Ele surgiu como uma das grandes promessas do futebol brasileiro nos últimos anos. Foi um dos jogadores mais importantes de um time que encantou o país. Enfrentou uma série de lesões, não foi aquilo que se esperava e passou a ser visto com enorme desconfiança. Aos poucos, no entanto, Paulo Henrique Ganso vai recuperando o status de craque que tanto condiz com seu inegável talento.

Ele também surgiu como uma grande promessa. Encantou rapidamente o futebol europeu com sua habilidade. Também viveu uma queda brusca de rendimento e passou a ser visto com maus olhos. Voltou ao Brasil, decepcionou mais ainda, ganhou uma nova chance e, entre altos e baixos, Alexandre Pato viveu nesta tarde um de seus melhores dias desde que chegou ao novo clube.

Neste domingo (24), depois de marcar o gol da vitória do São Paulo contra o Internacional, na última quarta (20), Ganso voltou a brilhar. E, por ironia do destino, contra o clube que o formou e o revelou para o mundo do futebol. Foi dele o gol mais bonito da vitória Tricolor sobre o Santos, no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro. Foi de Pato, porém, o gol decisivo, aos 42 minutos do segundo tempo, que garantiu a vitória ao time da capital.

Para o São Paulo, a partida valia uma aproximação aos líderes do torneio. Para o Santos, a diminuição da diferença em relação ao quarto colocado - o próprio São Paulo. Assim sendo, o jogo começou disputado como se esperava. Aos poucos, no entanto, os donos da casa foram tomando conta do jogo e, assim, abriram o placar ainda na metade da primeira etapa. Em um segundo tempo equilibrado e de poucas chances, o Santos arrancou um empate já nos minutos finais, mas não pôde impedir o revés ao deixar Alexandre Pato sozinho de frente para o gol.

O triunfo no clássico representou a quarta vitória seguida do São Paulo no Brasileirão. Além do mais, foi o segundo triunfo consecutivo sobre um rival, o terceiro no ano nos seis clássicos disputados pelo time de Muricy Ramalho. Uma boa marca para uma equipe que passou toda a temporada de 2013 sem vencer esse tipo de partida.  O Tricolor agora soma 32 pontos e é o vice-líder do torneio. A diferença para o Cruzeiro é de quatro pontos e pode voltar a sete se a Raposa vencer o Goiás, ainda neste domingo.

Já o Santos, agora se distanciou ainda mais do grupo dos quatro primeiros colocados. Os oito pontos que separam o Peixe do Corinthians, atual quarto colocado, são superiores aos seis que o alvinegro, em nono, tem a mais em relação ao Palmeiras, que no momento abre a zona de rebaixamento.

As duas equipes jogam no meio de semana, mas não no Brasileirão. Pela Copa Sul-Americana, o São Paulo faz sua estreia nesta quarta (27), contra o Criciúma, em Santa Catarina, pelo jogo de ida da segunda fase.  Na quinta (28), o Santos vai até Porto Alegre encarar o Grêmio pela primeira partida das oitavas de final da Copa do Brasil. No domingo (31), ambos jogam fora de casa pela penúltima rodada do Brasileirão: o Tricolor contra o Figueirense e, o Peixe, contra o Botafogo.

Golaço de Ganso deixa o São Paulo em vantagem

Um clássico por si só já é um jogo diferente. Valendo muito para ambos os envolvidos, então, é muito mais. Essa combinação de fatores fez com que São Paulo e Santos entrassem em campo com muita disposição. Logo com um minuto, Alexandre Pato exagerou e, ao dar um tapa em Cicinho, acabou levando cartão amarelo.

O Santos comecou marcando em cima, fechando os espaços do São Paulo no começo das jogadas e, assim, tentando ter a posse de bola já no campo de ataque. Deu certo. Nos primeiros minutos, quase sempre pelo lado esquerdo, o Peixe assustou no jogo aéreo e teve uma grande chance após uma saída estabanada da dupla de zagueiros dos donos da casa.

Todo esse ímpeto, entretanto, não durou nem 10 minutos. Aos poucos, o Santos foi recuando, deixando o São Paulo se aproximar e o Tricolor, quando parou de errar passes, correspondeu. Aos 12, Álvaro Pereira recebeu bom lançamento e bateu forte, exigindo boa defesa de Aranha. Dez minutos depois, entretanto, não teve jeito. Após cobrança de lateral, Paulo Henrique Ganso dominou no peito, girou e, sem deixar a bola cair, acertou um lindo voleio para abrir o placar.

O gol deu tranquilidade ao São Paulo para trabalhar a bola e chegar com naturalidade à meta adversária. O Santos intensificou um pouco o ritmo e passou a se aproximar da meta de Rogério Ceni. A insistência nas jogadas pelo lado esquerdo e a ineficiência no jogo aéreo, entretanto, fizeram a primeira boa chance aparecer somente aos 30 minutos, em boa cabeçada de David Braz. Novamente pela bola aérea, o Santos voltou a levar perigo aos 45 minutos, com conclusão de Edu Dracena.

Santos consegue o empate, mas Pato decide o clássico

Após mais uma atuação apagada de Leandro Damião, Rildo entrou em campo para dar uma maior movimentação ao ataque do Santos. O segundo tempo começou intenso, com o Santos se lançando ao ataque e o São Paulo chegando com perigo logo aos quatro minutos, quando Kaká cruzou, mas surpeendeu Aranha e quase marcou o segundo.

Com postura mais ofensiva, o Peixe ficou naturalmente muito exposto lá atrás e, aí, as chances começaram a aparecer para o São Paulo que, no entanto, não conseguiu aproveitar. Faltava um capricho maior no último passe, um maior cuidado com o toque de bola e com as conclusões. O Santos perdeu o seu meio de campo e passou a não conseguir mais criar as jogadas, avançar e provocou uma pequena acomodação no rival. Foi um segundo tempo morno.

A coisa começou a esquentar mesmo aos 32 minutos. Pato foi lançado por Ganso na cara de Aranha, mas não concluiu bem e o goleiro sanrista defendeu com os pés. Quando a vitória Tricolor parecia cada vez mais certa, Rildo invadiu a área e Álvaro Pereira, afobado, cometeu pênalti ao dar um carrinho no adversário. Aos 40 minutos, o garoto Gabriel não sentiu a pressão e bateu o pênalti com tranquilidade. Bola de um lado, goleiro do outro e empate no placar.

A felicidade santista não durou nem dois minutos. Em um descuido da zaga, Alexandre Pato apareceu livre, sozinho, na cara do gol após belo lançamento de Denilson. Aranha saiu, defendeu o primeiro chute, mas deu rebote e, aí, com o gol livre, foi só fazer a bola desviar dos dois zagueiros que estavam sob a trave e marcar o gol da emocionante vitória do São Paulo e que, de certa forma, redimiu duas velhas promessas do futebol brasileiro.