Invencibilidade sempre acalma o ambiente e ameniza as críticas, ainda mais quando a sequência culmina em título e extasia os torcedores após a decepção de um rebaixamento. Tal afirmativa pode ser estampada na camisa do Vasco. Tendo conquistado uma das maiores sequências invictas de sua gloriosa história, o clube viu o declínio se tornar iminente, e algumas questões antigas, não postas em pauta previamente pela ótima sequência que conquistou, emergiram nas últimas semanas, após os resultados ruins aparecerem com maior frequência. 

Há de se combinar que as atuações vascaínas não foram dignas de idolatria durante a conquista do Campeonato Carioca, no primeiro semestre deste ano. Alguns empates sofridos contra equipes menores chegaram a assustar a torcida, que se manteve empolgada com a invencibilidade e não criticou assiduamente a falta de boas atuações da equipe.

Alguns jogadores sempre foram criticados, como Jorge Henrique, Madson, Marcelo Mattos e Thalles. Por mais que o técnico Jorginho defenda a importância tática de alguns desses contestados atletas, os torcedores não têm paciência com os mesmos, chegando a pedir com certo fervor que outros jogadores recebessem oportunidades, ainda enquanto a equipe ainda não conhecia a derrota na temporada.

A importância de Nenê e Andrezinho

No atual elenco vascaíno há uma grande estrela: Nenê. Ídolo da torcida, o jogador resolveu as partidas diversas vezes, tanto utilizando sua boa técnica nas bolas paradas, quanto com lampejos de craque, marcando alguns gols importantes que muitas vezes impediram derrotas e aumentaram a idolatria  do torcedor.

Ainda antes da parada para os Jogos Olímpicos, Nenê passou a demonstrar que não estava em seu auge físico. Os marcadores da Série B são mais brutos do que técnicos, e por mais que aguente as pancadas que sofre durante as partidas, a falta de criatividade da equipe quando a bola não passava por seus pés o fazia ter de se esforçar ainda mais, o que sacrifica o corpo de um atleta que já passou dos trinta anos.

Enquanto recebia tratamento especial para aprimorar sua forma física e voltar ao ritmo no qual esteve no início da temporada, Nenê passou a função de referência da equipe para Andrezinho, outro experiente jogador que vinha exercendo uma função muito mais comprometida com toda a equipe do que arriscando jogadas individuais, tentando resolver a partida.

Mesmo sendo visto como coadjuvante, Andrezinho é, para muitos, o principal jogador do atual elenco vascaíno. Porém, se já parecia difícil ver a equipe rodando com qualidade, sem passar sufoco contra equipes teoricamente mais fracas, ainda enquanto o time não estava desfalcado de seu principal jogador, após acontecer, nem toda experiência do meio campista foi suficiente para manter um ritmo criativo minimamente convincente.

Falta de criatividade e derrota para o Santos

A falta de outros jogadores criativos afetou diretamente o Vasco durante a temporada. Jorginho parece não confiar tanto nos garotos que subiram, e praticamente repete as mesmas substituições todas as partidas, fato qual desperta irritação na torcida cruzmaltina.

Ser dependente das boas atuações de Nenê e de lances esporádicos, quase de sorte, contando com a falta de qualidade defensiva das outras equipes, não deveria ser o porto seguro vascaíno.

A postura da equipe durante os clássicos, desde a última temporada, deveria ser repetida em todas as partidas. A pegada que os jogadores têm quando enfrentam o Flamengo, por exemplo, torna a equipe quase imbatível. O misto de sorte, vontade de vencer o maior rival e a estrela de seus principais jogadores, que sempre brilham mais durante os clássicos, deveriam ser recorrentes durante a temporada.

Para o desespero da torcida, em um dos duelos mais esperados pelos vascaínos nos últimos meses, a equipe foi atropelada pelo Santos, na Vila Belmiro. O placar de 3 a 1 pareceu até injusto para quem assistiu toda a partida. A superioridade dos santistas foi evidente, como em um duelo entre uma grande equipe que jogou para o gasto apenas esperando os gols acontecerem.

Fora esse resultado tão ruim, os cariocas ainda não venceram pela Série B após a parada para os Jogos Olímpicos, e por mais que estejam com certa folga na liderança, tal fato preocupa os torcedores, que começam a relembrar as críticas guardadas no início da temporada por medo de atrapalhar a boa fase, e agora vêem que a evolução da equipe precisava aparecer também durante as vitórias, e que os jogadores que formam a equipe titular atualmente, talvez não dêem conta de uma competição à nível de Série A, como a Copa do Brasil.

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