nesta terça (15), a Ponte leva vantagem: 24 vitórias, 12 empates e 14 derrotas.

No ano passado, quando estavam na Série A do Brasileirão, as equipes se enfrentaram duas vezes e, nas duas, com vitória lusitana. No Canindé, vitória da equipe da Capital por 2 a 1. Na 37ª e penúltima rodada, a Lusa bateu a já rebaixada Ponte por 2 a 0 e se viu praticamente livre do rebaixamento, sem contar, é claro, com a perda de pontos que a levou para a Série B.

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