Após péssima campanha no Campeonato Brasileiro de 2013, o Vasco foi rebaixado para a série B. Apesar de tantas contratações feitas, elas não surtiram o efeito esperado, até porque alguns não tiveram chances com Paulo Autuori, Dorival Junior e até Adílson Batista (atual treinador), técnicos do Vasco na temporada, e outros acabaram se lesionando. Adílson fez até uma campanha razoável, mas não conseguiu evitar o pior, já que assumiu faltando poucas rodadas para o final do campeonato. De todos, poucos jogadores continuaram para a temporada 2014. Entre eles estão Rafael Vaz, Guinãzu, Pedro Ken, Montoya, Edmílson e Reginaldo.

Na última rodada, o Atlético-PR goleou o Gigante da Colina, por 5 a 1, mas o que marcou mesmo o jogo foi a polêmica briga entre as torcidas do Cruzmaltino e do Furacão. Foram trocas de socos e pontapés mesmo em quem estava caído e desacordado. A Polícia Militar, que só apareceu depois de alguns minutos do início da confusão, justificou que a segurança foi feita por uma empresa privada e contratada pelo mandante do jogo.

Em uma última tentativa de voltar à série A do campeonato, o Vasco ainda entrou na justiça, alegando que o árbitro da partida com o Atlético-PR recomeçou o jogo após o tempo máximo de espera para o reinício, que estaria no regulamento. Mas, segundo o árbitro, a polícia garantiu segurança para a continuidade do jogo depois da briga. Com isso, o Vasco não conseguiu nada no tribunal e terá mesmo que jogar o Campeonato Brasileiro 2014 na série B. Neste guia, a VAVEL Brasil conta como o Vasco da Gama está se preparando para o Brasileirão.

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Memória

O Vasco começou a sua epopeia do ano de 1997 vencendo, de maneira brilhante e com o regulamento embaixo do braço, o Campeonato Brasileiro, quando Edmundo marcou nada mais nada menos que 29 gols, recorde histórico do torneio quando disputado nos moldes de mata-mata.

Com uma ótima equipe, o Vasco começou o Brasileiro como um dos favoritos ao título, ao lado do Palmeiras, do Flamengo e do Internacional. O time de São Januário mostrou sua força no decorrer da competição e entupiu os adversários de gols, ou melhor, Edmundo entupiu. O craque liderou o time e o Vasco terminou na primeira colocação geral, com 54 pontos e 17 vitórias em 25 jogos. Com isso, o time teria a vantagem de decidir em casa se fosse para a final.

No Campeonato Brasileiro daquele ano, os oito classificados disputaram um quadrangular com partidas de ida e volta. O líder de cada grupo estaria classificado para a final. O Vasco enfrentou Flamengo, Juventude e Portuguesa. O time começou com tudo contra os gaúchos do Juventude, no Sul, e venceu por 3 a 0. No jogo seguinte, empate em 1 a 1 contra o rival Flamengo. Em seguida, duas vitórias sobre a Portuguesa por 2 a 1, no Rio, e 3 a 1, em SP.

O jogo seguinte era contra o Flamengo novamente. Era praticamente um duelo virtual pela vaga na final. Mas o que era para ser uma partida disputada virou um show de Edmundo. O craque marcou três gols na goleada do Vasco por 4 a 1, que praticamente colocaram o time na decisão (o time empatou em 1 a 1 com o Juventude o último jogo e se garantiu na final). De quebra, Edmundo quebrou o recorde do atacante Reinaldo, que durava 20 anos e se tornou, naquela noite, o maior artilheiro em uma só edição do Campeonato Brasileiro, ao chegar aos 29 gols em 16 jogos, uma média espantosa de 1,8 gols por jogo.

O jogo começa, e logo aos 16 minutos, num contra-ataque, Edmundo faz 1 a 0 para o Vasco, seu 27º gol no campeonato. Mas o vascaíno Nélson "Patola" é expulso aos 35 minutos e o time de melhor campanha na competição não consegue ampliar o marcador antes do intervalo. Só o faz aos 10 minutos da etapa final, quando, em mais um contra-ataque, o "Animal" balança as redes novamente e iguala o recorde de Reinaldo.

Com dois gols de vantagem e a vaga na final assegurada, o Vasco relaxa e deixa o Flamengo descontar, já quase no final do jogo, aos 39 minutos, com Júnior Baiano cobrando pênalti. Mas o melhor ainda estava por vir. Aos 42 minutos, Edmundo recebe a bola na esquerda do ataque, ginga pra lá e para cá enganando dois marcadores e chuta de pé esquerdo, cruzado, rasteiro. Gol do Vasco: 3 a 1. Era o 29º gol de Edmundo. O craque vascaíno, bem ao seu estilo irreverente, comemora a façanha rebolando pelo gramado. Aos 45, Maricá deixa o dele e dá números finais à goleada: Vasco, classificado, 4; Flamengo, eliminado, 1.

Na última edição...

O Vasco fez uma campanha muito irregular durante o Campeonato Carioca 2013, com apenas 38% de aproveitamento, e estando sempre presente do meio da tabela para baixo, sendo que o lugar mais alto que ocupou durante todo o campeonato foi o sétimo, na primeira rodada, com a vitória sobre a Portuguesa, em casa, com o placar magro de 1 a 0. Além disso, a partir da 21ª rodada, o Cruzmaltino só saiu da zona de rebaixamento na 25ª e 33ª rodadas, terminando em 18º, na última rodada, e confirmando sua descida para a série B.

Com 52 gols sofridos no Campeonato Brasileiro, o Vasco teve a terceira defesa mais vazada do campeonato, com problemas tanto com os zagueiros quanto com os goleiros, que não tiveram atuações regulares. Dono do sétimo melhor ataque da competição, a equipe cruzmaltina enfrentou muitos problemas para encontrar um equilíbrio entre o razoável desempenho ofensivo e o péssimo desempenho defensivo. A melhor dupla de zagueiros foi Jomar e Rafael Vaz, que tiveram aproximadamente 73% de aproveitamento.

Um outro problema que colaborou com as crises internas em São Januário foi a demora para o acordo de renegociação das dívidas com a Fazenda e da obtenção da última certidão para a assinatura oficial para o patrocínio com a Caixa Econômica Federal. Isso significou que recursos de patrocinadores seguiam bloqueados e que salários de funcionários e jogadores continuavam atrasados. No futebol, o então técnico, Dorival Júnior, junto com o diretor executivo, Ricardo Gomes, tentavam de todas as formas blindar o vestiário dos problemas que a diretoria batalhava para resolver. No início de julho, o técnico Paulo Autuori (técnico antecessor de Dorival), deixou o clube por ter visto uma quebra de promessa da diretoria vascaína quanto ao acerto dos vencimentos na virada do semestre.

Em casa, o time não teve o rendimento esperado, perdendo muitas partidas. Aclamado como caldeirão, temido pelos adversários e fonte da maioria dos pontos do Vasco em todas as competições, São Januário viveu momento de baixa. Jogar lá se tornou até motivo de preocupação, já que a campanha em 2013, no Campeonato Brasileiro, só foi pior que a realizada em 2005 em comparação com o restante da era dos pontos corridos.

O Vasco não perdeu muito tempo e acertou a contratação de Adílson Batista. Depois de Gaúcho, Paulo Autuori e Dorival Júnior, Adílson foi o quarto técnico do ano no Vasco. Na gestão Dinamite foi o décimo terceiro treinador a comandar a equipe. Aos 45 anos, Adílson vinha de dois meses parado. Ele tinha sido demitido do Figueirense e estava sem clube.

No final do campeonato, a diretoria do Vasco entrou com um recurso no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O recurso seria contra a partida do time carioca contra o Atlético-PR, pela última rodada. O Vasco perdeu de 5 a 1, na Arena Joinville. A partida foi interrompida aos 16 minutos do primeiro tempo, devido a uma briga entre as torcidas dos dois times.

O nome de 2013: André

André, que pertencia ao Atlético-MG, assinou contrato até o fim de 2013 com o Vasco. A mudança de ares foi vista pelo jogador como um fator importante para recuperar seu futebol, apagado em sua última passagem pelo Santos.

Após amargar a reserva em alguns jogos, o atacante André voltou a balançar as redes e foi peça fundamental na vitória do Vasco sobre o Internacional por 3 a 1. O camisa 9 foi o responsável por 30% dos gols marcados pelo time no Campeonato Brasileiro e também assumiu a artilharia do elenco na temporada.

André foi o artilheiro do Vasco no campeonato (Foto: Divulgação/Vasco)

Apesar de ser destaque do Vasco, pela artilharia, o atacante foi afastado por descaso e indisciplina. Em São Januário, há tempos, a sua postura incomodava até mesmo outros companheiros, que contestavam o comprometimento em momentos delicados na reta final do campeonato, exemplificado pelos excessos em incursões noturnas em meio a um momento delicado do time. A paciência esgotou depois que o atacante, de 22 anos, chegou atrasado às duas primeiras atividades comandadas por Adílson.

O atacante André marcou 12 gols com a camisa do Vasco em 2013 e chegou a ser visto como uma das prioridades da diretoria para o elenco do próximo ano. Porém, os erros com a razoável frequência na noite carioca em momentos delicados do time viraram o jogo contra o camisa 9.

O início de temporada:

O Vasco começou a temporada 2014 com a tristeza de saber que iria jogar a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Viu vários jogadores saindo e muitos outros chegando. O técnico, Adílson Batista, que assumiu o time com pouquíssimas rodadas do fim da temporada 2013 e não conseguiu evitar a queda, renovou o contrato para continuar no comando da equipe também em 2014.

Mesmo com toda a insegurança dos torcedores, o Vasco conseguiu a terceira colocação no Campeonato Carioca, com 29 pontos. O rival Rubro-Negro foi à final, junto com o Vasco, com a vantagem do empate, pelo melhor aproveitamento no campeonato. No primeiro jogo, o empate em 1 a 1, que garantia o Flamengo como campeão. No segundo jogo da final, o decisivo, o Time da Colina dominou durante todo o primeiro tempo. No segundo, conseguiu um gol de pênalti. Era só administrar, como tinha feito contra os tricolores, na semifinal. Mas aos 45 minutos, o Flamengo consegue um gol, irregular, não anulado pela arbitragem, e que deu a vitória e o 33º campeonato ao Flamengo.

Depois de tamanha decepção, o que restou foi a disputa da Copa do Brasil, da qual o Vasco estreiou com um empate sem gols contra o Resende, na Arena da Amazônia. Jogo que serviu de teste para a Copa do Mundo, já que o estádio será um dos que sediará jogos.

Com todas as dificuldades com relação à montagem do elenco; falta de patrocínio, já que a Nissan, que havia assinado contrato com o clube, rescindiu após a briga entre torcedores na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013; penhoras na justiça; ainda há uma disputa interna muito grande no clube esse ano, que é ano de eleição. Mas o Vasco vai se mostrando forte e conseguindo se reerguer aos poucos.

Quem comanda: Adílson Batista

Ao final do dia 8 de dezembro, com o rebaixamento do Vasco à Série B, acabou o contrato de emergência do técnico Adílson Batista com o clube. Mas, ao contrário do que ocorreu no Fluminense com Dorival Jr., a diretoria vascaína teve a intenção de fazer um novo compromisso com o treinador para 2014.

Aos 45 anos, o treinador tem como principal marca no currículo o vice-campeonato da Copa Libertadores de 2009, com o Cruzeiro, além de passagens por Corinthians, Santos e São Paulo. Em 2013, dirigiu o Figueirense, na Série B, onde não fez grande campanha.

Assumindo o Vasco há poucas rodadas do fim do Campeonato Brasileiro de 2013, Adílson nada pode fazer para evitar o rebaixamento. Já no ano de 2014, o técnico tem feito uma boa campanha à frente do clube, testando as peças para seu time titular perfeito. Acabou encontrando, em um esquema com três atacantes, Edmílson, Reginaldo e Everton Costa. Infelizmente, nem todos os seus jogadores preferidos puderam estar à disposição em todos os jogos.

O treinador, que nunca tinha estado à frente de uma equipe carioca antes, terá a missão de levar o Clube da Colina à glória no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil, já que no Campeonato Carioca, infelizmente, só conseguiu o segundo lugar.

Quem decide: Edmílson

A desconfiança que pairou sobre Edmílson até o fim do ano passado, acabou faz tempo. Ainda não chega a ser um ídolo da torcida, mas pelo menos selou de vez sua sintonia com as arquibancadas, ao ser o herói do triunfo sobre o Fluminense, que ofereceu ao Vasco a classificação para a final do Campeonato Carioca, contra o Flamengo, algo que não ocorria há dez anos. O período coincide com o tempo em que o atacante ficou fora do país e não sabia como seria sua readaptação. Hoje, já são 21 gols em 47 partidas - em várias delas saindo do banco de reservas, em 2013. E de todos os jeitos, com apenas um regra: ser de dentro da área. A versatilidade se alia à regularidade em números que, se olhados a fundo, impressionam.

Nesta competição, o artilheiro Cruzmaltino, chamado de Edmito, balançou a rede cinco vezes com o pé direito, três com o esquerdo e outras três de cabeça - que nunca foi sua especialidade. Edmílson não era centroavante até os últimos anos de Japão, quando, segundo ele, com a experiência dos atalhos no ataque, passou a fazer mais gols. À exceção do jejum de cinco jogos na Taça Guanabara, não passou mais de uma rodada sem deixar sua marca. E conteve o ímpeto de Thalles, que fez quatro e tem a efetivação sempre pedida pela torcida a Adílson Batista.

O jogador confirmou o título de principal goleador do Rio, sendo o terceiro do Vasco no século e se uniu a Valdir (fez 14 gols, em 2004), e ao próprio Alecsandro, rival na corrida pela artilharia, que em 2012 anotou 12 com a camisa Cruzmaltina.

Quem promete: Thalles

A nova aposta da base Cruzmaltin é Thalles Lima, nascido no ano de 1995, na cidade do Rio de Janeiro. Artilheiro do juniores, o jovem iniciou a carreira no Profute de Itaboraí e chegou ao Gigante da Colina aos 11 anos de idade graças ao filho do ex-presidente, Eurico Miranda.

Apesar de ser muito forte fisicamente, o jogador possui qualidade, técnica e velocidade suficiente para cair pelos flancos quando o time necessita. Tal característica oferece ao treinador a possibilidade de armar um esquema que privilegie a movimentação e dificulte a marcação do time adversário.

Ainda jovem, Thalles é um dos destaques do time Cruzmaltino (Foto: Divulgação/Vasco)

Foi devido as boas atuações e aos gols decisivos de Thalles que o Gigante da Colina conseguiu chegar ao título da Taça Belo Horizonte, pelo sub-20. No complicado jogo contra o América-MG, válido pelas quartas de finais, o centroavante fez grande jogada, balançou as redes, calou a Arena Independência e colocou o Cruzmaltino nas semifinais do torneio.

O excelente desempenho na competição nacional levou Thalles ao time profissional logo em seu primeiro ano de júnior. Apesar de ter como concorrentes badalados atacantes, o matador do sub-20 e do atual elenco profissional tem feito de tudo para agarrar a oportunidade que tiver.

O desafio:

A temporada 2014 do futebol brasileiro já começou e agora o Vasco tem dois desafios importantes pela frente. A volta para a Série A do Campeonato Brasileiro e o título da Copa do Brasil. Além dos seis reforços que chegaram ainda neste ano e que se juntaram aos demais jogadores que faziam parte do elenco, o time pode começar a lançar novos jogadores vindo da base, que terão a oportunidade de mostrar que possuem condições de fazer parte da equipe profissional e ajudar na caminhada rumo a Série A. Entre eles destacam-se Danilo, meia que terá apenas seis meses de Vasco, já que foi vendido para o Braga de Portugal e Guilherme Costa, jogador que é tratado como uma das grandes revelações do clube nos últimos anos.

Com a derrota para o Flamengo, com direito a gol irregular do rival nos últimos minutos de jogo, na final do Campeonato Carioca, o clube pode sofrer um desmanche de seus dirigentes, cansados de erros relacionados à arbitragem. Em contrapartida, poderá haver mudanças esse ano para o Cruzmaltino, já que é ano de eleição. Outro ponto positivo é que os jogadores do atual plantel aproveitaram o Campeonato Carioca como um "treino de luxo", para estarem introsados nos dois campeonatos em que o Vasco ainda sobrevive.

Depois de uma decepção, o que resta é levantar a cabeça e reagir para a luta do bicampeonato da Copa do Brasil e da série B do Campeonato Carioca, para subir para a primeira divisão no ano de 2015 e conquistar novamente os torcedores apaixonados pelo clube.

Avaliação VAVEL

Após a vergonhosa campanha feita em 2013, o Vasco tanto fez contratações quanto dispensou boa parte do elenco que não foi bem na temporada passada. Jogadores como Martín Silva e Rodrigo vieram para compor uma posição carente no clube: a defesa, que agora é uma das melhores e objeto de destaque. Além disso, outros jogadores também foram contratados para assumir uma liderança, dentro e fora de campo, que o Vasco ficou carente com a saída do Juninho, como Douglas. Outros puderam ser mais aproveitados, ganhando destaque, como Guinãzu, Luan, Edmílson e Reginaldo.

Tudo isso tem contribuído para o time crescer novamente e fazer uma boa campanha. Aliais, o clube só não foi campeão Carioca por detalhes. Com Adílson Batista no comando e jogadores com vontade de vencer e organizados em campo, o Gigante da Colina tem tudo para ser campeão da série B do Campeonato Brasileiro.