Nesse sábado (20), a seleção brasileira de futebol masculino entrará em campo tendo mais uma chance de fazer história e conseguir o último título que falta em sua sala de troféus: o dos Jogos Olímpicos. A chance de fazer isso dentro de casa lembra a atmosfera criada na Copa do Mundo de 2014. E as semelhanças não param por aí: o adversário da final é também o algoz do Brasil na fatídica semifinal de 2014, a Alemanha. O craque do time também é o mesmo. Neymar ficou de fora da reta final da Copa por conta da uma lesão nas quartas de final, mas agora chega inteiro para a final olímpica.

Depois de um péssimo início de competição, a seleção cresceu e, junto com ela, o capitão Neymar também. Foi nas quartas de final, contra a Colômbia, que o camisa 10 marcou seu primeiro gol na competição. Nas semifinais, contra Honduras, o jogador do Barcelona também deixou o seu, marcando o sexto gol para selar a goleada brasileira. Apesar de ter apenas dois gols na Olimpíada, fica bem claro que Neymar é o cérebro do time, comandando todas as ações de ataque e, principalmente por isso, tem a chance de se tornar herói levando a primeira medalha de ouro brasileira no futebol.

Trajetória de Neymar na seleção começou com prata em Londres e título de Copa das Confederações

Para entendermos a grandiosidade do feito que seria, para Neymar, a conquista do ouro olímpico, principalmente dentro de casa, é importante recapitular as competições que o jovem jogador já disputou pela seleção. Ainda com 24 anos, o brasileiro vem sendo convocado desde 2010, após a Copa do Mundo daquele ano. Sua trajetória em torneios internacionais de maior relevância começou mal. A Copa América de 2011 foi traumática para o Brasil, com uma eliminação nos pênaltis para a fraca seleção do Paraguai. A disputa ficou marcada pelo desperdício de quatro cobranças de penâltis pelos brasileiros.

Na sequência, a esperança do ouro em Londres 2012. A campanha brasileira enchia a torcida de esperanças, já que a seleção chegava invicta à final. O adversário era o México, país que não havia conquistado nenhuma medalha em Jogos Olímpicos anteriormente. Ainda com a camisa 11, Neymar já era uma das grandes referência técnicas do elenco. A seleção canarinho acabou derrotada por 2 a 1 e ficou com a medalha de prata pela terceira vez na história.

Neymar teve uma certa redenção na Copa das Confederações, disputada em 2013, antecendendo a Copa do Mundo do Brasil. A seleção brasileira fez um torneio magnífico, deixando para trás seleções como Itália e Uruguai, até chegar à final contra a Espanha, campeã do mundo e da Europa naquela oportunidade. Apesar disso, a seleção espanhola sofreu uma derrota acachapante por 3 a 0 e o Brasil saiu com o título da Copa das Confederações em casa, criando uma expectativa ainda maior para a Copa, no ano seguinte.

Vexames históricos na Copa do Mundo, Copa América e a ausência de Neymar como denominador comum

A Copa das Confederações pode ser apontada como um marco histórico, sendo a última competição da qual os brasileiros têm boas recordações. No ano seguinte, a Copa do Mundo vinha bem, com extrema confiança de jogadores e torcida, até que Neymar se machucou nas quartas de final contra a Colômbia, depois de uma joelhada criminosa de Zuñiga. A consequência foi que o camisa 10 não poderia jogar até o fim da competição, por conta de uma fratura numa vértebra da coluna.

A semifinal contra a Alemanha entrou para a história como o maior vexame da história do futebol brasileiro. Em partida um tanto quanto atípica, o derrota com a qual os torcedores se acostumaram a conviver após o jogo, com um sentimento de incredulidade que perdura até os dias de hoje. O 7 a 1 marcou e feriu o orgulho nacional. Na sequênica, a disputa pelo terceiro lugar também terminou com derrota e, na sua segunda Copa dentro de casa, o Brasil não conseguiu nem mesmo terminar no pódio.

Em 2015, a Copa América recolocou o Paraguai no caminho do Brasil, também nas quartas de final. Neymar estava suspenso e não disputou a partida, que terminou com mais uma eliminação nos pênaltis para os algozes de 2011. A chance de retomar o caminho vitorioso era em 2016, com a disputa da Copa América Centenário. A seleção brasileira começou em grupo considerado tranquilo, com Peru, Equador e Haiti, devolvendo o 7 a 1 na seleção haitiana. Apesar disso, com futebol pouco vistoso, o Brasil acabou eliminado ainda na primeira fase, ao perder para o Peru na última rodada. Neymar não foi convocado para poder ser utilizado nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

O que a medalha de ouro representaria para Neymar?

Ainda que jovem, podemos afirmar que Neymar já venceu quase tudo que disputou, sendo campeão da Libertadores e da Uefa Champions League por Santos e Barcelona, por exemplo. Com a seleção, no entanto, faltam conquistas. O jogador de 24 anos sofre do mesmo mal que persegue o argentino Lionel Messi, companheiro de Barça: ambos não conseguem repetir, em suas seleções, as glórias que têm ou tiveram no clubes, sendo muito questionados por isso.

A conquista do ouro olímpico, perseguido pelo Brasil há décadas, daria a Neymar um título inédito não só para ele, mas para toda uma nação. A obsessão pela conquista do lugar mais alto do pódio em uma Olimpíada seria coroada com a vitória dentro de casa e o camisa 10 apareceria como maior expoente, sendo o maior jogador do elenco, além de capitão e líder do time, dando um grande salto na sua carreira, entrando de vez para a história da seleção como "o jogador que deu ao Brasil a medalha de ouro olímpica".

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Sobre o autor
Gabriel Menezes
Jornalismo na UFRJ. Coordenador e setorista de Botafogo; Coordenador de Futebol Americano e Italiano