O trabalho das categorias de base do Santos é elogiado por todo o Brasil com diversos jovens servindo ao time profissional e também pelo bicampeonato inédito da Copa São Paulo de Futebol Júnior, mas nos últimos tempos a saída das promessas não tem dado retorno financeiro ao clube.  

Depois da confirmação da saída de Victor Andrade e Neílton, o Santos está prestes a perder o também atacante Giva, sem receber nada em troca. O trio de promessas santistas que poderia ser o futuro da equipe pós-Neymar saiu sem render dentro e fora de campo.

Neílton tem 20 anos e teve seu contrato com o Peixe encerrado em maio deste ano. O jogador foi campeão da Copa São Paulo em 2013 e integrado aos profissionais ainda por Muricy Ramalho, mas ganhou espaço definitivamente com a efetivação de Claudinei Oliveira, mas ainda em 2013 começaram os problemas para renovação do seu vínculo.

Foto: Divulgação / Santos FC

Por determinação da diretoria, Neílton foi afastado do grupo enquanto as negociações estavam em andamento. O agente do jogador pediu um aumento salarial considerado absurdo pelo Santos e o contrato não foi renovado. Por fim, o jogador esperou o fim de seu vínculo e acertou com o Cruzeiro.

Sem receber nada pela transação, o Santos ficou com 15% dos direitos econômicos de Neílton como um prêmio de consolação. A esperança do clube é que o atacante atue bem pelo Cruzeiro e consiga uma transação milionária para algum time da Europa. Ao todo, foram 20 jogos com a camisa alvinegra e apenas quatro gols marcados.

O caso de Victor Andrade é bem parecido com o de Neílton. O atacante estreou com a camisa do Santos aos 16 anos em 2012, feito que nem o precoce Neymar atingiu, mas nesses dois anos atuando pelo Peixe foram 29 jogos e três gols marcados.

A relação de Victor Andrade (e seu pai Nelson) com o comando do Santos sempre foi complicada. A história começou ainda em 2012, quando nas férias o jogador visitou as instalações do Barcelona e foi duramente criticado pelo técnico Muricy Ramalho. No fim do ano passado, por ordem do pai, o atacante chegou a se negar a viajar com a equipe sub-23 do Peixe em uma excursão pela Ásia.

Sem contar com a simpatia de Muricy e Claudinei e também com problemas extracampo, Victor passou a aparecer cada vez menos na equipe principal do Santos. Com isso, a direção do clube não aceitou o valor pedido pelo jogador para renovar o seu vínculo com o Peixe.  

O contrato de Victor se encerraria em setembro de 2014, mas o jogador chegou a um acordo com o Santos e terminou o vínculo antecipadamente para acertar com o Benfica, de Portugal, por cinco anos. O clube alvinegro terá direito a um valor fixo (R$ 2,4 milhões) em uma próxima negociação feita pelo clube português.

Victor era um dos três jogadores por quem o Barcelona pagou um valor de preferência em 2013, quando da negociação de Neymar, mas não exerceu essa cláusula. Na ocasião, o Santos recebeu R$ 9,6 milhões pelo atacante em um negócio mal explicado pela diretoria santista.  Por fim, os 12 milhões de reais que o Santos poderá receber está bem longe da multa rescisória estipulada para o jogador que tinha um valor de R$ 150 milhões.

Com o contrato encerrando em dezembro de 2014, Giva deverá ser o próximo a deixar o Santos sem nenhuma compensação financeira. O staff do jogador ainda não foi procurado pela diretoria santista e o grande número de opções de ataque que o técnico Oswaldo de Oliveira tem, levam a crer que ele não será procurado.

Contratado junto ao Vitória em 2012, Giva foi campeão da Copa São Paulo de 2013, ao lado de Neílton, e subiu para os profissionais na disputa do Campeonato Paulista daquele ano. Várias lesões prejudicaram a sequência do atacante na equipe do Santos e com a chegada de Oswaldo de Oliveira, ele passou a nem ser relacionado para os jogos. Até hoje, foram seis gols em 31 jogos no clube.

Foto: Divulgação / Santos FC

Detentor de 20% dos direitos econômicos de Giva, o Santos deixou de exercer a opção de compra de 50% no fim de 2013 por R$ 1,7 milhão. Com isso, para manter o jogador terá que desembolsar R$ 2,3 milhões.  O atacante também fez parte da negociação entre Neymar, Santos e Barcelona e o clube catalão pagou R$ 5,4 milhões pela preferência ao jovem de 21 anos.

Caso saia sem render nenhuma receita ao Santos, Giva se junta a vários outros exemplos da base santista que não trouxe o rendimento esperado ao clube que tem em seu caso mais emblemático o meia Jean Chera, que foi tratado como estrela pelo Peixe, mas após se recusar a assinar o primeiro contrato profissional com o Alvinegro já rodou por diversos clubes sem se firmar. 

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Sobre o autor
George Raposo
Especialista em Gestão e Marketing Esportivo pela TREVISAN e Pós-graduando em Jornalismo Esportivo pela FAAP-SP