Com poucas novidades expressivas, o São Paulo chega ao Campeonato Brasileiro de 2014 com um elenco que ainda segue longe de empolgar a torcida. Por mais que novas peças tenham encaixado bem no esquema de Muricy Ramalho, como Alvaro Pereira, Souza e Pabón, a principal esperança dos tricolores está na política: a saída de Juvenal Juvêncio.

Depois de comandar o clube por três mandatos, Juvenal terminou seus trabalhos com muitas críticas da torcida. Após um excelente início de trabalho, o ex-mandatário são paulino passou a se preocupar mais com questões políticas (e com a Copa do Mundo), deixando o futebol de lado.

Agora, com Carlos Miguel Aidar como novo presidente, o São Paulo estreia no Campeonato Brasileiro com uma esperança diferente. Por mais que Aidar tenha sido o candidato da situação, a torcida espera, principalmente, uma diferença na mentalidade do clube. A eliminação precoce no Campeonato Paulista provou que o time tem muitas falhas, e o elenco está longe de ser confiável.

Caso não consiga reforços que ditem o ritmo do time -- principalmente no setor defensivo -- o São Paulo pode repetir o ano passado, e terminar o campeonato no meio da tabela de classificação. 

Memória

A derrota para o Grêmio por 1 a 0, na 20ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2008, deixou o São Paulo a 11 pontos do próprio time gaúcho, então líder da competição.

O quinto lugar são paulino, fora da zona de classificação da Libertadores, deixou os torcedores quase sem expectativas de que o clube repetiria as ações dos últimos anos e conquistaria o título nacional. A má fase continuou, e, quatro jogos depois, o clube já havia caído para a sexta colocação -- três pontos atrás do Botafogo, primeiro classificado à Copa Libertadores.

Aos poucos, no entanto, o tricolor surpreendeu. Conquistou incríveis nove vitórias em dez partidas, e alcançou a liderança na 33ª rodada, para não largar mais. Rogério Ceni, Miranda, Hernanes, Hugo, Dagoberto, Borges e tantos outros tornaram aquele São Paulo, que não possuia nenhum craque, umdos campeões mais impactantes dos últimos anos.

Em 2007, o mesmo São Paulo, com um time parecido, foi campeão com rodadas de antecedência. Em 2008, teve que levar o título apenas na última rodada, com um impedido gol de Borges contra o Goiás. 

Arbitragem a parte, o campeonato também foi marcado por polêmicas fora de campo, como o caso dos convites para o show da cantora Madonna.

Nada, porém, que tirasse qualquer mérito do sexto título são paulino, em uma das principais recuperações de um campeão na história do Brasileirão.

Na última edição...

O São Paulo considera 2013 como um dos piores anos de sua história. E não por menos: foi no Campeonato Brasileiro do ano passado que a equipe sofreu a maioria de suas dez derrotas consecutivas -- pior marca dos 78 anos de clube.

Com um ano sofrível, o São Paulo foi perdeu para o rival Corinthians no Campeonato Paulista e na Recopa Sul Americana, foi eliminado pelo Atlético Mineiro na Libertadores e, quando nada parecia piorar, amargou a zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.

Ainda amargando a falta de Lucas, o São Paulo teve um péssimo planejamento e um elenco mal montado como grandes destaques para o Brasileirão. Na época, com 12 jogos seguidos sem vitórias, um Paulo Autuori com aproveitamento baixíssimo e até Rogério Ceni perdendo pênaltis como nunca perdeu, o São Paulo foi dado como virtual rebaixado.

O clube, no entanto, tal qual em 2008, recebeu de Muricy Ramalho o estímulo que precisava para sair da situção. Com ótimas partidas de Paulo Henrique Ganso, a grata surpresa defensiva de Rodrigo Caio e os gols do limitado Aloísio, o São Paulo conseguiu, de longe, se livrar da queda.

Para quem vê de longe, o nono lugar conquistado ao fim do torneio é creditado para uma equipe mediana. Longe disso: o fraco elenco e a disputa política do clube deixaram o São Paulo em um dos anos mais negros de sua existêcia.

O nome de 2013: Paulo Henrique Ganso

É difícil de acreditar, mas, em pleno 2013, Paulo Henrique Ganso foi o principal nome do São Paulo. Com atuações impecáveis no segundo turno do Campeonato Brasileiro, comandou o São Paulo a uma incrível recuperação, que tirou o time da zona da degola e o deixou no meio da tabela.

Com a chegada de Muricy Ramalho, Ganso passou a jogar mais a frente, e, se não chegou perto do futebol que mostrou no auge de sua passagem pelo Santos, colecionou brilhantes partidas pelo tricolor.

Apesar de um único gol, Ganso mostrou toda a qualidade que um dia o credenciou como um dos principais jogadores do Brasil. Foram passes incríveis e lances geniais, como o vão de perna em Júlio César do Botafogo, que fizeram Muricy Ramalho pedir a Luiz Felipe Scolari que considerasse uma convocação de Ganso à Seleção Brasileira.

Em 2014, Ganso ainda não brilhou como em 2013. Apesar de bons lances, a maioria deles vem de casos isolados. Para obter qualquer tipo de êxito tanto no Brasileirão quanto na Copa do Brasil, o São Paulo vai precisar de boas atuações do seu camisa dez.

O início de temporada

Os poucos reforços tricolores para 2014 foram pontuais. Alvaro Pereira resolveu de vez o problema da lateral esquerda, Souza tomou conta do meio campo e Pabón se tornou uma excelente opção para o esquema de três atacantes de Muricy. Apenas Luís Ricardo, que chegou com pompa para cuidar da ala direita, não agradou.

Aos poucos, o time foi se encaixando, e, em determinado momentou, pintou como candidato ao título. Claro que a fragilidade do elenco nunca foi esquecida -- nem por Muricy Ramalho, que sempre fez questão de cobrar reforços --, mas a impressão era a de que o São Paulo estava montando uma boa equipe.

Mesmo com a boa fase de Luís Fabiano, Osvaldo e Pabón, a diretoria resolveu buscar a contratação de Alexandre Pato. Oferecido ao São Paulo em uma troca envolvendo Jadson, o camisa 11 chegou ao tricolor podendo jogar apenas a Copa do Brasil -- e a fez bem, em uma tranquila passagem pelo CSA de Alagoas, com vitórias por 1 a 0, fora, e 3 a 0, com gol de Pato, no Morumbi.

Enquanto o atacante não entrava em campo, o São Paulo mostrava seu ímpeto ofensivo em contraste com a defesa falha. Rodrigo Caio, que brilhou em 2013 atuando como líbero, não conseguiu repetir as boas atuações no esquema com dois zagueiros, enquanto os companheiros de defesa Douglas e Antonio Carlos continuaram falhando como o costume.

De qualquer forma, o time avançou às quartas do Paulista sem maiores problemas. Eis que veio a traumática eliminação: contra a Penapolense, em casa, o tricolor não saiu do zero, e foi eliminado nos pênaltis. 

Mesmo com o Campeonato Paulista nunca sendo uma prioridade nos corredores do Morumbi, a falta de títulos recentes obrigava o São Paulo a obter qualquer conquista para ficar de bem com a torcida. A Copa do Brasil e o Brasileiro são as próximas opções, mas estão longe de um final feliz.

Quem comanda: Muricy Ramalho

Se tem um treinador que os são paulinos estão acostumados, este é Muricy Ramalho. Para essa temporada, no entanto, o técnico são paulino adotou uma postura quase inédita em sua carreira. Talvez adotando um pouco do que fez no Santos, Muricy deu uma prioridade ofensiva ao São Paulo, algo bem longe de seu estereótipo.

Com uma formação de três atacantes, Muricy abusa da velocidade de Osvaldo e Pabón para ajudar a recompor o meio-campo. A boa fase de Luís Fabiano ajuda a coroar um bom sistema armado pelo treinador. Há, no entanto, o fator Alexandre Pato. Muricy já sinalizou que pretende usar o camisa 11, então terá de achar uma alternativa: a provável saída de Pabón deixa o time muito mais lento, e sem apertar a saída de bola.

Na defesa, os problemas são mais individuais. Sem o Luís Ricardo dos tempos de Portuguesa, o esforçado Douglas ganhou a posição. É, porém, apenas esforçado. Antonio Carlos segue falhando, e Rodrigo Caio não é o mesmo da temporada passada. No meio-campo, Maicon até encontrou um bom futebol, mas ainda tem dificuldade em levar o jogo da defesa para o ataque. Por mais que ande levando poucos gols, o São Paulo não pode é deixar que esses pequenos problemas apertem na hora decisiva.

Acostumado a títulos, Muricy é. Com elencos limitados, principalmente. Mas terá que se desdobrar para conseguir bons resultados. Normalmente, os times de Muricy ganham no físico -- explicando porque suas melhores fases são lá para o segundo turno do Brasileiro. Resta, agora, segurar o ganho para o (bom) time e o fraco (elenco). 

Quem decide: Luís Fabiano

Depois de terminar 2013 em baixa, Luís Fabiano voltou com tudo em 2014. Um dos artilheiros do Campeonato Paulista, o Fabuloso já marcou 11 gols em 16 jogos da temporada, e, ao que parece, afastou de vez as críticas diante da fraca temporada pasasda.

LuísFabiano é, assim, a grande esperança do torcedor tricolor. Em um esquema que o favorece muito, com um meia e dois pontos, o camisa nove quer apagar de vez as críticas que recebe por não ser decisivo.

Ao terminar um 2013 na reserva de Aloísio, e com apenas cinco gols no Brasileirão, Luís até cogitou deixar o clube, mas foi convencido a permanecer. Bom para o São Paulo, que vê em seu artilheiro, o terceiro maior goleador da história do clube, o principal destaque para o torneio.

Quem promete: Alexandre Pato

Quando foi anunciado como atleta do São Paulo, Pato teve seu nome xingado por milhares de pessoas no Morumbi. Era um dos últimos nomes que a torcida queria ver no tricolor, e só poderia jogar a Copa do Brasil.

Meses e dois jogos depois, Pato já não é tão unanimidade negativa assim. Fez duas boas partida contra o CSA de Alagoas, e Muricy garante que ele continua como titular. A ponto de desfazer o bom trio formado por Osvaldo, Pabón e Luís Fabiano.

O fraco ano de Pato e as péssimas atuações com a camisa do arquirrival Corinthians não animam os torcedores. O camisa 11, no entanto, quer dar a volta por cima, e vai usar o Brasileirão para mostrar que não é apenas uma falsa promessa.

Avaliação VAVEL

Sem reforços, o São Paulo terá que jogar o que tem de melhor para poder conquistar uma boa campanha. A princípio, o time deve ficar no meio da tabela, mas, se encaixar o time e reforçar a defesa, pode brigar pela Libertadores